Quando o Amor Acontece

Mudanças

Alice colocou a última caixa de papelão no chão e olhou ao redor do pequeno apartamento num bairro simples de Londres. Ela estava orgulhosa de si mesma pela pequena conquista de comprar seu primeiro imóvel aos 30 anos, depois de anos poupando e economizando o máximo que pôde.

O apartamento era simples, com um pequeno hall de entrada onde havia um armário para casacos e sapatos. A direita ficava o banheiro, que havia sido renovado pelos donos anteriores mas ainda mantinha o ar vintage do restante do lugar. A grande banheira branca foi o grande atrativo que fez com que Alice se interessasse pelo apartamento e a pôs a se imaginar deitada ali, num banho de espuma com um livro nas mãos, depois de um dia de trabalho. A esquerda ficava a cozinha, com armários cinzas, uma pequena bancada em granito preto próximo a pia e pela janela, se tinha a vista de um lago, que agora estava congelado em alguns pontos devido ao inverno rigoroso.

Saindo da cozinha, era a pequena sala, que dava acesso a uma varanda que Alice já planejava enfeitar com plantas e flores quando as temperaturas melhorassem e, o próximo cômodo era o quarto, com um guarda-roupa antigo num canto, combinando com a cama de madeira com detalhes nas cabeceiras e nos pés dela.

Alice suspirou e percebeu quando alguém mexeu no trinco da porta de entrada. Ela saiu do meio da sala, onde estava, e caminhou até o hall.

"Acho que você esqueceu o mais importante no carro."

Alice sorriu para sua amiga de infância,  Leslie, que trazia em uma caixa de transporte, sua gata Vênus.

"Oh, eu jamais me esqueceria do meu amorzinho." Disse Alice levando a caixa de transporte até o meio da sala e a abrindo, deixando Vênus sair livre para explorar seu novo lar.

"Precisa de mais alguma coisa, Liz?" Perguntou Leslie, olhando ao redor e vendo caixas empilhadas e sacos espalhados no chão.

"Não, obrigada. Você já ajudou muito me trazendo as últimas caixas e a Vênus. Vamos tomar um chá antes que você tenha que ir." Ofereceu Alice, sabendo que a amiga partiria em breve para o seu trabalho.

Leslie trabalhava em uma filial da loja da Versace, no centro da cidade. Alice brincava com ela dizendo que tinha medo de passar em frente e ser cobrada por isso.

"Tem certeza de que vai ficar bem aqui? O apartamento está quase vazio!" Leslie se sentava em uma das caixas que havia na cozinha com cuidado, enquanto Alice preparava chá para as duas.

"O mais importante já está aqui, que é a cama. Já posso voltar pra casa depois de um dia de trabalho sem ter que me preocupar em dormir no chão."

Leslie sorriu e tomou um gole de seu chá.

"Quando você começa?" Ela perguntou.

"Segunda. Isso me dá o fim de semana todo pra organizar grande parte dessa bagunça e fazer com que eu tente me acalmar." Alice respondeu.

"Mas por quê você está nervosa?"

"Essa empresa me pediu sigilo absoluto sobre tudo o que acontece por lá. A única que sabe onde vou trabalhar é você. " Várias empresas onde Alice trabalhou antes também tinham como conduta, manter sigilo sobre seus negócios. Mas durante a entrevista de Alice, a ênfase nesse assunto foi tanta que ela chegou a pensar que se tratava de algo ilegal.

Mas nada que alguns minutos no Google para tirar essas ideias malucas de sua cabeça e ela ir mais tranquila para o seu novo emprego.

"Qual é o nome da empresa mesmo? Já nem lembro mais." Leslie disse casualmente.

"Promethean Productions."

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Na segunda-feira seguinte, às sete e cinquenta e cinco da manhã, Alice já estava em frente ao prédio da Promethean Productions para o seu primeiro dia de trabalho.

Ela vestia uma camisa branca larga e calça jeans justa, com botas de cano e salto baixo. Praticidade, teu nome é Alice.

Para se proteger do frio, Alice usava um casaco longo e escuro, que cobria praticamente todo o seu corpo. Seus cabelos estavam presos num rabo de cavalo frouxo e, mesmo não sendo fã de maquiagem, ela fez um esforço e aplicou um pouco de rímel e blush no rosto pálido, que mesmo no verão, não conseguia pegar outra cor a não ser o famoso 'vermelho-camarão'.

Antes de sair de casa, ela se olhou no espelho e gostou do que viu. Agora, ao ver seu reflexo no vidro da porta do prédio onde ficava o escritório da Promethean, ela já não tinha tanta certeza disso. Seu nariz estava vermelho pelo frio e seus cabelos úmidos pela garoa fina que caía, e ela só queria que alguém chegasse logo e abrisse a bendita porta para que ela entrasse no prédio.

Como se suas preces tivessem sido ouvidas, um carro preto se aproximou e dois homens altos e robustos saíram.

O mais alto deles se aproximou e a cumprimentou com um aceno de cabeça, abrindo a porta com um código logo em seguida.

O segundo, um pouco mais baixo mas muito mais forte, a cumprimentou com um sorriso, mas Alice não pôde ver seu rosto por completo porque ele usava uma boina que lhe cobria os olhos. A única coisa que ela conseguia pensar era que ele não lhe parecia estranho.

Os três adentraram o prédio em silêncio e seguiram em direção ao elevador juntos. Os dois homens conversavam num tom baixo, e Alice continuava a pensar que conhecia um deles. Maluquice! ela pensou. Não conhecia ninguém daquele lado da cidade, a não ser Leslie.

Percebeu que desceria no mesmo andar que eles e começou a desconfiar que eles também trabalhavam na Promethean. Será que tinha visto o homem de boina no dia da entrevista?

"Você deve ser a nova secretária. Alice, certo?" O homem mais alto perguntou, a tirando de seus pensamentos.

Alice limpou a garganta antes de responder, tentando manter a voz fitme.

"S-sim, sou Alice Sinclair. A nova secretária. "

"Prazer em te conhecer, Alice. Eu sou Charlie Cavill, um dos diretores e esse é o meu irmão, Henry." Enquanto Charlie se apresentava e a cumprimentava, ele apontou para o irmão ao deu lado.

"Oi, sou Henry Cavill." Disse Henry, a cumprimentando com um aperto de mão e sorrindo do mesmo jeito que fez na entrada do prédio.

Como ela não reconheceu aquele sorriso logo de cara? Alice tinha fama de desligada, mas aquilo já era demais!

E como explicar para Leslie que, um de seus chefes era, Henry Perfeito Cavill? Ela já conseguia imaginar a histeria da amiga e não esperava nenhum um pouco por isso.