Único: de grão em grão

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Jeongguk passou novamente o pano alaranjado sobre o balcão. Se sentou no banquinho de madeira atrás do caixa e pegou sua água. Aproveitando o pouco movimento do horário, descansou um pouco. Um jazz lounge ecoava por toda a cafeteria. O moreno se pôs em pé, indo à uma sala nos fundos, pegando o regador e enchendo com água da cozinha. Voltou para a parte principal, regando as plantas que estavam espalhadas pelo salão. Subiu em sua escadinha de dois degraus para regar a samambaia perto do caixa, e enquanto descia, ouviu o sino da porta tocar, indicando que um cliente havia chego.

Virou-se para enxergar e sorriu ao ver o moreno ir para o balcão. Sem que percebesse, deu uma corridinha sem tirar muito os pés do chão, indo guardar o regador antes de voltar ao balcão.

— Bom dia, senhor Kim. Como está? — apoiou-se no balcão, sustentando sua cabeça com a mão direita.

— Estou ótimo, Jeongguk. E você? — o homem respondeu, retirando seus óculos e os guardando na caixinha.

— Estou bem. O que posso fazer pelo senhor hoje? — perguntou, já pegando seu bloco de notas.

— Já disse que não precisamos dessas formalidades, querido. Passamos dessa fase.

— Ainda sim, é meu ambiente de trabalho. Você sabe que prefiro manter assim.

— Sim, sim. Eu conheço você. Enfim, para hoje quero apenas um café preto.

— Adoçado?

— Claro. Com três cubos de açúcar, por favor.

— Já está saindo, senhor — sorriu, mostrando seus dentes de coelho.

Se afastou do balcão, indo para a máquina de café. Muitos clientes pediam café preto, então ele sempre deixava preparado. Colocou na xícara o café e então os cubos de açúcar. Pegou uma colherzinha e posicionou no pires, ao lado da xícara. Se virou, levando para o homem.

— Obrigado, meu mel — agradeceu, bebendo um gole após misturar.

— Não é nada, Taehyung-ssi.

Jeongguk conheceu Taehyung ali mesmo, há um ano, naquele balcão de sua cafeteria, quando o mais velho pediu-lhe um café preto com três cubos de açúcar, como sempre fazia. Não esperava que fossem se dar tão bem, principalmente pela diferença das idades: Jeongguk tendo 26 anos, e o Kim tendo 35 anos. Mas a união foi incrível. Os dois se entendiam como ninguém, apenas com olhares trocados. E isso bastou para que eles quisessem se aproximar cada vez mais.

Foram se conhecendo lentamente. Indo a restaurantes, saindo para dançar ou só andando por aí. Eles sempre se programavam para passar um tempo juntos fora da cafeteria. E num desses passeios, deram o primeiro beijo.

Era um domingo, por volta das 23h, e eles estavam voltando do passeio que haviam combinado do nada, apenas por estarem entediados — e até com um pouco de saudade. Uma garoa caía na cidade, beijando as bochechas dos homens junto à ventania. Taehyung carregava a garrafinha térmica com café preto puro de Jeongguk, que eles haviam dividido durante o passeio, enquanto o outro caminhava, dançando disfarçadamente a música que tocava num dos clubes do centro.

Mas Jeongguk tropeçou, e Taehyung precisou correr para o segurar pela cintura e trazer junto ao seu corpo coberto por um sobretudo cinza escuro. O mais novo apoiou as mãos nos ombros do Kim, arregalando os olhos pelo susto. Um agradecimento saiu sussurrado por seus lábios, mas eles não se soltaram. Eram como imãs, sentindo-se juntar ainda mais. Taehyung o empurrou para um poste de luz, apertando sua cintura ao enfiar a língua em sua boca.

Era como se o mundo sépia se explodisse em cores ao que as bocas eram exploradas.

Jeongguk passou seus braços envolta do pescoço do mais velho e o puxou ainda mais para si, aprofundando o beijo. Seu casaco era puxado agressivamente e sentia que acabaria com marcas na cintura, mas nada disso importava. Respiraram por três segundos antes de voltar ainda mais intensamente. Os narizes se esbarravam e o barulho da saliva era alto, mas eles não percebiam. O beijo tinha um tremendo gosto de café, e isso os fez se apaixonarem ainda mais pelo sabor do outro.

Café, Três Cubos de Açúcar e Mel | kth + jjkOnde histórias criam vida. Descubra agora