Capítulo 1

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Os raios de sol já começavam a queimar quando decidi ceder aos caprichos da minha irmã.

   - Mana, por favor. Vem! – Pediu-me pela milésima vez a minha irmã enquanto me puxava o braço arrastando-me para fora da toalha.

   - Ai, sua chata, está bem. A tua sorte é que já não aguento mais ouvir-te, Leonor! – Respondi, não querendo dizer-lhe que, na verdade, já sentia os efeitos do sol após meia hora estendida na toalha.

   Enquanto a minha irmã andava até à piscina, como só uma adolescente de dezasseis anos podia, os meus pais sorriam pela minha desgraça.

   - A culpa é vossa. – Provoquei fazendo o meu pai levantar os olhos do jornal – Se vocês estivessem estado quietinhos eu não tinha uma irmã irritante, nove anos mais nova que eu, a obrigar-me a cancelar as minhas queridas horas livres de banhos de sol.

   Afastei-me deles enquanto a minha mãe deixava escapar um pequeno riso e fui ter com a minha irmã à piscina principal do parque aquático. Sem que ela desse por isso, observei-a ao longe pensando no quanto a amava e a invejava secretamente. Abanando a cabeça para afastar pensamentos negativos, continuei o meu caminho até ela.

   - A última a chegar à outra ponta da piscina paga os gelados.

   -Nem penses Caty. Ambas sabemos que vais ganhar, - respondeu a minha irmã – e depois vais escolher o gelado mais caro só para me chateares.

   - Vá lá, - pedi – eu juro que vou devagar.

   -Mentirosa!

   Entrei na piscina, sentindo a água ondular à minha volta e a pele a arrepiar-se pela diferença de temperaturas.

   - Eu dou-te cinco metros de avanço. Pronta?

   - Ok, ok.

   - 1…2…

   -3!

   Antes que os meus tímpanos pudessem registar a voz da minha irmã, já ela tinha partido, ganhando os prometidos cinco metros de avanço. Encostei as plantas dos pés à parede e ganhei impulso para começar a corrida. Ao fim de dois segundos já ela estava atrás de mim. Com a maior das confianças, comecei a abrandar o ritmo mantendo a minha irmã a uns seguros setenta centímetros atrás de mim. Faltavam menos de três metros para o final quando parei abruptamente devido a uma criança que se atravessara no meu caminho. Infelizmente, os setenta centímetros que achara tão seguros, revelaram-se inúteis ao ver a minha irmã ultrapassar-me e, consequentemente, atingir a “reta final” antes de mim.

   - GANHEI! Desta vez pagas tu os gelados! Podes começar a poupar. Quero três bolas, topping de…

   Antes que ela começa-se a informar-me da despesa ridícula que eu teria devido à sua ainda mais ridícula vitória, mergulhei e, aproximando-me dela, puxei-a para debaixo de água sem qualquer aviso prévio. Lançando-me um olhar de “ não te vais safar de mim” começou a nadar para a lateral da piscina onde se sentou.

   - Como vai o trabalho?

   - Estou de férias Leonor. Que tal não me lembrares da investigação para a qual a minha chefe diz que a empresa não tem dinheiro? – Apesar do meu tom de aborrecimento gosto bastante do meu emprego. Só não posso dizer o mesmo da minha chefe. – E como estás tu com o Leo?

   - Não sei o que fazer… estamos sempre a discutir.

   - Então maninha? E achas que devias desistir?

   - Não sei Caty…

   -Leonor, a vida nem sempre é fácil, muito menos no amor. Mas discutir faz parte de uma relação. Só têm de arranjar forma de dar a volta às dificuldades.

Paixão de CetimOnde histórias criam vida. Descubra agora