A Queda da Montanha

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Por quê?

Por que comigo?

Logo eu, o grande Goran, poderoso guerreiro da ordem de Kolbarten, 2,06 metros de puro músculo. Derrotado. Caído. Sem forças para sequer me mover.

Atirado e abandonado como um trapo velho, um boneco de pano desgastado.

Oh, céus, o que fiz para merecer tamanha dor e sofrimento? Será o Carma, o acaso, ou malevolência de uma entidade invisível e cruel? Haverá alívio para este mal que me aflige, mesmo que a própria morte?

Será que Kolbarten poderia ajudar nisso? Como seria essa conversa?

"Oh, divino Kolbarten! Arrasto-me a seus pés para suplicar que me mate! Que me alivie deste sofrimento vampírico que me drena a vida. Desta praga, desta maldição, des, dh, da, a, a, aaahhh...

ATCHOOO! ATCHIM! ATCHH! Hunc!

Do Resfriado!"

... Acho que ele me daria um tapa na cara.

Mas apenas porque ele é um deus imune a doenças que nunca passou pelo que estou passando agora! Estou aqui, isolado em meu quarto, sem poder ir nas missões para combater as injustiças dos mundos, ajudar os inocentes, ou comer comida decente! Não, eu tenho que ficar aqui, vendo meu machado pegar pó, minha armadura perder o brilho, e ser "paciente".

...Quer saber? Não sou conhecido pela minha paciência, sou conhecido pela teimosia! Minha força de vontade para superar os obstáculos que se erguem perante mim! Se eu quero, eu posso! Vou sair desta cama e provar para o chefe que estou pronto para voltar a ação!

Hnn, haf. ok. Pé esquerdo agora, isso, hnn, haf. Agora o direito, ai, ai... haf. Agora, le... vannnn... tar! Haf.

Agora, procurar o chefe.

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- Volta pra cama, Goran.

Qual é, Nobre, eu sei que você sabe que eu estou mais do que pronto para voltar a ativa.

- Na verdade, eu sei que você sabe que eu sei que você ainda não está nem perto de estar curado.

Ah, é? Mas eu sei que você sabe que eu sei que você sabe que... hã... enfim, eu posso voltar a ativa, eu estou mais do quaa, aaa, AAAA... ATCHOOO, A-ATCHIIIM, ATCHAAA, Ahhh. Ah. Hu-hum. Mais do que pronto para qualquer coisa.

- ... A-hã... - disse ele com desinteresse, dando mais uma mordida no sanduíche.

Esse é nosso chefe, Nobre. Confiável, destemido e muitas vezes um pé no saco. Tá certo que manutenção na armadura é importante, mas se aquelas placas de aço fossem mais polidas, seriam um espelho! Acho que ele trata a armadura dele até melhor do que seu cabelo liso loiro e sua barba aparada. Sabe, eu já tentei deixar minha barba crescer uma vez, mas dava uma agonia infernal. Não importava quanto eu coçasse, o formigamento não parava. Eu ouvi falar que tem que usar hidratante e lavar a cara com xampu, mas isso é muita frescura! Eu nem uso xampu no cabelo, eu passo sabão direto...

Ah, por que eu estou pensando em barba e cabelo? Essa doença maldita afeta até o cérebro. Nem sei se eu pensei isso em voz alta.

- Pensou sim.

Droga.

Olha, só me dá uma chance de provar que eu estou bem. Qualquer teste serve.

- Qualquer um, é? - ele engoliu o que estava mastigando e começou a olhar pelo refeitório – Vamos ver então você levantar... aquele conjunto de cadeiras empilhadas ali.

A Queda da MontanhaOnde histórias criam vida. Descubra agora