Capítulo 4

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Tell me if there is a way
(Me diga se existe uma maneira)
To fall out of love with you
(de parar de amar você)
Cause all I do, I do all day
(Porque tudo que eu faço, o dia todo)
Is missin' my time with you
(É sentir falta de nosso tempo juntos)

Tell me what I should do
(Me diga o que devo fazer)
I'm on my knees, I pray
(Estou de joelhos, rezando)
That I will be okay
(Para que eu fique bem)
You're just a memory to me
(Você é apenas uma memória para mim)
But still all I do, all day, is livin' a lie...
(Mas tudo que faço, o dia todo, é viver uma mentira)

Não posso dizer que me lembro com clareza do que aconteceu no resto da festa. Depois que deixei meu novo violão em um dos quartos do navio, fui beber com Aspen, Emy e Hazel. No início, estava relutante em encher a cara completamente, mas quando vi Hardin voltar para a festa pelo mesmo lugar que Syd passou apenas alguns minutos antes, com o cabelo mais bagunçado que o normal e com mais dois botões da camisa abertos, minha hesitação foi para a casa do caralho. Quero dizer, apenas fazemos dezesseis anos uma vez, certo?

A última coisa que consigo lembrar com precisão é cantar All I do, do Yuna, no palco, depois que Nico praticamente me arrastou, anunciando no microfone que eu estaria cantando. Depois disso, apenas flashes de shots de bebida, a sensação de corpos contra o meu na pista de dança, a irritação da minha garganta pela cantoria exagerada.

Então estou acordando no quarto do navio, a luz que entrava pela janela me cegando por alguns segundos, fazendo com que eu tenha que piscar repetidamente para expulsar o desconforto dos raios de sol. Emy dormia pacificamente ao meu lado, seu cabelo uma bagunça de cachos no travesseiro, o peito descendo e subindo em uma respiração calma. Noto que ela usava apenas um pé de seu sapato, enquanto o outro estava perdido no meio do quarto.

Hazel, por outro lado, estava acordada, sentada em uma cadeira no quarto, observando algo em seu telefone. A bebedeira da noite passada não parece ter lhe afetado, e eu a amaldiçôo silenciosamente por sua sorte ao sentir a leve pancada na cabeça, sinal da ressaca que eu estaria enfrentando pelo resto do dia.

Eu estava certa, claro. A aspirina que tomo faz pouco para ajudar a dor que se agarra à minha cabeça. Emy, quando acorda, parece estar na mesma situação, e nós nem mesmo conseguimos focar por tempo o suficiente para questionar onde diabos Aspen estava. Apenas nos arrumamos, tomamos um café na máquina do quarto e saímos.

As pessoas estavam pegando Jeeps no cais que descemos, para nos levar para a escola. Nós três entramos na fila para seguir, e apenas quando sentamos no carro Aspen aparece.

"Desculpa! Cheguei, cheguei." Ela diz, entrando no carro apenas segundos antes de partirmos. O motorista - um dos funcionários da escola - acelera em direção ao castelo que ainda não podíamos ver.

"Onde estava?" Questiono, e meu interesse aumenta quando vejo Aspen corar levemente. As outras meninas devem perceber a mesma coisa, porque todas nós agora estamos focadas na loira, que suspira.

"Por favor me diz que não estava com Luka." Emy resmunga, e Asp morde o lábio para reprimir o leve sorrisinho que eu vejo puxar o canto de seus lábios. Sinto um pouco de diversão surgir, apesar do quão mal eu realmente me sentia. Pelo menos uma de nós deve conseguir um pouco de relacionamento saudável.

"Não é nada sério..." Aspen murmura, e Emira arregala os olhos antes de dar um leve tapa em sua amiga. Apesar da ação, posso ver que está divertida.

"Vagabunda!" Emy amaldiçoa, fazendo com que eu e Hazel soltemos risadas. Aspen apenas rola os olhos.

"Relaxa. Não vamos começar a namorar nem nada do tipo." Diz. Eu e Haze trocamos um olhar, e sei que ela acredita nisso tanto quanto eu - o que quer dizer que nós duas sabemos que os dois estariam em um relacionamento logo logo.

Me inclino para perto de Hazel, que estava ao meu lado, e sussurro baixinho, de modo que apenas ela consiga escutar.

"Aposto cem reais que eles começam a namorar em menos de seis meses."

Ela sorri. "Aposto duzentos que começam em menos de quatro."

"Feito." Murmuro. Nós nos entretemos pelo resto da viagem com a leve discussão entre Emira e Aspen, que tentavam decidir se transar com Luka era ou não uma boa ideia. Tenho quase certeza que elas fazem uma lista de prós e contras, mas eu paro de prestar atenção depois de alguns minutos.

Nós seguimos os outros Jeeps, chegando na escola em menos de uma hora. Encontro minhas malas já no meu quarto, assim como Ônix e Saphira, que tinham vindo com Aiden. Os dois se aproximam de mim quando entram, e o buraco em meu peito diminui um pouco quando faço carinho no pelo dos dois.

Meus lobos eram outra coisa que tinham começado a me preocupar durante o verão. Os dois estavam mais velhos, quase completando nove anos - considerando que a expectativa de vida de um lobo comum era cerca de seis à oito anos. Como Ônix e Saphira foram modificados em laboratório e criados com cuidado, o veterinário diz que eles ainda devem ter um ou dois pares de anos.

O desespero que começa a crescer no meu peito com o pensamento de perder os meus lobos é interrompido com o barulho do meu telefone apitando com uma notificação. Vejo uma mensagem do blog da escola, e entro no aplicativo pela primeira vez desde o final do último ano letivo - é impossível entrar no blog fora da escola.

Olá alunos de Lockwood High. Bem vindos de volta. Novo ano, novas fofocas e dramas. Espero que estejam preparados, porque depois da loucura que foi o ano passado, duvido que esse seja calmo. Não podemos esquecer que ainda temos um assassino entre nós, certo?
Falando de assassinatos, espero que todos estejam cientes do buraco que nosso antigo Joker, Axel Sinclair, deixou na elite ao morrer. Mas vou trazer uma notícia de primeira mão... Asya Taylor, prima de um de nossos Aces, irá substituí-lo. Teremos nossa primeira Joker mulher em vinte anos.
É isso por enquanto. Tenham um bom ano, porque eu com certeza vou ter. Beijinhos e tentem não morrer ;))

Sinto um arrepio na coluna ao ler sobre os assassinatos do ano passado e pensar no que esse ano traria. Apesar de tratar o assunto de uma forma totalmente insensível, o blog não estava errado. Ainda havia um assassino entre nós, e - por algum motivo que eu não consigo descobrir - eu sou um de seus brinquedos favoritos, considerando o número de bilhetes anônimos que recebi ano passado.

A única outra pessoa que sabia de tais bilhetes é Heath, um de meus amigos. Apesar de não sermos tão próximos como eu, Aspen, Emy e Hazel, nossa amizade era diferente. Ele me ajudou com treinos noturnos durante a maior parte do ano anterior, e estava lá quando achei que Hardin estava morto. Foi quem me fez acordar e retornar à civilização.

Olho para a pequena caixa na mesinha ao lado da minha cama, onde estavam todos os bilhetes que encontrei ano passado. Meus olhos, porém, acabam sendo atraídos por outra caixinha, uma menor, onde se encontravam diversos post-its que Hardin deixou em meu travesseiro.

Sinto uma leve pontada no peito ao me aproximar e segurar a caixinha. Abro e pego o primeiro post-it ao mesmo tempo em que caminho lentamente até a lareira. Leito alguns dos bons dias, com outras frases aleatórias, como Gostei do seu pijama ou Não sei como você consegue beber café puro.

Acendo a lareira hesito apenas por um instante antes de começar a queimar os papéis coloridos. Paro ao encontrar um que dizia Seu sorriso é a coisa mais linda que já vi em toda a minha vida. Mordo o lábio, mas não consigo queimar esse. Jogo os outros no fogo e deixo o único papel restante na caixinha.

Quando coloco novamente na escrivaninha, apenas um pensamento estava em minha mente.

Vai se foder, Hardin Taylor.

Love me, baby - Lockwood High ano 2Onde histórias criam vida. Descubra agora