Capítulo 1 - Quando a marca aparece

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Eu odiava ter que ir para a escola por muitos motivos, sendo o principal deles, as aulas chatas que tinha que eu aguentar. Porquê, convenhamos, acordar cedo para ouvir um bando de professores tentando nos ensinar coisas que nunca iremos usar na nossa vida, não é minha atividade favorita e duvido que seja a de alguém.

Mas é óbvio que não é por que eu não gostava das aulas que eu iria ser um desleixado e não me esforçar pra aprender as coisas. Crítico quanto ao sistema de ensino sim, burro jamais.

Contudo, mesmo sendo o que algumas pessoas da faculdade gostam de chamar de "nerd", não era todos os dias que eu estava disposto a abrir mão do conforto da minha cama para me arrumar e ter que ir andando para a universidade - e não importa que a universidade seja a só dois quarteirões do apartamento onde eu morava, não era todos os dias que eu tinha ânimo pra fazer essa caminhada matinal.

Meu despertador deveria estar berrando a quase dois minutos quando Jimin, vulgo meu melhor amigo, entrou no meu quarto, com cara de sono, e se jogou em cima de mim.

Nós dividiamos esse pequeno apartamento desde que começamos a faculdade, mas éramos amigos muito tempo antes disso. Conheci Jimin no primário, ele foi o primeiro corajoso que se aproximou do garoto novo que não tinha passado o berçário com aquela turma, e mesmo que tenhamos participado de alguns grupinhos e tido alguns amigos ao decorrer de nossos vários anos estudando juntos, a nossa amizade foi a única que nunca mudou e apenas se fortaleceu.

Depois de 10 anos estudando juntos, começamos a nos chamar de "soulmates", por que só uma ligação assim poderia explicar nossa cumplicidade e parceria.

Foi por estarmos a tanto tempo convivendo juntos que nossos pais aceitaram que nós nos fôssemos morar em outra cidade, em um apartamento só para nós dois.

Jimin fez pressão contra meu corpo, provavelmente tentando me acordar, mas não estava dando muito certo considerando que ele estava tão sonolento quanto eu e quase dormindo em cima de mim.

Eu teria continuado a ignorar o despertador e teria voltado a dormir, me enroscando em Jimin, caso meu telefone celular não tivesse começado a tocar, no volume máximo, "It's time" do Imagine Dragons, indicando que eu estava recebendo uma ligação.

O volume "explodindo os tímpanos" parecia estar ativado, por que tanto Jimin quanto eu, nos levantamos da cama num pulo. Me xinguei mentalmente por não ter abaixado o volume do celular antes de ir dormir, mas, em defesa de mim mesmo, ontem a noite eu estava assistindo um vídeo de coreografia e deixei o volume no máximo para que mesmo longe do celular, eu conseguisse escutar a contagem dos passos e as dicas da professora.

Me aproximei do celular xingando quem estava me ligando de todas as palavras que poderiam ser consideradas ofensivas que eu conhecia, em todas as línguas que eu conhecia alguma palavra ofensiva. Mas assim que vi qual o nome estava no visor, engoli as ofensas e pedi perdão silenciosamente, mesmo que a pessoa não soube todas as palavras chulas que eu havia proferido para com ela.

- Oi Mãe! - atendi o celular já a cumprimentando e tentando fazer uma voz alegre, para que ela não desconfiasse que a segundos atrás estava basicamente mandando ela apodrecer no inferno.

- Oi, meu principezinho!! Mamãe estava morrendo de saudades de você!! E não precisa se justificar, eu entendo que por conta da faculdade tua vida está corrida, mas não custa você ligar para casa de vez em quando... nem que sejam só 10 minutinhos por dia!

- Mãe, já conversamos sobre isso - começo o discurso que já fiz mais vezes do que posso contar nos dedos das mãos, enquanto começava a caminhar pelo quarto, pegando as coisas que eu iria precisar para a aula - A faculdade tá puxada demais, tem dias que eu não tenho tempo de tomar banho direito, quem dirá fazer alguma ligação... eu te prometi que ligaria toda semana, e nunca descumpri isso! Esse era nosso acordo, lembra?

Soulmate MarkOnde histórias criam vida. Descubra agora