Capítulo Um

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Acordo (IM)Perfeito. 

Não entendo onde ele quer chegar com esse assunto, Sasuke sempre foi um homem de pulso firme e mente decidida, diferente de mim que se deixa levar pelas emoções e que de alguma forma acaba por fazer merda, não é merda! Pois a minha impulsividade fez com que o negócio que abri com tanto esforço fique à beira da falência, quando eu digo beira quero dizer que se não pagar o aluguel do próximo mês perco o imóvel e a minha única fonte de renda. Pois eu não terei de onde tirar dinheiro para me manter e para pagar os funcionários. 

Meus olhos estão lacrimejando enquanto o homem à minha frente se mantém firme e nem ao menos desvia o olhar, pra ser sincera o homem à minha frente nem está a piscar. Ele se encontra com um papel e termos para serem lidos e analisados por mim, pois o mesmo precisa de alguém para lhe gerar um filho. A escolhida? Eu, pois na mente dele eu sou a única capaz de aguentar tudo isso e ainda sorrir, mas ele está enganado... muito enganado, não me julgo capaz de gerar uma vida e nem de mantê-la dentro de mim. Não é medo da responsabilidade em si, pois eu conheço o clã Uchiha, nada é fácil quando o assunto é eles. 

Mas não é esse o problema, pois esse é o menor de meus desafios, afinal quando se trata da família Uchiha nada é fácil ou simples, eles de alguma forma dão um jeito de complicar tudo e de me deixar louca no processo, é sempre assim. Mas tudo bem, já que eu sei o que ele quer, contudo eu não me sinto capaz de seguir tudo de acordo com os documentos. 

Pois primeiramente, não acho que tenho um psicológico forte o suficiente para aguentar ficar ao lado dele sem surtar com a família dele e com as pessoas que o cercam. Pois uma das fama que cercam o homem de orbes breus são é o seu hábito de dormir com várias e negar o caso com todas, pois relacionamento sério com o mesmo lhe dá alergia e calafrios. 

Segundo eu tenho medo da reação das pessoas a minha volta, eu mal conversava com as pessoas na época da escola e faculdade, constantemente era cortada de todos os eventos e festas, nem ao menos sei como consegui gerenciar algo por tanto tempo sem falir logo de cara e nem enlouquecer — apesar da falência de ter vindo cerca de dois anos depois. 

Terceiro eu nunca tive contato com o sexo oposto, em súmula em mais de vinte e cinco anos de vida eu nunca dormi com ninguém! Jamais passei beijos e abraços! Nem nos toques eu cheguei ainda, então como ele quer que eu faça um filho com ele e que deixasse ele com o pai assim que bebê nascesse, eu não consigo, é praticamente impossível na minha cabeça. 

Sabe, eu não creio ser capaz de gerar uma vida e depois me desfazer dela, seguir a minha vida como se nada tivesse acontecido, como se ela nunca tivesse existido. Eu não sou tão fria assim, na realidade eu sou emotiva e odeio saber que pessoas se feriram ou se machucaram perto de mim, não assisto romance e nem filme dramático por chorar na hora em descubro que eles não ficam juntos ou quando um dos personagens que gosto morre! Então por causa de ser emotiva e me ligar com facilidade as pessoas que não consigo imaginar ou pensar em ter um filho e dá-lo ao pai. 

Quarto eu sou uma covarde rodeada de ousadia, mas essa ousadia não é grande o suficiente para tal ato e nem para tamanha atitude. Respiro fundo o mesmo está à espera de uma resposta, resposta que não me pertence e nem mesmo se encontra comigo nesse momento. Sasuke devia ser um homem mais paciente, tipo não me cobrar nada agora, quem sabe esperar um pouco — quem sabe uma eternidade — pela minha resposta — que sem sombra de dúvidas será um não. 

- Hinata preciso da sua resposta ainda hoje. — ele tira do bolso um maço de cigarros.  — Não posso esperar até amanhã, meu aniversário está se aproximar, preciso que você engravide e o tenha antes que eu complete trinta e cinco anos. 

— Sasuke, pede pra outra pessoa, pois eu não consigo aceitar essa ideia. — fecho os olhos com força não tenho coragem de dizer a ele que ainda sou virgem e que por isso não posso engravidar. 

— Pense que com o meu apoio a sua empresa poderá alcançar outros níveis, eu sei que ama sua empresa de doces e bolos, que ama o trabalho que faz. — ele se aproxima de mim. — Veja isso como um bom negócio, como uma segunda chance para recomeçar e também para crescer no campo gastronômico.  — o homem à minha frente está a tentar me comprar, respiro fundo e solto o ar de forma lenta e devagar. 

— Mas eu não acho que conseguirei dar a criança para você e muito menos ter... e-eu nem ao menos sei como fazer uma...! — pronunciar em voz baixa, todavia parece ter sido alta o suficiente para que ele escutasse. 

— Eu sei que você é virgem. — ele traga o cigarro em sua mãos, desvio o olhar vexada, ele dá de ombros e continua a falar.  — Mas eu não vou te forçar a nada, tudo o que você precisa fazer é se entregar, pode estar sendo feita por causa de alguns negócios, mas prometo ser cuidadoso e até um pouco romântico. 

— Não pode ser artificial? Por inseminação? Mais fácil e seguro!  — o questiono. O mesmo me olha com desdém e adquire uma postura rígida. 

— Eu tenho cara de quem consegue gozar em um potinho?  — nego.  — Então já sabe o porquê de eu não querer que ele venha de um potinho que eu gozei dentro, sem contar que o jeito tradicional é melhor. 

— Mas e se eu não tiver de acordo?  

— Você aceitará o acordo, pois verá que essa é a única forma de escapar da falência, pois eu sei que não quer demitir funcionário nenhum.  — mas ainda não acho certo envolver uma criança no meio disso tudo, uma única lágrima escorre pelo meu rosto. Sasuke vem até mim e me puxa para perto, jogando o cigarro fora, o mesmo limpa a lágrima que está a escorrer pelo meu rosto. Sempre que penso que terei que demitir as pessoas que trabalham para mim, eu fico assim. — Ei eu não vou ficar longe e nem te tratar como uma qualquer, pois no contrato está escrito que serei atencioso e que ficarei do seu lado. Mas também não pense que serei seu o tempo todo, da mesma forma que não penso que irei ignorar a sua presença. 

Pego o papel em cima da mesa, ele não mentiu quando disse aquilo. Volto a ler o papel em minhas mãos, que tremem levemente à medida que meus olhos percorrem a folha branca, não sei se aceitarei tal acordo. Mas eu não quero demitir ninguém! Pois os meus funcionários são quase como a minha família e não se demite da família.

Pego a caneta próxima a mim, ainda receosa e com medo começo a assinar meu nome. Minha caligrafia aos poucos vai sendo colocada no documento. O moreno sorri enquanto sinto um nó se forma em meu estômago, pois o sorriso do Uchiha faz com que eu sinta que acabei de vender a minha alma para um demônio que usa terno de grife e ama ostentar um modelo de luxo europeu. 

O mesmo pega o papel em minha mão, ele assina de forma rápida e logo entrega para as testemunhas e para o advogado que não diz nada sobre a ideia absurda do cliente.  

Demora um pouco para que as demais testemunhas assinem e para que o documento seja guardado.  

— Amanhã vamos no médico, depois disso você arruma as suas coisas. 

—  Como? — o encarou sem entender. 

— Acho que você leu no contrato.  — faço que não, acho que foi nessa parte que me perdi. — Durante o próximo ano, até que ele seja feito e nasça você irá morar comigo.  — ele pega a minha bolsa e me coloca de pé.  — Hoje irei depositar o dinheiro combinado e o restante irá ser acrescentado na sua conta durante o período de um ano. Agora vamos, você tem que conhecer a sua mais nova casa. 

É oficial, eu vendi a minha alma! 

Acordo (Im)PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora