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Eram duas horas da manhã e tudo que Louis precisava era uma Coca-Cola.

Ele nunca quis parar de fumar. Aquilo o destruía completamente, seu corpo era uma verdadeira ruína interna e a existência dos seus dois pulmões era um mistério, e adivinhe só: ele era apaixonado por aquilo. Amava a sensação calorosa da fumaça transitando pela sua garganta e arranhando todas as suas cordas vocais como se estivesse tocando piano. Ele amava o atendimento rápido nos restaurantes – não porque ele mereça tratamento especial ou algo do tipo, mas quando ele morria de fome e ninguém aparecia para atendê-lo, ele sacava o isqueiro do bolso e logo um garçom gentilmente se posicionava ao seu lado para pedir que apagasse ou se retirasse do local. Ele amava se encostar em qualquer canto da rua, levar um pé até a mesma e tragar lentamente, recebendo inúmeras trocas de olhares desde garotas de doze anos até cinquentonas.

No entanto, era o seu fim. Sua família havia criado um complô contra ele, planejado e executado em partes: Fizzy escondeu os maços enquanto Daisy escondia todo o dinheiro que ele economizava mensalmente para comprá-los. O dinheiro que vivia permanente nos seus bolsos para matar sua sede de um cigarro havia sido substituído por vale-tickets de Cola-Cola da máquina central de Doncaster, e isso era tudo o que ele tinha agora: três malditos vale-tickets das máquinas da Cola-Cola.

Ele não fumava há uma semana e meia e sempre que o vício o sufocava dentro de si mesmo e o obrigava a puxar um cigarro do maço, ele bebia uma lata de Coca. Não chegava perto do que era um cigarro pra ele, não se comparava à satisfação que ele sentia quando a fumaça finalmente invadia seu corpo e o sugava, mas minimamente era algo para ocupar sua garganta.

Let Me Blow Your CokeOnde histórias criam vida. Descubra agora