•Capítulo 1•

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                                                            𝑆𝑎𝑛𝑡𝑎 𝑀𝑜𝑛𝑖𝑐𝑎 - 𝑈𝑆𝐴

𝗣𝗢𝗩 | 𝗝𝗼𝗮𝗹𝗶𝗻

𝟭𝟯 𝗮𝗻𝗼𝘀 𝗮𝘁𝗿𝗮𝘀...


Uma família como qualquer outra e, uma casa como qualquer outra não definiria exatamente como cada membro daquela casa era importante para mim. Poderia ser um dia comum, como qualquer outro mas, esse era um dia em que comemorávamos uma tradição antiga, na qual em um determinado dia fazíamos o possível para impressionar cada um, quem ficasse mais surpreso ganharia algo de seu interesse, mas mamãe sempre foi a mais emotiva.

Eu acabara de me despertar e corria pela casa atrás de mamãe para lhe dar um abraço.

-Oh, querida! - minha mãe gargalha e me pega no colo em um de seus braços.

-O que está fazendo mamãe? - ela sorri e aperta meu nariz.

Vejo que é o prato preferido da nossa família e faço um sinal de silêncio, prometendo não contar ao papai que seu prato preferido estava sendo preparado.

-Querida, vá ver onde Jonah está para mim? O almoço está quase pronto! - eu aceno com a cabeça e desço de seu colo para rapidamente colocar as minhas pernas para correr em busca de papai.


Sem mais fôlego para percorrer pela casa sem rumo, resolvo ir ao escritório de papai e... Ah, lá estava ele!

-''Ding Dong! O relógio já bateu!'' - recito alguns dos códigos em que papai me ensinou e ele sorri me mostrando suas rugas e seus dentes amarelados.

-''Mas porque o relógio está batendo?'' - ele se levanta de sua cadeira, na qual parece muito confortável e me gira em seus braços enquanto gargalho

-''Porque é hora da coruja sair!'' - ele me abraça e corremos para a cozinha, na qual mamãe está nos esperando com uma cara quase totalmente fechada. Se não fosse pelo sorriso quase se formando nos cantos de sua boca, eu me preocuparia mas esse não era o caso.


-Ei mamãe! Onde está Miguel? - ela olha para mim confusa e logo faz a pergunta:

-Ele não acordou junto com você?! Hum, que estranho... Filha, você não pode ver onde seu irmão está para mim? - sorrio e quando papai me coloca sobre o chão de madeira, corro novamente para o quarto de Miguel.


-Miguel! Miguel! Miguel! - bato na porta repetidas vezes até que ele abre, com sua cara de adolescente amargurado.

-Vem, mamãe ta' chamando! - puxo ele pela mão com toda minha força e tudo o que ele faz é bocejar com a outra tampando sua boca e, com certeza seu mau hálito.

Bufo e piso em seu pé para então, ele correr atrás de mim em busca de sua ''vingança'' sem sentido. Quando chego na cozinha novamente, me escondo entre as pernas de mamãe e o mostro minha língua como sinal de provocação, ele retruca.

Papai nos olha de canto e segura sua risada, pois sabe que só fiz isso para provocar Miguel, lhe dou um olhar cúmplice e comemos depois de agradecermos pela comida.


-O que estava fazendo naquele quarto filho? - mamãe pergunta o porquê da demora de Miguel e ele revira os olhos.

-Jogando mãe, você sabe que a senhora... - eu o corto pois sei que o final de tudo vai ser briga.

-Deixa ele mãe! Ele é um abestado com hormônios a flor da pele! - quando termino de falar, todos riem e Miguel, que estava sentado em meu lado bagunça meu cabelo, vermelho de pura vergonha.

-Está bem, está bem! - ele fala com os braços para cima - Eu desisto! O que vossa rainha queres agora?

-Eu... - dou um suspense pois papai sempre nos disse que suspense é ótimo em impressionar pessoas - Quero... - todos me olham atentos para a palavra importante que vou falar, enquanto eu me esforço para não rir - Comeeeerrr!!!


Enquanto todos gargalham, eu sinto um arrepio nas costas indicando que algo ruim aconteceria e, na maior parte das vezes, eu acertava. Uma vez Nicolas, amigo de Miguel, estava brincando com ele no parquinho de frente a nossa casa, senti esse mesmo arrepio nas costas e minutos depois Nicolas quebrou sua perna, Miguel foi ajudar seu amigo mas acabou quebrando seu braço esquerdo também.


Em meio meus pensamentos ouço aleatoriamente uma reportagem que estava passando na sala, que era do lado da cozinha.

-''Esperem um momento!... - a repórter aperta alguma coisa em seu ouvido e arregala os olhos em seguida.

-famílias de Santa Mônica, se abriguem em sua casa imediatamente... uma bomba está indo em direção aos Estados Unidos e parece ter vindo do Oriente Médio, repito...''

Mamãe e papai estavam a gargalhadas, e por 1 minuto a casa ficou em silêncio, eu tentava entender o que estava havendo.

-Mamãe? O que... - meu pulso fora puxado por papai que me levava para seu escritório.


-PAPAI! O QUE ESTÁ ACONTECENDO?? - mamãe colocou sua testa colada na minha, seus olhos pareciam pequenos lagos de água e, pela primeira vez eu vi o boboca do Miguel chorando.

-Filha... a mamãe te ama muito ok?

-Mas... - minha boca foi tampada pelo dedo de mamãe, ela me deu as alianças de ouro do papai, no qual papai tinha escondido na gaveta do escritório.


Miguel me pegou no colo e ao empurrar um livro, uma espécie de passagem secreta se abriu, completamente de ferro em volta.

-Joalin não dá tempo de explicar sua cabeçuda - ele ri, mas não parece nada engraçado - Nós sempre vamos te amar... SEMPRE, ouviu??


Eles entraram e papai fechou aquela passagem secreta, me abraçou fortemente... logo em seguida, mamãe e Miguel também me abraçaram formando uma espécie de casulo.

Todos sussurravam inúmeras coisas incompreensíveis mas cheias de afetos. Foi quando eu senti uma espécie absurda de calor que entendi o que estava acontecendo... aquela seria a última vez em que veria e abraçaria minha família completa...

A única coisa que me lembro depois disso, é acordando repleta de queimaduras e minhas lágrimas caindo sem cessar naquele lugar quente, escuro e ao lado de esqueletos repletos de pele das pessoas mais importantes da minha vida.

O grito em que eu dei naquele dia estava cheio de tristeza, medo e dor, e é o mesmo grito que quero dar ao acordar todos os dias com essas lembranças...

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⏰ Última atualização: Oct 10, 2020 ⏰

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