[DRAMIONE] Meet Me In The Highlands

I Wish I'd Stayed

— Draco, eu acho que tenho uma ideia para o nosso problema...

Hermione e Draco agora se encontravam deitados na cama próxima a janela, no quarto alugado em Kilchrenan Inn. Aquele havia sido o refúgio dos dois em diversos momentos durante o período da guerra e a época de escola. Lá fora, a chuva caía torrencialmente. Próximo a porta do quarto, suas mochilas estavam jogadas, juntamente com as capas de inverno, luvas e toucas. Hermione vestia apenas uma camiseta confortável e calcinha, enquanto segurava sua caneca da Sonserina com as duas mãos, bebericando o chocolate quente com cuidado para não queimar a língua. Seus cabelos mais revoltos que nunca. Draco não conseguia parar de pensar no quanto ela era realmente adorável.

— Essa é uma memória sua sobre mim — ela continuou. — Sobre os dias em que a gente passou escondidos nas Terras Altas... Os psiquibruxos com certeza mapearam essa memória e estão vindo nessa direção em breve, então... e se você me levar para algum outro lugar? Algum lugar em que eu nunca estive? E nós nos escondermos por lá até o amanhecer!?

Parando para refletir sobre aquilo por alguns segundos, Draco percebeu que não era uma má ideia! Não mesmo. Ele se aproximou dela e enterrou o rosto em seus cabelos, sentindo seu cheiro. Era tão difícil raciocinar com ela por perto, vestindo tão pouco, cheirando tão bem...

— Hermione... — Ele suspirou, fechando os olhos com força. — O problema é que eu não consigo pensar em nada que não tenha você...

— Humpf — Hermione resmungou, com pouca paciência. — Isso é realmente muito fofo da sua parte, Draco. Mas você precisa tentar, de verdade.

Concentrando-se em algo anterior ao momento em que conhecera Granger, Draco os levou até uma das poucas memórias de sua infância. A voz de sua mãe recitava O Coração Peludo do Mago pausadamente, com toda a paciência do mundo, enquanto Draco observava a chuva cair pela janela de seu quarto de brinquedos na Mansão Malfoy. Ele fora uma criança solitária em um mundo de adultos que não estavam preparados para recebê-lo, mas sua mãe o amava infinitamente e fizera o possível para se adaptar, para tornar aquele pedaço de sua vida o mais agradável possível para o filho. Ela sabia que a Mansão era um ambiente hostil para se criar um filho único. O único herdeiro. Mas ela conseguia imaginar o quão solitário seria o mundo de Draco.

— Draco, meu amor — Narcisa disse carinhosamente — você quer brincar um pouco lá fora? Ainda temos algumas horas até seu pai voltar do trabalho.

Os olhos cinzentos do garoto se iluminaram de felicidade e um sorriso raro se acendeu em seu rosto e ele não pensou duas vezes antes de sair correndo pela porta, em direção aos jardins da casa.

Ele se lembrava bem daquele dia. A primeira vez em que sua mãe o permitira brincar na chuva. A chuva parecia mágica, aos olhos do Draco de cinco anos. Será que quando crescesse ele faria algo tão fantástico quanto a chuva, usando sua magia? Ele esperava que sim.

Draco saltava sobre as poças de lama quando escutou Hermione gritar por ele. Ah, sim! Esse era o motivo pelo qual eles estavam ali, não é mesmo? Hermione. A voz da garota o despertou do transe da infância em que estava mergulhado e o trouxe de volta para a consciência adulta. Ele a encontrou parada em frente a porta dos Malfoy, vestida com a roupa antiquada da antiga professora da família, Madame Dubois. Ela sorriu docemente para Draco.

— Acho que você é a professora da família, Hermione. — Ele deu uma gargalhada. — Não posso negar, embora o papel combine com você, a Madame Dubois não era nem de perto tão agradável aos olhos.

— Sejamos sinceros aqui: Se eu — Hermione frisou, apontando para o próprio peito — tivesse sido sua tutora alguma vez na vida, Malfoy, nós certamente teríamos tido menos problemas na escola.