Era um dia vazio e deprimente como todo o resto. Depois que Fugo finalmente retornou à equipe, com a notícia que Giorno se tornou o chefe da máfia italiana, ele percebeu que seus dias nunca mais seriam os mesmos. Três de seus amigos morreram e ele nem pôde vê-los em seus últimos momentos. Não pôde se despedir. Não pôde lutar por eles. Foi completamente inútil. Dentre os seus amigos falecidos, havia uma morte em específico que martelava a sua cabeça sem parar. O falecimento de Narancia Ghirga, um garoto de 17 anos que era consideravelmente próximo ao loiro.
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Pannacotta, ainda sem estar ciente da situação, sentiu um aperto em seu peito ao notar que Narancia não estava com Giovanna e, em um ato de impulso, perguntou de maneira insegura:
- O que aconteceu com ele...? - Deu uma breve pausa, continuando em um tom desesperado - Giorno, onde está o Narancia?! -
Queria acreditar que aquele garoto apenas saiu em uma missão dada por Giorno e, por conta disso, não estava presente naquele momento. Mista, que estava se debruçando na janela do escritório até então, apertou firmemente as mangas de seu suéter, com suas mãos agora trêmulas, e se manteve em completo silêncio. Trish se aproximou do moreno e posicionou sua mão nas costas do mesmo para o reconfortar, observando a paisagem com uma expressão desanimada. O cômodo foi tomado por um ar de melancolia e angústia. Foi aí que Fugo percebeu. Narancia não está mais entre eles.
Ele estava em completo estado de choque e seus sentimentos de arrependimento e perda se intensificaram. Queria gritar, queria apenas explodir em outra de suas crises e quebrar cada objeto daquele cômodo. Por que? Por que justo o Narancia? Ele era apenas um jovem inocente que queria ter um futuro na vida, então por que? Ele sequer pôde lutar pela própria vida? Alguém havia o ajudado? O loiro não sabia de nada e estava quase enlouquecendo. Seus dentes se juntaram e sua cabeça se abaixou. Seus punhos estavam cerrados com força e seus pensamentos ficaram descontrolados, ao ponto de Giorno ter de se levantar e abraçar Pannacotta:- Não foi sua culpa. Quando tentamos o curar, já era tarde demais. - Disse em seu tom neutro, mas com uma expressão séria e magoada. - Ele já se foi, Fugo... -
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Desde aquele dia, Pannacotta concluiu suas missões com ainda mais seriedade que antes. Uma por uma. Era como se não importasse em quem ele batia ou furtava, seu sentimento de perda e arrependimento nunca desapareceu. Era frustrante pensar que não conseguiu fazer absolutamente nada para impedir aquelas mortes, o que o deixou com vergonha de visitar as lápides e imaginar a reação das almas daquelas pessoas. Porém, eventualmente, ele tomou coragem e decidiu visitar a lápide de Ghirga. Giorno lhe concedeu a permissão de utilizar o carro livremente até o cemitério, e assim foi feito.
Estava no fim da tarde e Fugo estacionou o veículo em frente ao cemitério de Veneza, segurando um buquê cheio de rosas avermelhadas e amareladas. Procurou por todo o local, o túmulo do garoto. Seu semblante permanecia deprimente, sendo escondido por uma expressão neutra e pensativa, como se estivesse preso em seu próprio mundo. O céu estava nublado, o que tornava aquele clima ainda mais obscuro do que já estava.
Após poucos minutos caminhando, o loiro encontrou a lápide na qual procurava e, enfim, foi expulso de seu próprio mundinho."Narancia Ghirga (1984 - 2001)"
Ele ainda não conseguia encarar aquilo com bons olhos. Era como uma missão impossível de se cumprir. Com cuidado, Fugo se ajoelhou naquele campo gramado e deixou o buquê em frente da lápide de pedra, a encarando com uma expressão vazia. Decidiu tentar conversar com o objeto, esperando que Narancia lhe escutasse:
- ... Narancia. Me perdoe por não ter ficado com você, eu também estava com medo... - Sentiu seu corpo começar a tremer e sua expressão ficar frustrada, mas tentou se manter calmo e então prosseguiu - Eu deveria te visitar mais cedo, não é mesmo...? Sinto saudades de te ensinar cálculos matemáticos simples, por mais que sua falta de entendimento me irritasse. Sinto saudades de te ver sorrindo de maneira exuberante todo dia, independente do que aconteceu no dia anterior. Eu sinto sua falta... Que droga... - Finalizou em um tom choroso.
Pannacotta apertou o tecido de suas calças e acabou por entrar em um colapso mental. Mas não era como suas outras crises. Sua mente foi tomada por uma tristeza profunda, o que o fez começar a chorar. O rapaz conteve seus soluços e cobriu seus olhos com seu braço direito, pois sabia que era inútil tentar se impedir de chorar. Deixou quase tudo escapar. Todos os momentos que teve com Ghirga faziam falta. As brigas internas, a preocupação excessiva por parte do loiro, as pequenas aulas de matemática, as missões.
Portanto, o espírito Narancia havia ouvido cada detalhe dos ditos de Fugo e, também chorando com a situação, abraçou seu companheiro (mesmo sabendo que ele não poderia o ver) e disse em um tom calmo ao fechar os olhos:- Também senti sua falta, Fugo... ~ -
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Laranjas e Morangos Estragados
FanfictionSPOILERS PESADOS PARA A PARTE 5 DE JJBA! Com o retorno de Pannacotta Fugo após a morte de Diavolo, o loiro resolve visitar seu velho amigo, Narancia Ghirga, em um fim de tarde.