Capítulo 2

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A toalha estava quente quando me sentei para acabar de beber o meu querido e fresco ice tea. A minha irmã sentou-se ao meu lado e, conhecendo-a há já dezasseis anos, avisei antes que ela pudesse mandar uma das suas pérolas:

   - Se alguma vez voltares a falar no que se passou, vais desejar ser filha única.

   Simulando um fecho éclair, a minha irmã fechou a boca e continuou a comer o seu gelado, de tamanho e número de sabores ridículo. Os meus olhos vaguearam pelo complexo aquático e decidi que estava na hora de tirar umas quantas fotografias com a minha amada (e também irritante) irmãzinha. Levantei-me e fui buscar a minha Canon. Sem que ela desse por isso, fotografei a minha irmã no exato momento em que ela lambia os dedos cheios de gelado derretido. Hm… esta foto dará jeito para futuras chantagens.

   Sentei-me de novo ao lado dela e, virando a objetiva para nós, exclamei:

   - Sorri maninha!

   Ambas sorrimos e cliquei no botão para tirar fotografia. Rimos quando nos apercebemos que o zoom estava demasiado alto e continuámos a tirar fotos durante uns bons dez minutos, o que resultou em gelado na relva e no meu nariz. Limpando o que restava dele, arrumei a câmara e deitei-me de barriga para baixo na toalha, enquanto a minha irmã estendia a sua e o seu cabelo denso e preto se espraiava na toalha fluorescente, acentuando ainda mais a diferença de tonalidades.

   Mal acabara de fechar os olhos e ouvi o meu telemóvel apitar, avisando que tinha uma nova mensagem.

   - É de um número desconhecido. – avisou a minha irmã enquanto lançava o telemóvel para cima da minha toalha. Não me espanta nada. Para variar, a Mary tinha, provavelmente, voltado a esquecer-se de carregar o seu smartphone de última geração e estava a mandar sms com o do pai.

   Era uma imagem pelo que demorou algum tempo a carregar e o assunto era “Adoro esta paisagem”. Mas porque será que ela tinha de me fazer ciúmes? A imagem carregou e, para grande surpresa minha, não era um pôr-do-sol espetacular das Caraíbas. Era eu, deitada na toalha, a sorrir para a minha irmã. Escusado será dizer que, como a minha cabeça estava levantada, o peito estava muito bem posicionada na foto (com isto quero dizer que se via metade dele). Nota mental: Começar a usar t-shirt na piscina.

   O resto da mensagem retirou o resto do ar dos meus pulmões: “Pelos vistos, a gatinha também sorri.”

   Oh não, por favor não. Como é que ele tinha arranjado o meu número? Depois fez-se luz.

   - Leonor…

   Fui interrompida pelo toque do meu telemóvel que vibrava e piscava como que para ter a certeza que eu via aquele número indesejado no seu ecrã. Fechando os olhos e respirando fundo (duas vezes), atendi.

   - Não estavas a pensar ignorar a minha mensagem, pois não? Não sou um homem muito paciente.

   - Nem educado, ao que parece. – As palavras estavam fora de minha boca antes de eu ter tempo de pensar nelas. Raios partam, a mim e às minhas respostas na ponta da língua.

   - Não concordo. Sou bastante educado quando não tenho uma mulher desafiadora a tentar evitar-me.

   Isto tem de acabar. Aqui e agora.

   - Peço desculpa pelo mal-entendido, mas eu não sou nem desafiadora, nem gatinha como me chamas. A minha irmã empurrou-me na piscina, cai em cima de ti, desculpa mais uma vez, e ponto. Não sei porque decidiste que te dava o direito de falar comigo ou pagar o gelado, apesar do meu cartão de crédito agradecer. No entanto, não nos conhecemos e não nos vamos conhecer e muito menos o quero fazer. – ok, talvez isto seja um pouco mentira – Agora, por favor, para de tentar falar comigo e de achares que o podes fazer como se nos conhecêssemos há mais do que uma hora. Obrigado.

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⏰ Última atualização: Jan 18, 2015 ⏰

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