Meu querido Hyungwonie,
Oi, Wonnie, sei que esse não é o melhor jeito de começar a escrever uma carta, e pra ser bem sincero, eu não sou bom com palavras, mas queria escrever para você, e queria que pudesse ler isso também.
Hoje fui pra academia com o Hyunwoo e o Changkyun depois da faculdade, mas eu não diria que rendeu muito, pois minha cabeça não parava no lugar, era difícil me concentrar sem lembrar de você ali, rindo e animando o ambiente da academia, me arrancando os mais bobos sorrisos quando tentava levantar os pesos mas sequer conseguia os tirar do chão, ou quando me incentivava a treinar e dar o meu melhor daquele jeitinho tão caloroso e especial que sabia fazer, tudo parecia vazio e extremamente frio, frio como dezembro.
Quando saímos de lá, iríamos deixar o Kyunie em casa, então aproveitamos para comer na casa de ramen que fica em frente a praça onde nos conhecemos, eu não pude evitar sorrir bobo quando lembrei.
Eu ainda me lembro, de cada mísero detalhe. Eu, o Woo e o Min éramos vizinhos, vivíamos brincando juntos, e num dia de sol, você, um pequeno garotinho da rua de baixo, pediu para brincar de bola conosco. Você tinha só 5 anos, era uma criança extremamente sorridente e fico surpreso que não tenha ficado chateado quando dissemos que você era pequeno de mais para brincar conosco, ironicamente, nós já nos considerávamos grandes de mais para fazer certas coisas, mesmo tendo só 7 anos.
As vezes me pego pensando, também, e não consigo entender o como nos tornamos melhores amigos, o como você foi tão bom a ponto de aceitar uma amizade com a pessoa que mais pegava no seu pé na infância, de todas as formas possíveis, lembro-me de te chamar de bebê chorão quando seu balão de tartaruguinha voou para longe no aniversário do Kihyun, de te negar em todas as brincadeiras, e de te chamar de baixinho — E eu paguei com a língua, pois você cresceu até passar dos 1,80m e eu parei com 1,77m. — Mas, se quiser que eu seja sincero, eu não me arrependo de ter pego em seu pé momento algum, e muito menos de ter sido seu amigo, pois assim eu não seria sido capaz de conhecer o suficiente e me apaixonar perdidamente por cada detalhezinho seu, Chae Hyungwon, mas sinto que não soube apreciar o tempo corretamente, eu deveria ter aproveitado mais cada fração de segundo ao seu lado. Sinto sua falta.
Lembro-me perfeitamente, também, de seus toques aveludados, a voz melodiosa, a risada gostosa que alegrava meus dias, os lábios macios contra os meus, o cheirinho do amaciante que exalava de suas vestes, e da sua respiração calma e quente contra minha nuca quando dormíamos de conchinha.
Ah, meu amor, não faz idéia do quanto gostaria e daria de tudo apenas para vê-lo sorrir novamente.Hoje faz uma semana que você se foi, e ainda não me conformo de como deixei você, minha alma gêmea, escapar entre meus dedos como grãos de areia.
Alma gêmea... Lembro-me daquele dia, no campo de girassóis do sítio dos pais do Changkyun, onde nos sentamos entre as flores, e do nosso diálogo, que eu não esperava ser um dos últimos.
"Hyungwon franziu a testa ao que viu todos os amigos já bêbados, fazendo maluquices enquanto ouviam o som alto da rádio e se divertiam na piscina, felicidade era o oposto do que sentia naquele momento.
Chegou mansinho por trás do namorado, abraçando a cintura fina do Lee cuidadosamente, deixando um carinho singelo ali, acompanhando de um pequeno selo na bochecha macia, sussurrando
— Tenho que te levar a um lugar, meu amor.— Pegando-lhe a mão suavemente, o guiando para o fundo da casa de veraneio, onde ficava um vasto campo de girassóis.
Sentou-se ali com o amado, recostando sua cabeça sob o ombro alheio, quieto, mas apreciando aquele momento, e as carícias que Hoseok deixava em suas costas, estas que evoluíram para alguns selinhos e beijos apaixonados, que logo foram cortados por um Chae pensativo.
— Hyung... Você acredita em almas gêmeas?— Seu olhar parecia entristecido e distante enquanto falava, e Hoseok, confuso.
— Claro que sim, Wonnie, porque eu não acreditaria?— Respondeu com um sorriso, segurando e dando um pequeno carinho na mão alheia.
— Almas gêmeas são amantes que não conseguiram viver seu amor na vida passada, e se reencontram em várias vidas para viver esse amor um pouco mais... Acha que vamos nos reencontrar e seremos almas gêmeas numa próxima vida?— Sua voz parecia mais baixa a cada palavra proferida, e seus ombros pareciam encolhidos, mas o Lee continuava a sorrir para ele, tentando passar confiança e conforto, ainda que estivesse confuso sobre o assunto.
— E porque não podemos ser nessa, meu amor?— Perguntou baixinho e com o rosto próximo ao do Chae, as respirações estavam misturadas, e roubou-lhe um selinho antes de colocar uma madeixa dos cabelos consideravelmente longos atrás da orelha dele, sorrindo em seguida. Aquele sorriso pareceu destruir ainda mais Hyungwon por dentro.
— Só... Diz que vamos, promete que vai me encontrar se puder!— Ele segurava o choro.— Eu imploro, Hoseok...
— Tudo bem... Eu prometo, meu amor, onde quer que esteja, ou quando, eu irei te encontrar de novo, eu prometo...— Sorriu apaixonado e o beijou mais uma vez.O que Hoseok não sabia, era que Hyungwon tinha uma doença em estágio terminal, e provavelmente não passaria daquela semana, por dentro, o Chae sentia que era irônico estar ali, no meio de girassóis, flores da felicidade, vitalidade, e boas energias, quando tudo o que queria era apagar toda aquela dor e poder ficar um pouco mais."
Quando eu soube da sua doença, já era tarde de mais, seus pais me ligaram, chorando, pedindo que eu fosse vê-lo no hospital, e assim que me perguntou "Não está bravo?", tudo o que eu fiz foi acenar com a cabeça que não, segurando o choro, mas queria que soubesse que eu sou incapaz de ficar bravo com você, o homem mais bondoso e amoroso que a Terra já abrigou, e eu amo muito mais do que Apolo amou Jacinto. Hyungwon, eu sei que você não queria me chatear e não contou isso antes, mas eu me sinto mal por não poder te proteger disso.
Nosso último beijo, fora o mais memorável, mesmo que não o mais romântico, despedidas nunca são fáceis de esquecer. Eu ainda consigo sentir o gosto de nossas lágrimas se misturando no beijo, os sussurros e abraços, que exalavam amor e carinho, e um amor que não queria ir embora, mesmo que estivesse perto de acabar, pelo menos para esta vida, mas eu prometo, meu amor, que eu vou te achar e te amar ainda mais na próxima vida.
E agora estou aqui, terminando esta carta, depois de passar na floricultura dos pais de Jooheon para comprar girassóis, pois espero que esteja feliz onde quer que esteja.
Por favor, meu amor, se puder me ver, e ler isso, eu só peço que volte para mim, para eu poder te amar tanto quanto o amei nesta vida. É exaustivo olhar para todas aquelas estrelas, e não saber qual delas você é, apesar de na minha galáxia, você ser meu Sol.
Ah, e antes que eu termine esta carta e me esqueça, Hyunwoo e Minhyuk vão se casar no início do ano que vem, queria que pudesse ir comigo e apreciar esse momento já que sou o padrinho do Woo, porém estou mais do que feliz por eles mesmo assim, amor! Me pergunto o quão feliz ficaria se estivesse aqui para ver, se você daria um dos seus sorrisões brilhantes de sempre... Mas tenho certeza que deve estar feliz daí!
Inclusive... Uma estrela cadente acabou de passar por mim, e me pergunto mais uma vez, seria você dando-me um sinal? Eu espero que sim!
Meu amor, eu devo terminar esta carta agora, mas queria que soubesse o quanto eu o amo, e sinto sua falta, minha alma gêmea, meu Sol. Eu quero poder amá-lo e fazê-lo feliz em todas as vidas que puder, só me dê tempo, e não nasça de novo sem esperar por mim, hein?!
Eu te amo muito, Hyungwon, obrigado por tudo, de coração!
Com amor,
Hoseok ♡
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Com amor, Hoseok • Hyungwonho
FanficOnde Hoseok escreve cartas para seu amado, Hyungwon, todos os dias, mesmo sabendo que ele nunca as lerá. oneshot | sad!fic