Em uma floresta fechada, que ficava fora de Nova York, Edward observava o movimento escondido nas sombras das árvores. Já tinha caçado um coiote, um casal de alces e uma raposa, mas, sentia que o animal em sua mira fecharia a caçada com chave de ouro.
A camisa branca que usava, no entanto, não tinha nenhuma mácula sequer. Tampouco seus cabelos estavam desalinhados: permaneciam impecavelmente arrumados. Isso porque sua estratégia nunca era o ataque voraz, e sim o perspicaz.
Edward pisou em um galho seco a fim de atrair a atenção do urso pardo que ele analisava. Como esperado, o animal voltou a sua atenção para a origem do barulho. Caçador experiente que era, Edward aproveitou-se do momento de distração da presa: ganhando impulso, pulou sobre a lombar do urso, e quando ia cravar seus caninos afiados e venenosos no pescoço do animal, a voz mental de Harry o sobressaltou. Aturdido, Edward se concentrou no pensamento de Harry: "Desculpe, eu não deveria ter feito isso. Foi um erro. Não sei onde estava com a cabeça quando te..."
O urso bramiu e apoiou-se nas duas patas traseiras. Com o movimento do animal, Edward, que estava sobre ele, caiu no chão. O experiente assassino, pela primeira vez, perdeu o timing da presa. "Droga! Agora vou ter que lutar com esse urso e a morte dele não vai ser sutil. Desculpe pela insensibilidade, minha cara refeição".
O vampiro esperou que o uso fizesse o primeiro ataque. Quando ele investiu, pulando sobre Edward com a boca aberta e bramindo, o vampiro deslizou de barriga por baixo do urso. "Infelizmente seu tamanho deixa você bem lento, hein grandalhão". Edward pensou rápido: estavam entre quatro árvores... Bastaria apenas escalar uma delas, pular com velocidade sobre o urso e liquidá-lo. Levou menos de dois segundos: o urso nem teve tempo de bramir de novo. "Argh... Minha camisa!".
As árvores eram um borrão enquanto Edward corria de volta para a cidade. Refletia sobre o pensamento que Harry tivera. Por que ele estava se desculpando? O que foi que ele fez? Por que não conseguira ouvir o fim da frase? Essa última pergunta o intrigou. Afinal, Edward sabia que ele era bruxo, e que por isso, talvez fosse possível esconder pensamentos através de magia.
Concentrou-se na mente de Harry, no entanto: "A que horas será que ele volta? Preciso agir com naturalidade... Se ele descobrir o que aconteceu entre eu e Bella *** Melhor eu ir ***" Ao ouvir, Edward conclui que de fato, Harry estava ocultando parte dos seus pensamentos. Mas qual era o motivo?
– Edward! – Bella, que estava esperando por ele, correu e o abraçou. – O que houve com a sua camisa?
– O que você acha? – respondeu rispidamente Edward.
Bella entendeu que Edward sabia que algo tinha acontecido. Adotando uma postura tranquila, disse:
– É que nunca você se suja... Aí pensei que você tivesse se machucado ou algo assim.
– Agradeço a preocupação, querida. – Edward controlou o tom da voz – Mas se alguém se machucou, não fui eu. Isso – ele apontou para a mancha –, foi porque um pensamento de Harry me distraiu.
Bella engoliu em seco.
– Aliás, por que você escondeu a sua voz mental de mim? Você é a única pessoa que pode fazer isso, mas nunca faz. Por que o fez, Bella? – questionou Edward, impaciente.
– Eu o fiz sem perceber! Desculpe.
– Bella, você está mentindo para mim? Seja sincera! – A voz de Edward saiu como um grunhido.
– Claro que não! Já lhe disse que fiz sem querer... Ainda estou aprendendo a manipular o meu dom!
– Ótimo! Então deixe-me ler sua mente agora. É uma forma de você treinar. Vamos!
Bella não reagiu. Abriu a boca para falar, mas nada saiu. Ela estava com remorso, sentia culpa. Queria contar-lhe que havia beijado Harry e que tinha gostado. Mas ao imaginar-se proferindo as palavras ou abrindo sua mente, a coragem esvaiu-se dela.
Edward ainda esperava, de cara amarrada. Como ela amava aquele homem! O primeiro e único da sua vida. Mas, agora seu corpo não vibrava somente por Edward. Harry, tão rápido como a luz, tão simples como o fogo, tomou a exclusividade que havia dentro dela. Como, ela não entendia.
– Olhe, Bella. – Edward tornou a falar após esperar – Você é a minha vida. Eu era um monstro solitário vagando no mundo por anos, até que você veio e trouxe a luz. Até hoje, tinha a certeza de que você era o meu espelho, que você sentia por mim a mesma devoção que sinto por você. Mas, vejo que isso está mudando e não posso fazer nada. Mas saiba que se você se for, minha vida vai com você... E só sobra o monstro adormecido dentro de mim.
A vampira não respondeu. As palavras de Edward eram verdadeiras: ela não precisava ler a sua mente para saber.
– Afinal, onde está o Harry? – Edward perguntou.
– Ah, ele foi a Londres. Disse que ia ao Appleby Arrows – respondeu Bella.
– O que é isso? – Edward subiu a escada que dava para os quartos com Bella em seu encalço.
– Ele disse que é um time de quadribol. É tipo futebol, mas se joga montado em vassouras. – Bella não encarava o marido nos olhos. Concentrava-se apenas em desabotoar os botões da camisa de Edward.
– Interessante – respondeu o vampiro, tirando a calça e deitando-se na cama.
– É. Parece que ele quer entrar para o time. Foi por isso que ele e a esposa se separaram: ela não concordava com isso. – Bella olhava-se no espelho aliviada por seu pescoço não ter marca de nenhum chupão.
Edward puxou a esposa para a cama.
– Que tal uma caçada a dois? Eu posso ser a presa hoje – Edward sussurrou com a voz rouca no ouvido da esposa.
Bella desvencilhou-se do abraço apertado do marido.
– Edward, acho melhor você tomar um banho – disse a vampira.
Edward deu uma gargalhada sombria.
– Você nunca se opôs... Você tinha fetiche, até!
– É. Mas hoje não vai dar, ok? – Bella estava impaciente.
– Você que manda. Eu só vou perguntar mais uma vez: está acontecendo alguma coisa que eu deveria saber e você não quer me falar?
– Não, Edward, não.
– Ótimo, então – disse Edward. – Harry volta para o almoço?
– Não. Só para o jantar – respondeu Bella. – Por que?
– Perfeito. Vamos fazer um jantar e chamar os outros. – Edward estava pensativo. – Eles iriam querer conhecer o Harry, e acho que a ocasião será adequada.
Bella não gostou da ideia de ter que ficar à uma mesa por mais de uma hora com Harry e Edward juntos. No entanto, ela não se opôs.
– Claro – disse Bella. – Vai ser engraçado... Só ele vai comer.
– Sim, vai ser engraçado, mas acho que o motivo não vai ser esse – disse Edward levantando-se e encaminhando-se para o chuveiro.
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Perfídia (concluída)
FanfictionQuando Harry Potter completa 40 anos, ele se vê em uma crise existencial e toma uma atitude que custa o seu casamento. Após a separação com a esposa, ele viaja para os EUA a fim de organizar os seus pensamentos, porém, um encontro inesperado com o c...