Para de me xingar que eu tenho nome

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Era sexta feira.

O que significava que as aulas terminavam mais cedo e as alunas do internado teriam passes livres para saírem durante o fim de semana.

E que era dia de Kuroo pular a janela do quarto, e passar a noite com Bokuto.

— Como estão minhas vadias hoje? — anuncia Kuroo ao chegar no quarto, jogando sua mochila com o saco de dormir no chão.

Akaashi, do seu lugar na cama, franziu a testa e fez careta ao ver Bokuto correr até a amiga, pulando ao abraça-la. Por cima dos ombros de Bokuto, Kuroo olhou para si, balançando as sobrancelhas ao sorrir.

— Oi pra você também, gatinha.

Akaashi revirou os olhos, voltando a mexer em seu celular. Mandando uma mensagem quase automático para o grupo com Sugawara e Oikawa.

"Kuroo-san-mais-chata-que-menstruação acabou de chegar."

Oikawa: A Tetsu-san já chegou? Marcamos de sair amanhã. Manda ela vir até meu quarto!

"Aviso quando ela parar de apalpar os peitos da Bokuto-san."

Oikawa: Ela tá com ciúmes ela.

— Akaashi! Sai desse celular, a gente vai ver um filme!

Akaashi ergueu os olhos a tempo de ver Bokuto puxando sua escrivaninha para o meio do quarto, de frente para a beliche, onde elas colocariam o notebook para mais uma noite de filmes.

Kuroo retirou um pen-drive da hello kitty do bolso da jaqueta, pulando na cama de Akaashi.

— Fiz a Kenma baixar As branquelas pra gente — disse ela, balançando o pen-drive da gatinha. Bokuto assobiou.

— Abençoada seja, Kenma.

— Eu tô indo dormir na Sugawara — Akaashi suspirou, levantando. Mas antes mesmo de seus pés tocarem o chão, Bokuto e Kuroo empurraram seus ombros, a fazendo voltar para cama.

— Ah, mas não vai mesmo — Kuroo ri.

— Você sabe que sexta-feira é nossa noite! Festa do pijama! — exclama Bokuto.

— Não, sexta-feira é a noite de vocês. — Akaashi respondeu, balançando a cabeça. A última coisa que ela queria era ter que lidar com as provocações da Kuroo e ter que vê-la toda íntima de Bokuto. Levantou-se.

— Tô saindo.

— Akaashi!

Ouviu o choramingar de Bokuto pedindo que voltasse, mas já havia fechado a porta. Caminhou por entre os corredores, descendo as escadas até o dormitório de baixo. Ao bater na porta de Sugawara, sua colega de quarto foi quem abriu a porta.

— Ela foi passar o fim de semana com a Daichi — diz Azumane. Akaashi suspirou, lembrando que a namorada da amiga já havia retornado. Isso explicava o porquê dela não ter aparecido no grupo para se juntar a Oikawa ao provocá-la.

Akaashi se despediu de Azumane, voltando a caminhar. Ela tinha outras duas opções: Passar o fim de semana em casa ou pedir abrigo no quarto de Oikawa.

As duas opções eram problemáticas, mesmo assim, era melhor do que voltar para seu quarto.

Seguiu para o quarto de Oikawa.

— A Kou-chan me falou que não era pra deixar você entrar — Oikawa disse ao vê-la.

— Deixa ela entrar, idiota — Iwaizumi, empurrando a outra para o lado, abriu mais a porta para que Akaashi pudesse entrar. — Acabamos de pedir pizza. — Ela sorriu.

— Você sempre foi a minha favorita — choraminga Akaashi.

— Licença? — Oikawa fingiu mágoa.

As duas voltaram para sua janta no chão do quarto, Akaashi se juntou a elas. Comia em silêncio enquanto observava Oikawa e Iwaizumi, nos seus detalhes.

Por ser um casal que estão juntos há muito tempo, imaginasse que a fase do love tenha chegado ao fim. Mas Akaashi sabia que aquilo nunca aconteceria com aquelas duas. O amor sempre se renova, cresceu ouvindo aquela cantiga clichê, e suas amigas eram prova disso.

Apesar das brigas, dos xingamentos de estimação e todo o mal humor, sabia como aquilo fazia parte do relacionamento. Fazer as pazes depois de uma briga era reconfortante, os xingamentos eram como apelidos carinhosos só delas. E não havia mal humor que resistisse a beijinhos surpresas na bochecha.

Akaashi parou de mastigar sua comida, sentindo os olhos molhados.

Ela queria aquilo.

Queria viver um romance, a experiência de um relacionamento.

E queria tudo aquilo com Bokuto.

— O que eu deveria fazer? — resmungou, para si mesma.

— Quer passar a noite aqui? Pode usar a minha cama — diz Oikawa.

— E você vai dormir no chão? — Iwaizumi comentou.

— Claro que não, vou dormir com meu mozinho.

— Nos seus sonhos, imbecil. Você baba, vai sujar meu travesseiro, sua imunda.

— Para de me xingar que eu tenho nome!

Akaashi riu, vendo como aquilo terminaria, ela se levantou. E sem que elas percebessem; Saiu do quarto.

Encontrando com Bokuto no corredor.

— Te encontrei — arfou, a mão sobre o peito, sentindo os batimentos descontrolados — Fui até a Suga porque sei que ela sempre é sua primeira opção de fuga, mas ela não tava lá e acho que a Asahi agora tá com raiva de mim porque estraguei o momento dela com a Noya, e então saí correndo porque aquela anã queria me bater, e você sabe como o tapa dela dói e—

— Respira, Bokuto-san.

Bokuto puxou o ar com força, soltando de seus pulmões.

Não tem graça sem você — disse ela. O coração de Akaashi pulou uma batida errada. — Kuroo prometeu que ficaria quieta, então vamos voltar, sim?

Bokuto estendeu a mão, e Akaashi apegou quase automaticamente. Como se seu corpo já soubesse o que deveria fazer. Ela se deixou ser guiada por Bokuto de volta para o quarto.

Onde precisou ouvir as piadas provocadoras de Kuroo e assistir filmes de comédia com piadas pobres. Mas Akaashi não estava nem aí, ela não se importava mais. Porque Bokuto a queria ali.

Não tem graça sem vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora