Capítulo único.

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Era uma noite de sábado e toda a trupe da alegria estava reunida em mais uma das festas no morro que Kuroo e Kenma tinham controle.

— FICA COM DEUS, E DE VEZ EM QUANDO UM BOA NOITEEE, SENTIMENTO SEU NENHUM!! TE AMO E VOCÊ NEM TCHUUUMMMMM!!

— BOKUTO PELO AMOR DE DEUS CALA A BOCA! – gritou Kenma de longe enquanto tentava inutilmente jogar em seu switch.

Kuroo apenas riu enquanto observava atentamente o ambiente. Lev drogado, Yaku brigando com o mesmo, Daichi e Suga tomando conta de Kageyama e Hinata que estavam a um passo de se matar e os Miya que tentadoramente serviam espetinhos de carne banhados em droga. Quem olhasse para eles, pensariam que eram apenas rapazes comuns aproveitando uma festa para ficarem bêbados e drogados. Mal sabiam que eram eles quem comandavam todo o lugar ali.

— Por que ele tá cantando Maiara e Maraísa com aquele copo de passaporte mesmo? – perguntou Sakusa enquanto trocava pela quinta vez sua luva.

— Aparentemente o Abacaxi deu um fora nele. – respondeu Iwaizumi enquanto encarava o celular, vendo as mensagens um tanto desesperadas de seu marido. –Ae galera, Oikawa tá mandando vocês pararem de beber porquê daqui a pouco começa a novela que ele participa.

— Manda ele se foder. – retrucou Suna, encarando o copo de vodca em sua mão. Valia a pena mesmo estar ali com aquele bando de marmanjo bêbado? Não, óbvio que não. Mas quem se importa, não é mesmo?

— Nah, só eu posso foder ele. – Hajime disse em meio a risadas – Mas agora é sério, eu preciso ir. Daqui a pouco ele chega em casa e eu preciso fazer o jantar caso não queira encontrar a casa pegando fogo.

Akaashi encarou Hajime e sorriu debochado, logo murmurando um “ vai lá, vadia de casa ” e voltou a beber mais da cerveja presente em seu copo. Observou o local a sua volta e se deu conta do que Kuroo havia dito. Bokuto estava chorando enquanto bebia e cantava Maiara e Maraísa, todo tristinho com um copo de passaporte em sua mão.

— Eu vou tirar ele de lá antes que o Kenma mate ele por atrapalhar o joguinho dele. – Kuroo disse desinteressado enquanto se levantava e seguia até o bicolor que agora berrava em plenos pulmões a letra da música.

— OI! TCHAU! FICA COM DEUS! E DE VEZ ENQUANTO UM BOA NOITEE, SENTIMENTO SEU NENHUUMM! TE AMO E VOCÊ NEM TCHUM, LEMBRA A GENTE NO COMEÇO-

— BOKUTO! – Gritou Kuroo, sobressaindo sua voz sobre a de Bokuto enquanto abraçava o mesmo e retirava o copo de bebida da mão dele. – Pra que tanta tristeza, mermão?

— Sabe, Kuroo... Mesmo ele não sentindo o mesmo por mim, eu amei ele com tudo o que eu tinha. Eu sempre dei o meu melhor pra ele e ele sempre me maltratou. Eu não aguento mais isso, bro. – Bokuto pronunciou enquanto chorava e fungava sobre o ombro do amigo.

— Bokuto, vocês se conhecem há 3 dias...

Kuroo estava cansado, era fato. Mas ainda assim fazia carinho nas costas do amigo sobre a regata do time do flamengo que o outro vestia, o acalentando um pouco. Koutaro, porém, ao ouvir a fala de Tetsuro, levantou seu rosto e encarou o amigo ainda mais triste.

— Pra mim foram como anos! Foram os melhores dias da minha vida, ele é o amor da minha vida mas ele só me maltrata! LEMBRA A GENTE NO COMEÇA, DA MINHA LÍNGUA DANDO VOLTA NO SEU BEIJOOOO!! SENTIMENTO SEU, NENHUM! TE AMO E VOCÊ NEM TCHUUUMMM!!!

Era fato testado e comprovado. Akaashi não suportaria mais um grito sequer. Kenma? Estava prestes a cometer um assassinato. E todos ali pareciam apoiar a decisão do loiro de farmácia, principalmente Sakusa e Suna que estavam perdendo anos e anos de vida e seus preciosos tímpanos com a música. Suspirando, Akaashi se levantou do barzinho improvisado e foi até Koutaro, logo puxando a regata dele e falando:

— Mas nós nunca nos beijamos, Bokuto-san.

Aquilo foi o basta. Bokuto se debruçou em lágrimas enquanto apertava a camisa na altura do peito e chorava copiosamente para Keiji.

— ENTÃO AQUELE BEIJO NA SEXTA-FEIRA NÃO SIGNIFICOU NADA PARA VOCÊ?! NÃO FOI NADA PARA VOCÊ?! – Gritou a plenos pulmões, soluçando levemente e chamando a atenção de metade dos bêbados e fofoqueiros presentes na “ confraternização ”.

— Bokuto-san... – Começou Keiji, logo sendo interrompido por Koutaro que chorava e berrava ainda mais, fazendo com que muitos olhassem feio para Akaashi e começassem a fofocar coisas como “ tá vendo? Eu tô dizendo que os homens de hoje em dia não prestam, melhor mesmo é ficar com mulher ” e coisas do tipo.

— DIZ AGAKAASHIE! DIZ! NÃO SIGNIFICOU NADA PRA VOCÊ?!

— Bokuto-san, foi um beijo na bochecha. – o moreno falou, relembrando o platinado do acontecimento, coisa que não mudou muito o estado emocional do rapaz.

— NÃO SIGNIFICOU NADA, NÃO É MESMO?! EU SABIA! VOCÊ NÃO ME AMA E NEM NUNCA ME AMOU, AKAGAASHIE!!

— Kou, vamos para um lugar mais tranquilo, onde possamos conversar com calma... Por favor. – Pediu Keiji, tocando o braço forte do outro e fazendo um pequeno carinho na tentativa de acalmar o outro, coisa que não funcionou em nada.

— Eu não vou transar com alguém que não me ama!

Ok. Certo. Para Akaashi aquilo foi o estopim da paciência. Os amigos do moreno de olhos azuis riam e se divertiam com a situação um tanto constrangedora e hilária que se era apresentada, e o rapaz nada mais nada menos se sentia como a atração principal de um circo.

Não que estivesse muito longe disso, mas relevemos.

— Nós não vamos transar. Nós vamos conversar. Depois, se quiser, podemos assistir algum filme da Disney. Vamos.

Foi a única coisa pronunciada por Akaashi antes de puxar Bokuto pelo pulso e o levar até a casa de Tetsuro, onde o guiou irritado até o quarto do platinado, onde entrou e o jogou na cama, logo fechando a porta e colocando uma poltrona próxima ao outro.

— EU NÃO VOU TRANSAR COM VOCÊ! VOCÊ NÃO ME AMA E NEM NUNCA ME AMOU! VOCÊ SÓ QUER ME USAR, VOCÊ É MAU! VOCÊ É UM HOMEM MUITO MAU! – Berrou Koutaro enquanto segurava um travesseiro contra o peito e apontava para Keiji enquanto se colocava a ir para trás cada vez mais, até que, em certo momento, ele caiu da cama.

— Pare de gritar, por favor. Ninguém aqui vai transar. Pare de ser paranóico, pelo amor de santo Cristo. – o de olhos azuis disse enquanto suspirava e apertava e esfregava levemente seu rosto. – Eu só quero conversar. Por que você ficou triste?

— Você não tem o direito de me perguntar isso, Akaashe.

— Por que eu não tenho esse direito, Bokuto-san? – Curioso, Akaashi encarou Bokuto que agora mantinha apenas os olhos a vista do mesmo enquanto escondia seu grande corpo atrás da cama.

— Porque você quem me deixou triste! Você não me ama! Você nunca me amou! Akagaashie, é mau.

Certo. Pensou Keiji. Ele está triste porque eu supostamente não o amo? É apenas isso o motivo de tanta gritaria? Foi o que se passou. Por um momento sequer, Akaashi se sentiu surpreso e chocado. Se ajeitou na cadeira e encarou Koutaro. Faria uma loucura? Faria, mas quem liga?

Melhor fazer o que der na telha e tomar as consequências depois.

— Quem disse que eu não te amo, Kou?


Estrondo.

Foi a única coisa que Akaashi ouviu. Em um pulo, se levantou e rodou a cama, logo encontrando um Koutaro choroso e corado todo estatelado no chão e com um sorriso estranho no rosto. Os olhos dourados se focaram no moreno e ele se sentiu assustado por um momento, pois, o rosto sempre tão alegre e divertido de Koutaro havia adornado um semblante sério e irritadiço.

— Akaashi...

Fodeu. Minha nossa senhora da bicicletinha sem freio.

Medo, tensão, apreensão, aflição, MEDO. Eram as únicas coisas que Keiji sentia. Encarou o outro se aproximar e tremendo de maneira escondida, o rapaz sentiu ser jogado na cama com brutalidade.

— Que porra...?! – Keiji gritou enquanto era socado debaixo de um fino lençol e era observado por dois afiados olhos dourados.

— Vamos assistir Frozen!

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⏰ Última atualização: Oct 06, 2020 ⏰

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