I don't know

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            POV BONNIE
   
    Espero o final eminente já imaginando tudo de ruim, sinto uma mão ao lado da minha e entrelaço meus dedos a ela, gelada como sempre e agora com um aperto mais firme que de qualquer outro dia.

    - Você acha que vai doer? - pergunto fechando os olhos por conta da claridade que se explodiu entre as árvores.

    - Eu não se...- Suas palavras pairam pelo ar e derrepente...

    Silêncio.

    Nada.

    Escuridão.

    Sinto meu corpo chacoalhar no vácuo, não tenho força para abrir meus olhos, meu corpo continua suspenso de onde quer que eu esteja, sinto dor da cabeça até a ponta do dedo do pé, me sinto firme em duas bases que me suspendem do chão, abro uma fresta entre minhas pálpebras e vejo um pescoço e logo acima uma orelha de pele pálida emoldurada por fios grossos e escuros. Minhas juntas doem e solto um gemido involuntário, vejo que chamei até daquele que me carrega, um azul que comparado com o céu sem nuvens, ganha de lavada.

    - ...comigo, você...Bonnie...- Minha audição sempre foi perfeita mas naquele momento comecei a duvidar.

    Continuei ouvindo uma voz ao longe mas quanto mais eu me esforçava para entender o que dizia, mais longe ficava. Até que senti um baque contra uma superfície dura, gelada e úmida.

    - Bonnie...vamos lá, acorde Bon...- Reconheço a voz e no mesmo momento recupero minha visão.

    - Damon...o que? Onde...aah - Tento me levantar e falho vergonhosamente.

    - Não tente levantar até eu checar se você não tem nenhum osso quebrado Bon...- Sinto suas mãos no meu pulso esquerdo, depois descendo até minhas costelas, passando pela minha clavícula e pousando suavemente no meu rosto, amparando minhas bochechas.

    - Está tudo inteiro... você está bem? - Foco meus olhos na imensidão azul a minha frente.

    - Meu corpo dói...onde estamos? Nós morremos? Esse é o céu? - Olho em volta e na última pergunta para em Damon. - Por que você está aqui? Estou no inferno?

    - E pelo jeito melhorou. - Fecha a cara e tira suas mãos do meu rosto.

    Levanto metade do meu corpo e me arrasto até me encostar em uma parede próxima de nós.

    - Eu não enxergo nada aqui...- Vejo estreitar seus olhos para enxergar na escuridão a nossa frente.

    - Onde é aqui? - Ele volta a me olhar e se encosta ao meu lado.

    - Eu não sei Bonnie, você tem alguma idéia?

    - Por que eu teria?

    - Ja morreu tantas vezes, como não reconhece esse lugar?

    Reviro meus olhos e ignoro sua pegunta.

    Agora com meu corpo mais firme tento me levantar, me apoio em um pilar ao lado da parede e direciono minhas mãos a escuridão.

    - Phesmatos incendia...- sem sucesso.

    - Nope...nada de mágia. - ouço suas palavras de desdém.

    - Continua sendo um sanguessuga? - Pergunto em um tom de provocação.

    - Quer testar? - Me arrependo da pergunta assim que vejo as veias escuras em volta de seus olhos agora tomado pelo azul avermelhado.

    - Sai fora Damon ou eu te mato. - Seu rosto é tomado pelo seu maldito sorriso sarcástico.

    - Sem magia, ameaças vazias...- Ele levanta e anda ao redor de onde estamos.

    Vejo sua expressão mudar e seu corpo tomar uma direção quase que precisa.

    - Onde você vai...- Pergunto sem retorno do mesmo que continua andando, o acompanho com meus passos curtos.

    - Eu sei onde estamos...- Uma ponta de esperança me arrepiou e apressei mais meus passos.

    Passando por algumas árvores no meio da escuridão que foi percebida como noite, aos tropeços, derrepente paramos, olho para Damon para descobrir o motivo da parada abrupta e o encontro olhando fixamente para frente. Meus olhos se direcionam para onde os de Damon olhavam. Era a casa dos Salvatore, sua casa.

