Capitulo 1

18 1 0
                                    

Ele engatilhou a arma e atirou, na cabeça dela, que caiu morta na porta de entrada de casa, eu não conseguia me mexer, Amélia estava morta.

Acordo em um sobressalto, isso não passa de um pesadelo, nove malditos anos e esse pesadelo não me deixa em paz, parece até um aviso que mais alguma merda vai acontecer.

Me levanto e vou direto para debaixo do chuveiro, hoje começo mais um curso sobre a história da arte em geral e não posso chegar atrasada. Coloco uma regata branca, calça jeans e meus fiéis all stars, deixo meus cabelos soltos mesmo e faço uma maquiagem básica, pego minha mochila e saio de casa.

Chego ao local do curso um pouco mais de meia hora depois, olho ao redor e ainda tinha poucas pessoas no local, fui em direção a sala que estava com a placa “história da arte”, por sorte estava destrancada. Entrei e me sentei mais ao fundo, mas ainda no meio da sala. Coloquei meus fones e aproveitei para responder alguns e-mails de trabalho. Ouço alguém pigarrear na minha frente, tiro meus olhos do celular, retiro meus fones e levanto minha cabeça em direção ao mesmo.

- Oi? – pergunto ao homem a minha frente.

- Você é uma aluna? – pergunta.

- Sim, sou sim, a porta estava destrancada e resolvi esperar aqui dentro, algum problema? Se não puder eu saio – digo já pegando minha mochila.

- Não, imagina problema algum – disse simpático – a proposito sou Owen Baker, professor, origem da música e suas influências – disse me estendendo a mão para cumprimentar.

- Amanda Davis, aluna - digo fazendo graça para descontrair.

Owen é alto, muito alto, perto dele meus meros 1,63 não são nada, tem os olhos castanhos e os cabelos são uma mistura de castanho claro e escuro que da um charme a mais nele.

- O que tanto te prendia a atenção? – pergunta curioso – desculpe se estou sendo invasivo - se repreende.

- Não, imagina só estava trabalhando e ouvindo música – digo.

- Música é? E qual seu estilo preferido? – perguntou se sentando em uma das cadeiras a minha frente.

- Com toda certeza desse mundo rock – digo empolgada.

- Sua banda favorita? – pergunta.

- Cara você não pode me pedir para escolher apenas uma banda – digo – são tantos estilos diferentes dentro de um só que me corta o coração escolher apenas uma banda – digo fingindo tristeza.

- Justo! Então qual a última música que escutou? – refaz a pergunta.

- Fiction, do Avenged Sevenfold, conhece? – pergunto e vejo um lampejo de tristeza em seu olhar.

- Se conheço? Sou mega fã deles – disse empolgado.

- Eu também – digo sorrindo – mas falta alguma coisa, gosto da formação que está agora, mas The Rev era o amor da minha vida – digo abaixando a cabeça.

- Eu também sinto falta dele – disse.

- Sr. Baker? – uma mulher o chamou na porta – podemos conversar? – perguntou.

- Claro! Até mais senhorita Davis – disse já saindo da sala.

Mais alguns minutos se passaram e a sala foi enchendo de pessoas que para mim eram completos estranhos, logo depois o Sr. Baker e a moça que saiu com ele entraram na sala novamente.

- Bom dia alunos! – disse e todos responderam com um sonoro “bom dia” – meu nome é Suzana Mavis, sou coordenadora do curso de História da arte e esse é o professor Owen Baker.

Depois de mais um monte de informação a coordenadora saiu da sala. Owen vai até a sua mesa e se senta sobre ela.

- Está um dia lindo lá fora, não estou a fim de ficar trancado aqui dentro, quem aí está a fim de ir lá no jardim para uma aula ao ar livre? – perguntou, claro que todos concordaram, pegamos nossas coisas e fomos em direção ao jardim. Owen começou sua aula nos explicando sobre os primeiros resquício de musica pelo mundo, conforme a hora ia passando ele se empolgava mais e mais nas historias que estava contando – eu sei que todos aqui somos adultos, mas eu gostaria que vocês fizessem uma redação sobre seu estilo de musica preferido, sem pesquisar na internet apenas falem o que sabem, e me entreguem no final da aula, assim vou poder separar materiais sobre cada assunto e não fica muito maçante nossas aulas – disse por fim. Os alunos foram se dispersando para fazer o que ele pediu, eu me sentei mais ao fundo do jardim para poder me concentrar no que iria escrever. Aquele arbusto se mexeu? Ai meu deus aquele arbusto se mexeu, me aproximei do arbusto e me abaixei.

- AI MEUS DEUS UM PATINHOOOOOOOOOOOO – digo um pouco mais alto do que deveria, reparo que todos estão olhando para mim e Owen se aproxima.

- SANTO PATO É UM FILHOTE – disse também empolgado, todos riram da cena.

Fiquei com o filhote por perto por todo o resto da aula, termino de escrever minha redação e entrego para o professor.

- Rock, me surpreendi – disse fazendo graça.

- Até eu me surpreendi, sei lá estava pensando em escrever sobre pagode, bem brasileiro não? – perguntei rindo.

- Claro, mesmo eu não sendo brasileiro, gosto de aprender sobre os estilos musicais do país que estou – disse.

- Você não é brasileiro? – pergunto em choque e ele nega com a cabeça – Se você não tivesse falado eu não iria desconfiar, quase não tem sotaque, de onde você é? – pergunto.

