Tudo é cinza Para Andrew

Andrew

Brincando no balanço do parque, vejo minha mãe me observando com os braços cruzados e um sorriso no rosto. Ela acena para mim. Sinto-me feliz com aquilo, e também aceno.
Vejo que um homem de repente está atrás de mim, eu olho para trás, mas perco meu controle e então caio no chão.
Olho novamente para frente, ainda no chão, grito ajuda para minha mãe, e fico assustado com o que vejo.
Minha mãe estava ali, um pouco mais distante, com a mesma expressão, ela estava sorrindo e de braços cruzados.
Levanto-me rapidamente, e começo a andar em direção a ela. E quanto mais eu andava, mais parecia distante.
Eu a observo e seus olhos... Estavam sangrando, o nariz, a boca, e principalmente o pescoço. Começo a chorar, até que aquele homem novamente aparece, mas sem o rosto, eu não conseguia o ver, estava com uma faca e ele diz "Agora é sua vez garoto" começo a gritar até que...
-Andrew? Está tudo bem?

-Andrew? Está tudo bem?- Diz a professora Miller, com um semblante confuso, um pouco assustado e preocupado.
Alguns da turma riram muito baixo, mas o suficiente para que eu conseguisse ouvir.
E ela continua falando, inclinando-se um pouco mais para baixo e perto da minha carteira.  -Está tudo bem Andrew se não conseguir vir na aula esses dias, todos nós entendemos oque está passando agora, você precisa descansar sua mente e não vir nas aulas por enquanto, ok?
Aceno com a cabeça concordando com a professora, e peço para ir ao banheiro.
Caminhando pelos corredores da escola vejo que muitos olhavam para mim, e cochichavam entre si. Sim, eu sabia que todos eles já estavam sabendo que minha mãe morreu, mas tentava não me importar com os comentários, muitas vezes até cruéis.
Entro no banheiro, e me deparo com quem não gostaria, o Henry, um dos meninos mais babacas da escola, tento ignorar, seguir em frente e andar normalmente, mas ele me empurra e diz:
-Estou tão triste por você, agora eu posso acabar com você, sem que você chame sua mamãezinha, agora ela está morta. –E então ele dá um sorriso maldoso.
Sinto o ódio imenso e penso em bater naquele desgraçado até ele chorar, e pedir perdão por tudo que falou. Mas estou fraco demais para fazer isso. E então o ignoro.
-Não vai me responder não otário?- ele abre outro sorriso, me empurra novamente, fechando suas mãos dando-me um soco no rosto. Eu caio no chão colocando as mãos em meu rosto, meu nariz estava sangrando.
Novamente sinto muita raiva, mas não faço nada. E me perguntei: 'porque sou tão fraco? porque as pessoas são tão ruins?' algumas lagrimas saem do meu rosto.
Levanto-me do chão caminhando lentamente até a pia. Lavo meu rosto que está com sangue. Olho no espelho e vejo que meus olhos, que é azul claro, estavam tão escuros, a pupila totalmente dilatada e uma cor arroxeada em baixo dos olhos. Assustei-me de primeira, mas depois percebi que não tenho dormido bem por muitos dias.
Perco meus pensamentos, quando ouço a porta do banheiro abrindo. Era o Nick- um cara muito legal, sempre me ajudava, e obviamente o único amigo que eu tinha na escola-.
Senti -me aliviado e confortável com a presença dele.
Ele me olha e não diz nada, apenas me abraça por um tempo.
Fico surpreso, mas me sinto acolhido naquele momento, e lembro que a última pessoa que me abraçou foi a minha mãe.
E então eu dou um passo para trás depois de abraçá-lo, e o agradeço por isso.
Ele dá um sorriso.
- Não precisa agradecer por isso. Andrew, eu espero que tudo fique bem com você e com sua família.
Eu o agradeço novamente.
-Agora eu tenho que voltar para a aula, até mais. - ele se vira abrindo a porta, e se lembra de mais uma coisa. - Ah Andrew, se quiser passar um tempo na minha casa, você pode ir depois da aula, seria bom para você distrair.
Eu digo um pouco desanimado que talvez eu possa ir.
Com tudo o que tá acontecendo ir à casa de amigo não seria a melhor ideia.
Eu também abri a porta e saio do banheiro. Ando pelos corredores, e novamente as pessoas me olhavam, aquilo me irritava. Tento andar o mais rápido possível, a caminho da biblioteca.

Chego à biblioteca, e vou procurar algum livro para me distrair.

Procuro algum do Stephen King, meu autor favorito, e acho o livro o iluminado. Um dos meus livros favoritos. Abro em uma página qualquer, e começo ler uma frase.