    - Como? - Ele pega minha mão me surpreendendo e me puxa com ele.

    Na grama verde em frente a porta de frente da casa ele para, gira a maçaneta da porta e entramos.

    O silêncio era o dono daquele lugar, Damon correu como a luz pelos cômodos da casa a procura de alguém.

    - E então. - Ele volta ao meu lado com uma expressão vazia.

    - Ninguém...nem Elena...nem Stefan. - Ele diz agora com o cenho franzido.

     Ele vai até a mesa onde fica suas bebidas, intacto e abastecido, serve dois copos e me oferece um, pego de sua mão e bebo em um só gole, ele senta na poltrona em frente a lareira apagada.

     - Vamos procurar por alguém, por respostas...qualquer coisa, de manhã.

     - Boa noite Bonbon...- Ele toma o Bourbon em um gole só, como eu, deixa o copo na mesa de centro e vai em direção as escadas mantendo o cenho franzido.

    - Damon...espera...- Ele para lentamente quase no início dos degraus.- Eu... não me deixa sozinha.

    Ele virá o rosto continua parada no começo das escadas, da a meia volta e vai em minha direção rapidamente. Pega minha mão e me leva com ele pelas escadas, enquanto ele sobe sinto uma lágrima descer pela minha bochecha e a paro com o polegar, entramos em uma das muitas portas que tem pelo corredor e reconheço seu quarto de uma das únicas vezes que vim aqui, com Caroline e Elena, bebemos muito naquela noite.

    Ele vai até a terceira gaveta da cômoda e tira de la uma camiseta básica preta joga pelo ar em minha direção, pego pelo reflexo, em silêncio vou até o seu banheiro observando cada detalhe do quarto e encosto a porta, retiro minhas roupas e vejo pelo meu corpo ematomas num tom azulado outros com um roxo bem presente pelos meus braços, barriga e coxas, cada um deles doendo o suficiente para me proporcionar uma careta, coloco a camisa de Damon sentindo o suave cheiro de amaciante e o perfume dele, a camiseta cai até a metade das minhas coxas cobrindo o suficiente para não me deixar constrangida perto dele.

    Volto até o quarto e o encontro sentado na beira da cama com uma calça de moletom o peito nu, me incomodo um pouco com esse fato e desvio os pensamentos, ora essa era o Damon, eca...

    - Eu posso dormir em um dos outros quartos...- Recupero sua atenção e noto uma expressão preocupada.

    - Agora eu que não quero ficar sozinho Bon.

    - Eu não vou dormir com você Damon. - Um sorriso brota em seu rosto me lembrando apenas do idiota que ele é.

    - Você pode dormir no chão, te empresto um tapete para se cobrir...- revido seus comentários com um olhar estreito que se eu tivesse acesso a minha magia naquele momento ele estaria com uma daquelas aneurismas.

    - Ainda prefiro dormir em outro quarto. - O vejo levantando e abrindo a porta com o braço estendido e o corpo meio curvado num tom cínico e único de sua lastimável personalidade.

    Caminho até a porta e durando todo o percurso sinto seus olhos queimarem minha pele e apresso meus passos.

    - Boa noite Bonbon. - E ouço a porta fechar atrás de mim.

    Vou para um dos quarto e me deito na enorme cama de um quarto de hóspedes e olho para os lados, pela janela a escuridão, um vento gelado percorre minha espinha e me arrepio no mesmo momento, talvez não tenha sido uma boa idéia recusar a ideia de dormir no chão, perto de alguém.

    Rolo de um lado para o outro sem conseguir dormir, meus olhos exaustos mas o medo me impedindo de relaxar, o silêncio mais perturbador que qualquer barulho, me encolho debaixo do cobertor e fecho os olhos com força tentando pensar em alguma coisa, ouço barulhos na janela, nas portas e até nas tábuas do chão, sei que é minha mente me pregando uma peça mas meus olhos já estavam marejados de medo, minha visão fica turva e pego no sono.
   

Minha esperança.Onde histórias criam vida. Descubra agora