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Pov. Josh

Chego na cafeteria ao lado da empresa em que eu e any combinamos em conversar,
Logo avisto a cacheada entrando pela porta e vindo até mim.

Any - boa tarde Sr. Beuachamp - nos cumprimentamos com um aperto de formal.

- sente-se por favor Any - e assim ela o fez - então o que queria falar? - vou direto ao ponto, porque ainda tenho que voltar pra empresa.

– senhor eu receio que sua filha não esteja feliz e talvez exista coisas que a incomodem  provavelmente sobre sua aparência, ela vai a escola?

– isso é impossível, senhorita todas as vezes que pergunto sobre a escola ela diz que está bom – respondi.

– senhor, não me leva a mal, ela talvez não se sinta confiante ou confortável sobre isso, talvez não queira te estressar.

– tudo bem, suponhamos que esse seja o caso, o que você sugere?

– no caminho pra cá eu vim pensando e pedi a minha assessora que fizesse uma planilha, você saí com ela com frequência? – indagou curiosa.

Onde ela quer chegar?

– não, não costumo ter tempo pra sair com ela – respondi, trabalho aos fins de semana as vezes, e também algumas viagens mas deixei essa parte de fora.

– aí que está! – ela exclamou e eu franzi o cenho.

– perdão senhorita, não estou acompanhando seu raciocínio – disse esperando uma resposta.

– senhor quando uma pessoa fica doente além de remédios ela precisa de cuidados, e o mesmo é com sua filha, não estou dizendo que ela está doente mas ter atenção e essencial principalmente por ela ser bem novinha.

Ela me explicou calma.

– senhorita, eu dou meu melhor como pai mas preciso trabalhar também se não, não poderei dar coisas materiais que ela queira.

– tudo bem, eu compreendo, não estou duvidando da sua capacidade paterna – ela suspirou cansada – façamos assim, eu vou tornar sua filha uma cliente exclusiva, durante um período vou passar a parte da tarde com ela, não só fazendo sessões de fisioterapia mas alguns programas externos que possam incluir ela.

– ok deixo ver se entendi, a senhorita quer ajudar minha filha, tudo bem, eu agradeço, mas porquê? Desculpe pela desconfiança, mas eu trabalhei com outras profissionais e nenhuma pareceu tão...dedicada e disposta – terminei de falar e acompanhei quando ela bebeu um pouco do capuccino da sua xícara.

– senhor, eu não posso deixar que uma criança perca a infância e adolescência e enfrente a vida adulta com dificuldade se posso mudar isso, se está nas minhas mãos reverter o processo não existe o porquê pra mim não fazer isso. Eu amo meu trabalho, senhor, faço de tudo pelos meus pacientes e sua filha me encantou.

– agradeço pelo elogio e fico feliz. Quanto vai sair o tratamento?

– essa parte eu vou pedir um contrato antes e te envio, antes que esqueça essa é a planilha de atividades, queria sua aprovação.

Ela colocou seu celular sobre a mesa e empurrou para perto de mim.

– me passe seu número, vou analisar com calma mas tenho certeza que devem ser ótimas.

Trocamos os números e continuamos a conversa por mais alguns minutos.

– deu meu horário, senhorita, agradeço pela conversa e pelo empenho – apertei sua mão sorrindo levemente.

– por nada, eu que agradeço pela escolha.

– mas uma vez obrigado.

– a cura não é apenas física, senhor, também é psicológica. Não precisa agradecer – sorriu e foi embora.

🍄

Dia seguinte...

– filha, posso conversar com você? – cheguei perto dela que assistia TV depois de chegar da escola.

– pode sim, papai, fiz algo? – seu rostinho se preocupou.

Talvez o que a fisioterapeuta tivesse dito não fosse bobagem...

– sabe a Any? A moça que veio aqui cuidar das suas perninhas – me agachei na sua frente e seu rostinho se iluminou.

– sei! Ela foi muito legal, disse que vai me ajudar a realizar meu sonho de ser bailarina ela foi muito legal comigo. O que tem ela?– disse sorrindo.

Me trouxe alívio ouvir da minha filha e fiquei muito mais confiante em relação a Any, nossa experiência anterior com fisioterapeutas não havia sido das melhores.

Todas acabavam mais interessadas em mim do que na minha filha e outras eram maldosas ou utilizavam de um método que deixava minha filha com muitas dores musculares, de pouco a pouco a esperança foi morrendo para nós dois e quando achei Any em um anúncio de melhores profissionais no jornal de Vancouver foi como se uma luz se ascendendo.

– então, ela vai ser sua médica, só que vai ser um pouco diferente das outras – comecei a explicar.

– porquê, papai? É porquê ela vai ser boazinha comigo diferente das outras? – ela tombou a cabeça para o lado.

– também, filha mas ela vai passar mais tempo com você, ela vai te levar pra fora de casa e vocês vão fazer programas de garotas.

Ela bateu palmas animadas e sorriu de orelha a orelha.

– sério? Ela vai ser tipo uma mamãe pra mim? Tipo igual a das meninas da escola? Agora não vão falar mal de mim porquê minha mãezinha me abandonou – ela começou a falar animada enquanto fazia uma cara como se lembrasse das coisas que falava.

Falavam mal dela na escola? Por não ter uma mãe presente?

E como Any tinha chegado a uma conclusão antes de mim sem nem conviver com minha filha?

Eu era tão desatencioso assim?

E como assim mãe?

Organizei as ideias na minha cabeça, pensando por onde começaria as perguntas e explicações.

– Opa opa, como assim falam de você, mocinha, me conta isso melhor – me sentei no sofá e a tirei da cadeira de rodas colocando seu corpo em uma das minhas pernas.

– Eu não queria te preocupar, papai, você já trabalha um montão e eu pudia aguentar. – ela disse mexendo os dedinhos e olhando para as mãos.

Como doeu meu coração ver minha filha assim.

– filha me desculpa por não ter conversado com você melhor e não ter te dado a devida atenção – beijei sua bochecha e uma lágrima sozinha escorreu ali depois do gesto e ela balançou a cabeça negando como se aquilo não importasse.

Como se alguém estar a machucando não importasse.

– papai promete que vai te proteger e resolver isso ok? – voltei a dizer, e decidi ir para o próximo tópico – agora em relação a Any ser sua mãe, não é bem assim que as coisas funcionam, princesa – fiz carinho em seus cabelos – tenho certeza que vão se tornar grandes amigas mais vamos ver ok?

– tudo bem, papai, e quando ela vem me ver? – perguntou ansiosa.

– Amanhã mesmo ela vai estar aqui.

🍄

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A fisioterapeuta da minha filhaOnde histórias criam vida. Descubra agora