• Cap. 02 - O Lunar •

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Dia de segunda feira. Seis horas da manhã. Muito, muito sono. Assim se encontrava o jovem Will. O sol enfim voltara a raiar sobre o pacífico vilarejo e diversos aldeões estariam a fazer suas tarefas diárias. Will levantou-se devagar de sua cama, ainda despertando aos poucos, olhando inicialmente para a janela. O garoto surpreendeu-se ao notar que tudo lá fora, os arbustos, as árvores, os telhados, a estradaz tudo estaria coberto pela neve e o céu estaria num cintilante nublado ainda com leves e pequenos flocos de neve caindo ainda. Animado, o garoto levantou-se e vestiu roupas de frio e foi até a cozinha onde sua mãe estava terminando de preparar o café da manhã. Lilliam notara o entusiasmo do filho naquele momento, e enquanto colocava café para o menino e alguns pães recém saídos do forno, o pergunta sobre o motivo de tamanha animação.
- Sonhou que estava em uma festa, Will? Sua animação hoje está um barato. - Disse sua mãe.
- Está tudo coberto de neve, mamãe. E eu amo a neve. Você disse que essa é a primeira neve do ano e eu estava ansioso por ela.
Lilliam colocou as xícaras na mesa e organizou os pães em uma bandeja para que o garoto pudesse se servir a vontade. Em seguida colocou um pano em frente a ele para que assim não se sujasse, e então sentou-se a mesa junto a ele.
- Eu tenho certeza que o Jack passou por aqui enquanto todos dormíamos. - Disse o garoto, tomando um gole de café logo em seguida.
Por um segundo, sua mãe mantinha um olhar agradável para Will, observando-o se alimentar e contando sobre seu entusiasmo em relação a época de inverno que estavam agora. Mas após o garoto citar o misterioso Jack Frost na conversa, sua expressão mudou para uma seriedade e preocupação.
- Eu sei o quanto tem vontade de conhecer o Jack, e como você acredita firmemente em sua existência. - Disse sua mãe, assumindo uma postura ereta enquanto estava sentada.
- Você sabe mamãe?
- Sim... Porque eu também acredito na existência dele.
Tais palavras fizeram Will engasgar por um segundo enquanto tomava o café e em seguida olhar para sua mãe com uma expressão tão surpresa quanto assustada.
   — Por isso nunca reclamou comigo sobre isso, como o papai sempre faz, insistindo que ele é só uma lenda. – Pensou o garoto.
   — Ouça.. quando eu era criança, eu também não consegui vê-lo, e fiquei muito triste por isso. Mas eu não desisti, eu continuei seguindo em frente e firme em minha crença, até finalmente conseguir encontrá-lo. Mas infelizmente foi de longe, eu não consegui ir até ele, pois ele estava entre as árvores correndo até a Colina do Norte, é o lugar onde acreditam que ele habita.
   O fascínio expresso no olhar do garoto era lindo de se observar. Pois sua própria mãe estava ali, lhes contando algo que jamais ele sonhara em saber que já aconteceu com ela. A partir daquele momento, sua esperança passou a crescer ainda mais.
   — Como o Jack era, mamãe? – Perguntou o garoto, curioso.
  — Como eu havia dito, eu não consegui chegar perto dele, mas deu pra notar que ele tem lindos cabelos brancos como a neve e uma pele bastante pálida.
   Will se mantinha atento a cada palavra que sua mãe lhes dizia, pois ainda estava incrédulo com o que acabara de ouvir de sua própria mãe. Pela forte ansiedade, o garoto mal esperou sua mãe concluir suas palavras e logo saiu em busca do garoto. De início ele caminhou por alguns metros em linha reta, seguindo mata adentro, observando cada região nevada ao seu redor e os galhos das árvores que a medida que o vento uivava e chocava contra as árvores, espalhava a neve acumulada em suas folhas e galhos. Uma raposa apareceu, estava deitada enroscada em sua bela e peluda cauda. A raposa possuía seus pelos totalmente brancos, chegava a camuflar o animal em meio a paisagem cintilante do local, e a mesma ao ser notada pelo olhar do garoto, logo ele se aproximava de mansinho, pretendendo tocar a raposa e lhes acariciar. De início ela se manteve quieta, mas de repente mexeu uma de suas orelhas, sinalizando que estava ouvindo e sentindo a aproximação de alguém, cujo este alguém seria o próprio Will. A raposa levantou-se calmamente e por um segundo olhou diretamente para o garoto, que após isso, sentiu uma estranha sensação.
   — Ei... Eu não vou te machucar tá bom? Eu só quero tocar seu pelo, ele é lindo. – Disse o garoto, quase sussurrando.
   A raposa então deu as costas e caminhou mais a frente entre as árvores, e Will não desistiu, logo seguiu atrás dela, caminhando de forma sorrateira para assim não assustá-la. Passou-se breves segundos enquanto o menino seguia a raposa que andava de uma forma semelhante a um cão farejando um rastro, até que finalmente chegaram em um local onde existia uma árvore alta e nevada, ao lado de uma rocha coberta pela neve. O que chamou a atenção de Will foi que a rocha que estava coberta de neve, possuía um formato semelhante a um floco de neve, e ali no centro a raposa sentou-se e passou a olhar para o garoto. Ele se aproximou devagar, erguendo sua mão direita, visando tocar o corpo peludo do animal e lhes dar carinho, e para seu espanto, assim conseguiu. Ele sorriu inocentemente enquanto acariciava o animal, admirando a linda cor de seu pelo e o olhar profundo que o animal transmitia.
   — Você parece feita de neve, de tão branca que é, hahaha!
   — Tão cintilante quanto o brilho da Lua, não é...? – Disse uma voz misteriosa, atrás de Will, que na hora que ouviu, paralisou e sentiu um forte arrepio em sua pele.
   O menino moveu seu olhar lentamente para trás, a fim de descobrir quem estava ali, e para sua surpresa, viu que se tratava de um garoto e ficou boquiaberto, sem reação diante do garoto misterioso.
   — Você é...

• Continua... •
 

❄️ Jack Frost sob o Luar 🌙Onde histórias criam vida. Descubra agora