08. Manhã de Desafios

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Acordo na manhã seguinte com uma sensação estranha, como se meu corpo estivesse tentando se acostumar com o novo ritmo. A dor no nariz ainda está presente, mas menos intensa. O sol entra suavemente pelo vidro da janela, trazendo uma sensação de calma e renovação. Me sinto aliviado por estar em casa, mas também ciente de que o dia não será totalmente tranquilo.

Desço para o café da manhã, sentindo o aroma do café fresco misturado com o cheiro de torradas. Minha madrasta já está na cozinha, preparando o café, enquanto Luiza, animada, fala sobre o que aprendeu na escola. Me sinto grato por ter esse momento de normalidade.

- Bom dia, Lorenzo! Como você está se sentindo? - Carina pergunta, com um sorriso caloroso.

- Bom dia! Estou melhor, obrigado - respondo, sentando-me à mesa e pegando uma fatia de pão.

- Que bom. Você ainda vai precisar de repouso, então aproveite para relaxar. - Ela coloca uma xícara de café à minha frente e se senta ao meu lado.

Meu pai entra na cozinha, com um semblante preocupado e cansado. Ele parece estar tentando processar o que aconteceu, mas sua expressão revela uma tensão subjacente.

- Bom dia, Lorenzo - ele diz, de forma um tanto distante. - Como foi a noite?

- Boa, pai. Só um pouco cansativa - respondo, tentando manter a conversa leve.

- E o que exatamente aconteceu ontem à noite? - A pergunta vem carregada de uma curiosidade que eu não consigo ignorar.

- Você sabe o que aconteceu, pai. Eu já expliquei - digo, tentando ser direto.

- Não, eu quero entender. Por que você se meteu em algo que não era da sua conta? - Ele pergunta, sua voz carregada de frustração. - Agora você está com o nariz quebrado e não pode treinar.

- Eu não estava apenas me metendo, pai. Estava defendendo uma pessoa que estava sendo agredida - respondo, sentindo a tensão crescer.

- Mas isso não justifica o fato de você ter se machucado. E se você quer ser um bom jogador de futebol, precisa aprender a se manter fora de problemas - ele diz, com um tom autoritário.

- Não se trata só de futebol, pai. Se trata de fazer a coisa certa - digo, tentando me manter calmo, mas sentindo a frustração crescer. - Às vezes, ajudar alguém é mais importante do que qualquer treino.

- Pode ser, mas você não precisa se machucar para isso - ele rebate, com um olhar que não admite discussões.

- Pai, eu realmente não quero discutir sobre isso agora. Só quero seguir em frente e me recuperar - digo, me levantando da mesa, cansado da conversa.

Saio para a varanda, tentando espairecer. O ar fresco me faz bem, e o jardim da frente oferece uma pequena pausa para minha mente tumultuada. Sento-me em uma das cadeiras e olho para as árvores e flores, pensando em como tudo poderia ser mais simples. A sensação de estar livre de um ambiente hospitalar é reconfortante, embora o peso da conversa com meu pai ainda me incomode.

O tempo passa e, enquanto estou sentado, minha mente divaga para outros assuntos. Preciso me preparar para a visita de Tiana à tarde. Sinto uma mistura de expectativa e nervosismo. Tiana é uma amiga próxima, e compartilhar com ela sobre minha sexualidade é algo que eu vinha adiando.

Finalmente, o horário da visita chega e Tiana bate à porta. A recepção é calorosa, e ela entra com um sorriso, seu olhar demonstrando preocupação e afeto.

- Oi, Lorenzo! Como você está se sentindo? - Ela pergunta, sentando-se ao meu lado no sofá.

- Oi, Tiana. Estou melhor. Ainda um pouco dolorido, mas estou indo bem - respondo, tentando soar relaxado.

- Fiquei muito preocupada quando soube do que aconteceu. Mas vi que você está em casa agora, e isso é um alívio - ela diz, abraçando-me. O gesto é reconfortante e me faz sentir que estou cercado por pessoas que se importam.

- Obrigado por vir - digo, sentindo uma onda de gratidão. - Eu queria aproveitar que você está aqui para te contar algo.

- Claro, pode falar - ela diz, encorajadora.

- Bem, é sobre minha sexualidade. Eu... - começo, hesitante. - Eu sou gay. Gosto de meninos.

Tiana me olha com um sorriso acolhedor, e seu olhar não demonstra surpresa, apenas um contentamento genuíno.

- Lorenzo, eu já percebi que você estava segurando algo. Não precisava ter medo de me contar. Eu só quero que você seja feliz e verdadeiro com você mesmo - ela diz, segurando minha mão com um gesto carinhoso.

- Sério? Eu estava tão nervoso. Achava que você poderia reagir de forma diferente - digo, aliviado ao ouvir suas palavras.

- Não, eu estou feliz que você confie em mim para compartilhar isso. E mais importante, eu quero que você saiba que estou aqui para o que você precisar - ela responde, com um sorriso que ilumina seu rosto.

- Obrigado, Tiana. Isso significa muito para mim. - A conversa se desenrola de forma tranquila, e sinto uma nova sensação de alívio e apoio.

Enquanto conversamos, a tarde passa de forma mais leve, e a presença de Tiana faz com que eu me sinta mais fortalecido. Ela conta algumas novidades da escola e nos rimos juntos, o que ajuda a tirar minha mente do estresse.

Quando ela finalmente se despede, me sinto mais animado e otimista. O dia foi difícil, mas o apoio dos amigos e o carinho da família fazem com que eu encare os desafios com mais coragem. Enquanto Tiana vai embora, eu me sinto grato por ter pessoas como ela em minha vida.

O resto do dia passa calmamente. A conversa com meu pai ainda está presente em minha mente, mas o apoio de Tiana e o carinho de minha família ajudam a suavizar o impacto. À noite, antes de dormir, olho pela janela e vejo as estrelas brilhando. Sinto uma paz interna, sabendo que, apesar das dificuldades, tenho um círculo de pessoas que me apoiam e entendem.

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⏰ Última atualização: Oct 12 ⏰

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