{23° Twenty-three}

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Kim Taehyung

Eu não sei o que me deu naquele momento. Eu estava fora de mim. Eu não estava ouvindo mais nada. Só estava o vendo sentado no banco da ponte, por não conseguir ficar de pé. Fui até ele, e me abaixei ficando menor (do que já sou) que ele, por estar no chão.

- Hobi... Por que eu sinto que o destino vai ser cruel com nós dois?

Ele desmanchou seu sorriso, sua energia, sua felicidade contagiante. E apenas me olhou, me olhou sério. Como poucas vezes o vi.

- Não existe destino, hyung. Existe apenas a vida, a morte e o céu noturno. O destino não será cruel, ele não existe.

- Então talvez o futuro?

- O futuro? O futuro não faz nada. Ele apenas espera o momento de se tornar o presente. A diferença é que o futuro escolhe as pessoas. Ele escolhe pra quem quer existir.

- E a vida?

- A vida é uma caminhada na estrada deserta. Você simplesmente segue, sem rumo. Mas assim como a estrada, a vida acaba.

- Não seria injusto se morressemos sem aproveitar essa ''estrada''?

- Não. Não seria injusto. Injustas são as pessoas. As pessoas desperdiçam tempo, a culpa não é da vida se ela não foi vivida como deveria.

- E a morte... Não parece assustadora?

- Não. Não acho que seja. Apenas imagine que no final da estrada, tenha um abismo. Sem perceber, sem dar conta, você cai. Mas isso não é ruim. Durante a queda, você tem a chance de lembrar de tudo que viveu enquanto estava caminhando. A morte não é assustadora, ela é especial, pra você refletir.

- E se onde encaixa o céu noturno?

- Se encaixa na morte. Depois de refletir, você chega no final do abismo. A morte... A morte é a queda. No fim, é tudo escuro. Seu corpo já não existe, e só se faz presente a sua alma. Sua alma mergulha na escuridão. Mas não de uma forma ruim.

- Como, então?

- Ela brilha. A escuridão é o céu noturno. E no momento em que sua alma mergulha, ela deixa de ser uma alma com lembranças boas ou ruins. E então, vira uma estrela. Ela ilumina o céu negro. E além de ser uma estrela, visível aos vivos... Ela passa a ser uma lembrança para os mesmos.

- Uma lembrança?

- Sim. Existirão noites em que as pessoas olharão para o céu. Sem perceber, elas começarão a lembrar-se da pessoa que foi pra lá. Isso significa que ela viu sua alma perdida no vasto escuro do céu. E mesmo sem saber, qual das estrelas, ou qual das almas lhe causou aquela sensação, eles saberão que ela vai estar lá. Brilhando por alguém que ela deixou pra trás.

Naquele momento, ele estava tão perto, mas ao mesmo tempo tão distante. Esse era um lado que eu não conhecia dele. Eu fiquei perdido em como seus lábios se moviam ao pronúnciar cada palavra. Vi no quanto eles dançavam pra falar coisas tão belas. O mundo me ajudou nesse momento. Nesse momento, a gravidade mudou de direção. E quando me dei conta, eu estava fazendo dos seus lábios frios... os meus. Enquanto nossas línguas dançavam em perfeita sintonia, eu percebi o quanto nos encaxávamos perfeitamente. Como se fossemos duas únicas peças de um quebra-cabeça, e que necessitava-mos um do outro pra se completar, claro, é só uma sensação. Jung Hoseokjá era perfeiro e completo antes que eu chegasse. E apenas quando o ar nos faltou, permitimo-nos um espaço entre nós. Apenas o suficiente para que o ar pudesse voltar a preencher nossos pulmões. E nesse tempo... foi onde começamos a sentir os pequenos flocos de neve atingirem o nosso rosto. Não foi um momento perfeito, nunca é. Mas foi um momento só nosso, cujo eu posso assegurar que eu nunca esquecerei. E nem esquecerei das suas pequenas teorias, que eu aposto que ele desenvolveu para não sentir medo. Ele deu significado.





Créditos à elocimnida
e à AlineMoreira13

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𝘽𝙤𝙣𝙚𝙨 𝙄𝙣𝙩𝙤 𝘿𝙪𝙨𝙩 (𝚅𝚎𝚛𝚜𝚊̃𝚘 𝚅𝚑𝚘𝚙𝚎) Onde histórias criam vida. Descubra agora