07. Em Busca

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Enquanto caminho pelos corredores do hospital, minha mente está sobrecarregada com pensamentos. A reflexão sobre minha sexualidade me atormenta. A ideia de me abrir sobre isso para aqueles que amo me causa uma angústia constante. Por que é tão difícil falar sobre isso? E quanto ao meu pai, por que sua reação é sempre de hostilidade? Será que algum dia ele será capaz de aceitar quem eu realmente sou? A hesitação em contar a Tiana sobre minha orientação sexual também pesa em minha mente. Será que ela perceberia e como reagiria? A insegurança e o medo de não ser aceito me deixam inquieto e angustiado, quase como se houvesse um peso constante em meu peito.

Decido voltar para o meu quarto. Ao apertar o botão do elevador, vejo Eric dentro, já aguardando. Seu olhar ansioso revela que ele está preocupado.

- Finalmente, te achei! - Ele me puxa para dentro do elevador com uma energia quase frenética. - Seu pai voltou com uma criança e uma mulher, eles estão te procurando.

- Deve ser minha irmã e minha madrasta. Você viu se minha mãe também veio? - pergunto, tentando entender a situação.

- Não sei, ela deve estar com eles. Onde você estava todo esse tempo?

- Na maternidade, olhando os bebês. Pensando sobre a vida e sobre como tudo poderia ser diferente...

- Eles são uma graça, não? Sempre fico feliz em vê-los - Eric comenta, um sorriso leve no rosto.

- Sim, eles realmente são fofos - admito, sorrindo ao lembrar daqueles pequenos seres, que parecem tão puros e sem preocupações.

As portas do elevador se abrem e nós caminhamos até meu quarto.

- Filho! - minha mãe exclama, correndo para me abraçar com alívio e carinho.

- Calma, mãe, só fui dar uma volta - respondo, tentando acalmá-la enquanto sinto o peso de suas preocupações.

- Lolo! - Luiza corre e pula em cima de mim, com um sorriso travesso. - Esse curativo no seu nariz é engraçado!

- Lorenzo, que bom que você está bem - Carina diz, com um sorriso gentil e um abraço acolhedor. - Você me deixou preocupada.

- Agora eu estou bem! - digo, sorrindo para todos, embora o cansaço emocional ainda me pese.

Nesse momento, os doutores entram no quarto.

- Bom, como o Lorenzo não apresentou complicações, ele terá alta ainda hoje - Dr. Morazzi diz, com um tom de satisfação.

- Que bom! - minha mãe e Luiza comemoram, um sorriso de alívio nos rostos.

- Mamãe, eu posso ser uma médica igual à doutora do Lolo? - Luiza pergunta, com os olhos brilhando de entusiasmo e esperança.

- Claro, filha! - Carina responde, carinhosa. A Dra. Morazzi sorri e entrega um estetoscópio de brinquedo para Luiza, que imediatamente o segura com orgulho.

Minha família passa o dia comigo no hospital, com exceção do meu pai, que teve que resolver assuntos do escritório, e Carina, que precisou voltar ao trabalho.

No quarto, estou deitado mexendo no celular quando alguém bate na porta.

- Tá aberta, mãe! - digo, sem olhar para a entrada. A porta se abre e, para minha surpresa, Valentino aparece.

- Oi, você de novo por aqui! - digo, um pouco surpreso ao vê-lo. Seu olhar revela uma mistura de curiosidade e preocupação.

- Dessa vez o motivo não é exatamente você... - Valentino se senta na poltrona com um olhar sério. - É sobre sua amiga.

- Qual? - pergunto, já pensando em quem poderia ser.

- Acho que o nome dela é Thalita.

- Você quis dizer Tiana, certo?

No Diferente, Nos Encontramos (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora