✭Na escola ✭

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Narrado por: Camila

E logo nos primeiros dias da semana, minha mãe foi a escola com nossas transferências, para fazer nossa matricula. Ela não queria que nós perdêssemos o ano, pois apesar de toda dificuldade minha mãe sempre insistiu para que os filhos estudassem.

Começamos a estudar no dia seguinte, eu e a Jade minha irmã. Ela é dois anos mais nova que eu, porém ela já estava cursando a mesma série, já que eu havia sido reprovada duas vezes, e Jade era visivelmente mais inteligente do que eu, e por isso eu a admirava muito.
Ela sempre foi muito forte emocionalmente falando, e sempre conseguia se impor em qualquer situação e não abaixava a cabeça para ninguém, coisa que para mim era muito difícil e praticamente impossível de eu fazer.

Como a Jade tinha a personalidade forte, ela muitas vezes era a minha salvação, e estávamos sempre juntas, no recreio, na hora da entrada da saída, e principalmente na hora de fazer os trabalhos em grupo, pois graças a Deus ela estava na mesma sala que eu, e se não fosse ela eu estaria ainda mais perdida.

Eu ao contrário da minha irmã, era mais retraída e tinha uma auto estima que não passava do chão, sempre que me olhava no espelho não gostava da minha própria imagem que era refletida ali em frente ao espelho.
Acho que é uma característica de todo adolescente se auto sabotar, tornando a própria vida ainda mais difícil.

Eu era a típica protagonista de um livro tipo de comédia romântica já que eu vivia no mundo da imaginação, o que para mim era até irônico, já que esse também era o meu gênero de livro preferido, pois faziam eu me perder na imaginação da minha própria história onde tudo era possível.

Certa vez eu li em um livro, o qual relatava que os escritores são pessoas inconformadas com a própria realidade, e em função disso elas criam um universo paralelo ao que elas vivem, só para ter um lugar pra fugir quando a vida bate forte e o pior é que ela sempre bate com muita força, as tristezas da vida real chega.

Se é mito ou verdade talvez eu nunca venha a saber, mas que a leitura abre um universo incrível na nossa mente isso é fato, pois já visitei vários lugares incríveis, tipo Veneza, Paris e Roma.
Mas vamos voltar pra realidade, que a Dona Laura nos espera. (PROFESSORA)

O primeiro dia de aula sempre é o mais complicado o pior da vida toda, é horrível a maneira como te olham dos pés a cabeça como se você fosse um ser do outro mundo, como quem dizem: "nossa quem são essas garotas esquisitas e de onde saíram?" É mais que compreensível, ficar sem graça e desconcertada diante daquela turma, e essa é a única certeza mais absoluta de todas as certezas que tenho na vida, vida de adolescente não é fácil.

Que constrangimento ter que encarar a sala cheia, os risinhos e as piadinhas sem graça de uns garotos babacas mais sem graça do que as próprias piadinhas que eles contam.

Entramos na sala e logo fomos sentar no fundão, na tentativa de passar despercebidas, como se isso de algum jeito fosse possível. Era óbvio e estava na cara que era impossível enfrentar aquele dia sem ser notada, passar despercebidas era um sonho nada mais que isso.

os garotos populares e as garotas igualmente popular, estudavam todos nesse colégio no André Tavares, e não davam a mínima pra mim e minha irmã.

E nós igualmente não estávamos nem ai pra eles, porque nós éramos dessas.

O colégio era pequeno, como Petras era um distrito de Palmares, não tinha grande luxo, era composto por duas salas, não tinha muros, no hora do recreio podíamos ir pra pracinha ou ficar na calçada da igreja.

O lugar era gostoso de morar, o que estragava era a arrogância da maior parte da população local, tirando disso era um lugar muito bom.

A professora Dona Laura já era uma senhora de meia idade, era solteira e não tinha filhos, estava acima do peso, era rígida, mal humorada e não tinha sequer conseguido se tornar uma pessoa independente, pois apesar de trabalhar ainda morava na casa de sua mãe, juntamente com seu irmão mais velho que também não tinha  casado e nem constituído uma família própria, e a sua mãe era uma "dola".
Dola são mulheres que ajudam outras mulheres a terem seus filhos em casa, de forma natural.

Perder-se no outro é fácil.Onde histórias criam vida. Descubra agora