Capítulo 2 - O depois da descoberta

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Este capítulo contém menção a alguns sintomas de ansiedade. Caso você se reconheça neles, busque acompanhamento psicológico.

Antes de todos os acontecimentos, eu tinha certeza que iria dormir bem e acordar disposto para enfrentar mais um dia exaustivo de aulas, mas após a incrível descoberta de quem é minha "alma gêmea", não havia conseguido mais relaxar. Resultado, faltavam apenas 10 minutos para meu despertador tocar e eu não havia dormido nem um segundo sequer.

Eu me sentia exaurido, estava acordado a quase 24 horas e minha mente estava acelerada demais para me permitir ao menos descansar, nem que fosse só por alguns segundos.

Passei as horas seguintes ao aparecimento da marca, olhando para o teto e repensando minha vida e minhas escolhas de vida, pensando se em algum momento eu havia cometido um pecado tão grave ao ponto de Deus - ou qualquer que fosse a criatura do universo que decidisse quem deveriam ser nossos predestinados -, me punir dessa maneira.

Eu sei que para quem não conhecesse a minha história isso poderia parecer um baita exagero. Não seria a primeira vez que eu ouviria que estava sendo ingrato - "O mundo te dá de presente um predestinado lindo e você fica com essas frescuras" -, o que me confortava nesses era o fato de que Jimin me entenderia.

Passar por todos os julgamentos das pessoas nunca é algo fácil, mas passar pelos julgamentos cruéis de pessoas que não tem todas as informações da sua vida - que não sabem nem um terço da sua história - e que conseguem tocar justamente no seu gatilho mais sensível, é um outro nível de crueldade.

É óbvio que eu sei que todo mundo tem seus problemas e seus traumas, que você ter um trauma não é uma justificativa para agir como um babaca e eu juro que tento sempre manter isso em mente, mesmo quando tocam nas minhas feridas mais profundas. Mas não é tão fácil assim... nunca é.

O despertador começou a tocar de maneira estridente ao meu lado, mas não tinha forças sequer para desligá-lo. O barulho infernal pareceu se fazer mais alto que meus pensamentos por alguns segundos, o que foi o suficiente para que eu conseguisse fechar meus olhos e respirar fundo pelo que pareceu a primeira vez naquela noite.

Mas é óbvio que a minha expectativa de paz durou pouco.

- TAE!!! DESLIGA ESSA MERDA DE DESPERTADOR! - mesmo que tivesse noção que o berro de Jimin era justificado e que eu em seu lugar faria a mesma coisa, não achei forças dentro de mim para me mexer e atender seu pedido.

Talvez mais um minuto inteiro tenha se passado até a porta do meu quarto ser escancarada por meu melhor amigo. Por mais que Jimin fosse pequeno, o olhar em seu rosto deixava claro seus pensamentos homicidas - e seu potencial destrutivo.

Eu que já o havia enfrentado em uma situação de raiva antes, sabia o quanto deveria estar temendo por minha integridade física. Mas me sentia tão exausto...

Minha falta de reação deve tê-lo alertado, já que seu semblante foi se suavizando pouco a pouco enquanto me observava. Meu olhar se voltou novamente para o teto, meu maior companheiro dessa madrugada, e voltei a me concentrar apenas em minha confusão interna.

Não sei em qual momento Jimin desligou o despertador ou quando ele se deitou ao meu lado, mas assim que senti seus carinhos em meu cabelo, desabei.

Jimin esteve ao meu lado em todos os momentos desde o começo, tirando a mim mesmo, ele era a pessoa que mais me conhecia na face da Terra. O único motivo dele não me conhecer melhor do que eu mesmo, era o fato de eu ainda esconder de si as descrições das coisas que eu já havia passado - não por não confiar nele e sim por conta de tentar protegê-lo de algo que eu gostaria de poder proteger a mim mesmo.

Soulmate MarkOnde histórias criam vida. Descubra agora