- Sou dos Estados Unidos, mais precisamente Tustin, California – disse.

- California? Você já foi para Huntington Beach? – pergunto interessada.

- Se já fui? Eu cresci lá – disse fazendo graça e eu fiquei em choque.

- Você já viu algum dos meninos do Avenged por lá? Já conversou com eles? – disparei perguntas.

- Sim e sim, mas isso foi a muito tempo – disse, vi mais uma vez um lampejo de tristeza em seus olhos castanhos.

- Poxa queria ter essa sorte, o máximo que eu consegui foi ver eles em 2013, no Rock In Rio, fiquei esmagada na grade pra conseguir ver eles de perto, chorei horrores naquele show, só de pensar fico triste – digo abaixando a cabeça – foi mal me empolgo falando deles – dou um sorriso de canto.

- Imagina, também fiquei emocionado nesse show, eles são de mais – disse, ficamos conversando por mais um tempo, depois que todos entregaram suas redações ele deu a aula por encerrada, me despedi dele e vou direto para o estúdio.

                     Meses depois

Saindo do estúdio, finalmente depois de horas em edições de fotos e revisando meus últimos trabalhos, só quero um banho e minha cama, meu celular começa a apitar loucamente indicando várias mensagens, o pego dentro da bolsa e vejo que são várias mensagens do Owen.

Okay, isso não é estranho, nesses últimos meses nos tornamos bons amigos.

“Adivinha quem vai vir para o Brasil “

Solto uma gargalhada alta, eu sei bem do que ele está falando, ele se esquece que sou fotografa de bandas e vou trabalhar nesse dia, para a banda de abertura.

“Quem?”

Pergunto me fazendo de besta.

“Você já sabe, não é?”

Mais uma gargalhada, ele me conhece.

“Vou trabalhar nesse show”

“NÃAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAO”

“Banda de abertura”

“Que fodaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
Mas depois disso vamos curtir o show principal, não é?”

“É claro que sim patinho”

“Acho bom mesmo hahahah
Passo na sua casa mais tarde, patinha”

“Okay, eu acabei de sair do estúdio
Já estou indo para lá”

“Nos vemos mais tarde
Bjs”

“Bjs”

Tá não somos só bons amigos, somos melhores amigos, mas fazer o que né ele é bem parecido comigo em vários aspectos, além de ser um ser humano incrível.

                       Dia seguinte

Mais um dia de curso é claro que acordei atrasada, Owen ficou em casa até duas da manhã e eu como sou uma pessoa nada preguiçosa dormi como uma pedra assim que ele saiu.

- Bom dia – digo mal humorada, assim que entro na sala.

- Cruz credo, patinha, que mal humor – diz rindo da minha cara de bosta.

- Por que será, não é? – digo me sentando em uma das carteiras a sua frente.

- Você que inventou de assistir, eu que não iria recusar né – me respondeu rindo.

Não pude dar uma resposta mal criada para ele, por conta que entrou uma turma na sala e logo Owen já começou a aula.

- Pessoal como já sabem, nosso curso tem a duração de pouco mais de seis meses, com isso vou passar um trabalho, como se fosse um Tcc de faculdade, só que mais fácil, vocês devem me entregar na última semana de aula que por coincidência é daqui exatas três semana, desde já saibam que foi uma honra ensinar um pouco do que eu sei para vocês – dito isso, ele se virou e começou a escrever na lousa.

Observo o que Owen está passando na lousa e já prevejo que vou ter um pouco de trabalho para fazer tudo isso e ainda dar conta das minhas sessões de fotos.

- E aí o que vamos fazer hoje? – me pergunta quando estamos saindo da sala.

- Hoje patinho não vamos fazer nada, vou trabalhar lá até mais tarde e provavelmente ainda tem uma sessão de fotos, mas amanhã é sábado a gente pode sair ou vou assistir algum filme em casa, você é quem decide – digo parando em frente a sala dos professores, para que ele possa pegar suas coisas.

- Talvez filme, mas não descarto sair – disse dessa vez paramos perto do meu carro.

- Tá, agora deixa eu trabalhar que eu tenho muita coisa acumulada pra fazer – digo me despedindo dele.

Chego no estúdio e encontro Estela em sua mesa na recepção.

- Boa tarde Estrela, muita coisa aqui hoje? – pergunto parando em frente a sua mesa.

- Boa tarde Manda, hoje tá corrido para um caralho, vários empresários já ligaram atrás de você, todos os recados estão na sua mesa – ela nem olha para mim, continua digitando. Passo por ela e lhe dou um beijo na bochecha, Estela é uma mulher linda, negra e com seu inconfundível cabelo Black Power que eu particularmente amo.

Amo meu trabalho e amo ainda mais o estúdio que trabalho, é tudo bem informal entre nos mesmos, não temos frescura para falar uns com os outros, mas quando estamos atendendo algum cliente ou futuro cliente nosso modo profissional entra em ação.

Mal cheguei perto da minha mesa e já vi o tanto de papeis que Estela deixou ali, bom é hora de trabalhar.

Três semanas mais corridas da minha vida, inúmeros shows de bandas pequenas e inúmeras fotos para editar o trabalho do curso para fazer e além de um melhor amigo que me enche todos os dias, mas dele eu não reclamo.

Mas isso tudo passou, o curso terminou, essa onda de trabalho acumulado foi embora e hoje eu vou curtir com meu melhor amigo o melhor show de nossas vidas.

Fiction Onde histórias criam vida. Descubra agora