• Cap. 01 - A Primeira Neve •

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   Uma noite fria, sob a bela luz da Lua cintilante no infinito céu noturno pontilhado pelas estrelas que esbanjavam arte e beleza infinita. Os aldeões estavam em suas casas, onde pela hora, estariam a preparar seu jantar, e pelas ruas, era comum ver algumas crianças correndo próximo a suas portas, realizando brincadeiras e afim, pois desde muito tempo, nada de mal jamais aconteceu naquele vilarejo, almas corrompidas nem seres ambiciosos estariam a viver sob eles. Will, um jovem garotinho de apenas dez anos, era conhecido por ser alguém bastante espontâneo, de mentalidade aberta e muito feliz com tudo e todos ao seu redor. Os pais do garoto já estavam acostumados com o motivo frequente de Will sumir de casa tão de repente, pois o garoto gostava muito de caminhar ou correr na floresta com alguns bichos durante o pôr do Sol e durante a noite. Will estava andando por entre as árvores seguindo uma raposa, quando sentiu um toque frio em seu rosto, assustando-o de início. O garoto levou sua mão ao rosto e tocou-lhes suavemente, onde ao tirar os dedos de cima do local, notou que tratava-se de um floco de neve, e assim lembrara-se do que seus pais haviam lhe falado na noite passada: "Agora nós estamos no inverno. Logo cairá a primeira neve do ano e as lindas raposas começarão a aparecer por essas regiões."
   Will sentir-se animado, pois sempre gostara da neve e da beleza cintilante que ela espalha em cada canto por onde cai, mas esse gostar tem um motivo. O garoto acredita fielmente na existência do garoto cuja lenda é bastante conhecida pela vila onde reside, aquele que segundo os monges , é regido pela Lua — Jack Frost. Will abriu um sorriso esperançoso e correu pela floresta adentro, confiante de que conseguiria encontrar o misterioso garoto. Na vila, os pais de Will passaram a ficar preocupados com a demora de seu filho, pois já haveriam notado a neve caindo levemente através da janela e a noite surgindo. O pai — Harry, decide então sair a procura de seu filho na floresta, temendo que pudesse estar perdido e assustado.
   – Lilliam, por favor fique aqui. Eu não irei voltar sem ele, mas por precaução caso ele voltez você estará em casa. — Disse Harry a sua esposa, que estava de pé próxima a janela, observando a floresta expressando uma feição de tristeza e preocupação.
   – Harry, ache nosso filho... — Disse a esposa, segundos antes de Harry sair apressado pela porta indo em direção a floresta com uma espingarda em mãos.
   Harry caminhou por alguns segundos apressadamente, tentando focar em seu caminho para encontrar seu filho, e assim relevar os pensamentos ruins que o faziam pensar besteiras. Estava então há poucos metros da floresta, onde no início da trilha que o levaria até mais a fundo do local, notou uma silhueta de alguém se aproximando. Tal silhueta era de uma pessoa, aparentemente baixa e estaria com um manto para assim se cobrir do frio. Harry parou de caminhar e se colocou em silêncio, aguardando aquele alguém se aproximar mais e assim o homem poder identificá-lo, e quando tal aconteceu, Harry se surpreende, pois aquele era Will. O homem correu até ele e lhes deu um aliviado abraço, olhando cada parte do corpo do garoto, certificando-se de que o mesmo não estaria machucado ou qualquer outra coisa.
   — Will, eu e sua mãe sabemos que você gosta de perambulando pela floresta, vendo os animais que habitam por aqui, mas precisa entender que a essa hora, é perigoso.
   Mas eu só queria encontrar o Jack, papai. – Disse o garoto, cabisbaixo e com voz baixa.
   — Meu filho, quando irá entender que esse garoto que você tanto sonha em encontrar, não passa de uma lenda, uma história que inventaram por aí? Um garoto que pode criar gelo e neve? Não seja tão tolo assim. – Disse seu pai, cético. – Vamos pra casa, sua mãe está preocupada.
   Por todo o caminho até em casa, Will não disse uma palavra, apenas mantinha expressa um triste semblante, decepcionado por mais uma vez não conseguir encontrar seu tão querido Jack que todos falam. "Será se é mesmo só uma lenda? Então ele não existe?" Esses questionamentos rondavam pela mente do garoto, que se aproximava de sua casa junto a seu pai, quando passaram por dois monges que conversavam em um local da rua, próximo de ambos que caminhavam.
   — Acredito que a Lua seja a chave para encontrá-lo. Siga seu luar. – Disse um dos monges.
   Will junto a seu pai passaram próximo deles no exato momento em que um deles profere palavras curiosas sobre a Lua, fazendo Will acreditar que estejam falando sobre Jack Frost. Seu pai assim como seu filho, ouviu o que o monge havia falado, e notando que o garoto estava olhando para os velhos anciões, suspeitou que o menino pudesse estar dando atenção mais uma vez para essa história, o que não lhe agradou e lhes fez apressar os passos, chamando a atenção de Will. Harry diz a seu filho que Lilliam iria preparar chocolate quente para eles, tentando assim distrair a mente do menino para que ele esquecesse o que ouviu dos monges, e ocasionalmente, logo chegaram em casa, onde sua mãe o aguardava na porta. Ao se aproximarem, Lilliam conforta Will com um abraço e passa a mão no rosto do garoto.
   — Veja se da próxima vez, conseguirá lembrar que tem uma casa e precisa voltar. – Brincou sua mãe. – Venha, estava esperando você voltar para fazer aquele chocolate quente que você ama.
   Obrigado mamãe. – Agradeceu o menino.
   Will entrou em sua casa e foi até seu quarto retirar as roupas cheias de neve, e enquanto vestia roupas mais confortáveis e quentes para descer e ir jantar, o menino recordou-se do que ouvira dos monges sobre um sinal da Lua. Will por um segundo parou no tempo, e automaticamente olhou pra janela, fixando seu olhar no céu. Nesse momento, uma chama de esperança acendeu-se no coração do garoto, que abriu um sorriso enquanto olhava para o destaque dos céus celestes; a Lua.

❄️ Jack Frost sob o Luar 🌙Onde histórias criam vida. Descubra agora