Capítulo 7

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– Sinto muito, sr. Harry Potter, mas nós não estamos precisando de jogadores para o nosso time. – De frente para Harry, o técnico do time Appleby Arrows enlaçava as mãos sobre a mesa.

– Entendo, sr. Thomas. Mas, o senhor já deu uma olhada no meu currículo? Creio que...

– Sim – interrompeu Thomas, coçando sua barba espessa. – Mas isso não te faz melhor do que os outros a ponto de você querer que eu demita alguém que já está conosco há tempo.

Harry estava desiludido. Como fora tão egocêntrico a ponto de achar que apenas com uma conversa casual, conseguiria convencer o técnico de um dos maiores times bruxos a tirar alguém para ele ocupar o seu lugar? "Estupido".

– Tenha um bom dia, sr. Potter. – O homem corpulento saiu da sala e deixou Harry sozinho com seus pensamentos.


Caminhando pelas calçadas de Londres, após o fracasso com Thomas, Harry pensava no motivo real pelo qual tinha se envolvido com Bella. "Beleza? Juventude? Hum..." No fim, ele chegou à conclusão de que foi esses motivos, mas não somente isso: Harry precisava de um bote salva-vidas para não se afogar na dor. "Que mesquinho".

Depois do ocorrido com Bella, Harry sentia-se o pior dos vermes da Terra. Se algum dia reatasse com Gina, ele se sentiria até incapaz de tocá-la, tal a maneira que se sentia culpado. Porque no fundo, ele sabia que isso um dia aconteceria. Juntos, eles já tinham passado por muitas coisas, e não seria uma briga que destruiria tudo tão fácil assim. Mas, agora a história era outra.

Enquanto rodopiava para aparatar em Nova York, ele viu um cabelo ruivo dobrando a esquina, mas antes que pudesse ver quem era, a escuridão o envolveu, e ele apertou bem a capa de viajem contra o corpo.


Na casa alugada, a família Cullen já se encontrava para o jantar relâmpago organizado por Edward. Todos aguardavam a chegada de Harry na sala de visitas, mas a mesa já estava posta.

– O que você nos obriga a fazer, hein Edward – falou Rosalie fazendo cara de nojo. – Se ele for inteligente, com certeza irá embora. Um humano no meio de oito vampiros... – ela balançou a cabeça negativamente – Tsi, tsi, tsi.

– Só ia restar a varinha dele. – Emment, que estava com Rosalie no colo, riu estrondosamente.

– Harry é bruxo, Rose – disse Alice. – Aposto que levaria vantagem sobre nós todos, se fosse preciso. O que acha Jasper?

– Eu concordo com você – falou Jasper.

– Ah, que bonitinho – interrompeu Rosalie. – O Jasperzinho concorda com a Alicezinha porque eles são um casalzinho.

– E você e Emment são o que, por acaso? – Jasper estava irritado com a hipocrisia.

– Ei – Alice sussurrou para Jasper –, não liga pra ela. Sabemos que ela era burrinha quando humana, e ser vampira não muda muita coisa.

– Por favor, Rosalie – interveio Carlisle –, nos dê um tempo.

– Mas... – ela jogou o cabelo loiro, abriu a boca para falar, mas se conformou e parou com as implicações.

Instaurou-se o silêncio. A lareira queimava e estalava, ardendo em brasa. Do lado de fora, começava a cair uma fraca neblina, e o vento chicoteava as janelas. Então, eles ouviram passos se aproximando e concluíram que deveria ser Harry.


Bella era a única que ainda não estava na sala. Sentada na cama do quarto, ela se olhava no espelho e detestava a si mesma. Odiava o que tinha feito, o viço da pele perfeita de mármore, o brilho dos olhos e dos cabelos, o vestido preto que caía bem em seu corpo... Pela primeira vez, Bella desejou ser humana e feia.

Perfídia (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora