Capítulo 1- A carta

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Sofia:

   Finalmente estava de volta, bem na frente da minha verdadeira casa; minhas mãos estavam tremendo e eu não fazia ideia do por quê. Minha irmã abriu a porta e me deu espaço para passar, e assim fiz, adentrando a casa e correndo para os braços da minha avó. Eu estava com tanta saudade dela e de tudo, que sem ao menos perceber comecei a cair em lágrimas, meu avô veio lentamente em minha direção e se juntou ao nosso abraço em família. Ficamos um bom tempo assim, depois aproveitamos para conversar, enquanto minha avó tirava os cookies de morango do forno (são os meus favoritos).

– Minha nossa, eu estava com tanta saudade de vocês!– Disse colocando mais café na xícara.

– Eu não estava nem um pouco!– Exclamou minha irmã, revirando os olhos e sorrindo logo em seguida– Agora eu vou ter que dividir meu quarto com você.

– E o que houve com o meu quarto?

– Como você estava vindo para cá, a abuelita achou uma boa ideia transformar seu quarto em um estúdio improvisado para você trabalhar, então ela passou suas coisas para o meu quarto.

– Você está falando sério?– Abri um sorriso confuso.

– Sim, mas não deu tempo de arrumar tudo e o seu violão antigo ainda está em algum lugar no porão, caso você queira pegar.

   Me retirei da mesa e fui andar pela casa, e quem diria que ela estaria tão diferente, todavia, eu me sentia tão bem. Desci até o porão e fui procurar meu violão, queria ter levado ele comigo para a Colômbia. Revirei todos os cantos possíveis, e quando já estava me convencendo a desistir, encontrei-o encima de um baú escondido ao lado do armário velho onde meu avô costumava guardar os tacos da época em que ele ainda jogava baseball. Peguei os dois itens e levei-os para o meu estúdio improvisado. Abri o baú e me deparei com algumas coisas como: bijuterias, brinquedos, e até mesmo alguns poemas, porém meus olhos dedicaram toda a sua atenção a um amontoado de cartas. A letra era tão bonita e delicada, parecia ter sido escrita por um anjo ou alguém excelente em caligrafia. Sentei-me na poltrona perto da janela; peguei uma das cartas e comecei a ler:

"Querida garota que eu amo,
Eu não queria estar escrevendo essa carta, principalmente depois de ter visto você e aquele garoto dividindo um sorvete na praça, mas eu não consigo evitar. Eu queria parar de gostar de você, eu só tenho 13 anos e você é só minha amiga, mas eu amo os seus olhos, eu sei que não faz sentido o que eu estou escrevendo, e quem liga? Você nunca vai ler isso mesmo!
Queria poder tirar você da minha cabeça, queria que você não fosse uma das primeiras pessoas que eu vejo pela manhã, mas isso é impossível, porque você é minha vizinha e sempre vamos juntas para a escola..."


   Simplesmente travei quando li essa parte, deixei o papel cair, "não pode ser" repeti várias vezes para mim mesma, não consegui me manter firme, essa letra tão perfeita só podia pertencer a uma pessoa. Senti um nó se formando na garganta, decidi pegar a carta e ver se tinha alguma assinatura, e lá estava escrito "com amor, Chloe" no final do papel.




*Abuelita= vovó em espanhol

Oi, espero que tenham gostado desse capítulo, em breve eu postarei o próximo, e me desculpem pela demora.

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