Seungmin não fazia ideia.

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Jisung gostava de ver como os dedos de Seungmin pareciam tão ágeis e leves quando tocavam as teclas daquele piano personalizado com vários adesivos de desenhos animados que o Kim amava

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Jisung gostava de ver como os dedos de Seungmin pareciam tão ágeis e leves quando tocavam as teclas daquele piano personalizado com vários adesivos de desenhos animados que o Kim amava. Jisung também gostava quando Seungmin cantava em um tom mais alto, sendo possível a voz entrar pela sua janela e encantar-se com a sua doçura. Jisung gostava de quando Seungmin fechava os olhos e apenas sentia a música o invadir. Jisung gostava de como o Kim arrumava desajeitadamente os óculos redondos quando estes deslizavam pelo seu nariz. Jisung também era apaixonado pela forma que o Kim sorria quando a música acabava, satisfeito pelo seu trabalho.

Ele observava tudo pela janela da sua casa. E Seungmin não fazia idéia.

Era em uma tarde depois de mais uma aula chata que Jisung vinha chutando pedrinhas na calçada, voltando do curso que fazia. Não havia sido um dia muito agradável, e ele estava irritado. O verão havia chegado, e ele não estava nada satisfeito com aquilo. O calor imenso o deixava insuportavelmente chato e se irritava com qualquer coisa que aparecesse à sua frente. A idéia de ter a sua testa suando, o seus pés presos naqueles tênis apertados e cheios de chulé e o sol quente irritando os seus olhos o deixava extremamente puto.

Quando entrou na sua casa, jogou a sua mochila em um canto qualquer e correu para o banheiro que lembrou-se do vizinho fofo. "Ontem ele não apareceu, nem antes, espero que hoje ele volte", o Han pensou, visto que o vizinho costumava ensaiar no piano de tarde, antes de sair para algum lugar que Jisung não fazia idéia de onde era, e quando voltava a noite, tocava novamente até sentir sono e ir dormir. Essa era parte da rotina do Kim. E a de Jisung era observá-lo fazer isso tudo com um sorriso bobo no rosto.

No dia anterior, Jisung se sentou na janela e esperou por cerca de uma hora, mas novamente, o vizinho não apareceu. Talvez tivesse acontecido algo, ou talvez só não estava afim tocar. O Han torcia para que, naquela tarde, ele voltasse para que animasse o seu dia, como todas as vezes.

Mas não foi isso o que aconteceu. Infelizmente, Seungmin não voltou naquela tarde, e nem a noite.

No dia seguinte, Jisung nem perdeu mais o seu tempo esperando Seungmin aparecer na janela. Talvez realmente tivesse acontecido algo. Talvez tivesse saído para algum lugar, para se divertir ou qualquer outra coisa. E Jisung se sentia triste.

Não era como se ele fosse obcecado pelo Kim. Na verdade, ele só se sentia em paz, todos os dias em que olhava aquele rostinho inocente e que parecia uma criança ganhando doces toda vez que se sentava em um banquinho e começava a tocar. Jisung se sentia mais leve e relaxado só olhando-o. Pode parecer meio estranho criar esse tipo de sentimento por alguém que nem conhece, mas Jisung não estava nem aí. Ninguém sabia, afinal. Seungmin não sabia.

O Han caçou as suas pantufas embaixo da cama e calçou-as enquanto andava desajeitadamente até a cozinha, ainda com seu pijama de bolinhas, a procura de algum alimento. Era uma tarde de sábado e talvez ele tivesse dormido um pouquinho demais. Quando voltou para o quarto, com uma xícara de café e metade de um pão - que achou abandonado dentro de uma sacola que nem ele sabia que estava ali - nas mãos, guiou-se até o seu enorme cronograma de estudos, bem ao lado da janela, lotado de post-its que os lembravam das malditas provas que teria na semana que vem. E o seu "dia" começou assim, cheio de decepções.

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