Monólogo

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Numa noite estrelada perto da ponte, eu olhei fixamente nos seus olhos castanhos café e disse-lhe:
- Deixa eu te contar do clima louco que faz por aqui, de como as estrelas não brilham mais como antes, deixa eu te contar da saudade, das vezes em que ela apertou forte, da vontade de te ter por perto, da falta e da saudade que sufocam nas noites frias...

-TU DEIXAS!?

Ela parecia estar em Transe hipnótico, não dizia nada, nem um, nem dois... Eu continuei revelando o segredo do universo imenso e místico em mim!

- Não sabia eu, que a solidão fosse me rasgar assim, deixando-me em mil pedaços pequenos dispersos por todos os sítios por onde a gente passou, o silêncio do nosso quarto deixou-me louco. Como a tela gigantesca da sala cinematográfica, as paredes do nosso quarto me trouxeram memória fotográficas irreais, o vazio me preencheu, a sua fragrância impregnada nas minhas roupas absorveram o meu machismo e me tornam num cachorro vira lata, deambulando e mendigando um pouquinho de osso de quem tem muita carne para dar. Para ti isso é só um jogo, eu sei. Mas será que podemos jogar juntos esse jogo, e não jogar um contra o outro!?

Natureza cautelosa feminista, ela observava cada gesto e engolia cada sapo vindo de mim, e via um príncipe falando. Mas eu cansado de tudo finalizei dizendo:

- Vejo que se estão a criar ideias obscuras em sua cabeça, então dou por encerrado esse monólogo.

#ErnezLucas

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