5 - Sunrise

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Miranda e Andrea caminham por uma rua bastante movimentada perto de algumas casas noturnas. Elas se deparam com uma multidão reunida em torno de uma mulher dançando, e o som rítmico de pratos de dedo pode ser ouvido. Sentado no chão está um homem que bate em um ritmo hipnotizante.

Andrea agarra o braço de Miranda com um olhar de empolgação e a arrasta em direção à multidão, encontrando um bom ponto de observação para observar a dançarina do Oriente Médio. A dançarina se apresenta de uma forma excitante e incomum e provoca uma reação positiva da multidão. No final da apresentação, Miranda coloca algumas notas no pandeiro que fica na calçada perto dos sapatos da dançarina. Então ela e Andrea descem a rua enquanto a multidão se dispersa. Miranda está obviamente mexida com a dança.

MIRANDA - Eu vi um documentário sobre isso - É uma dança de nascimento.

ANDREA - Uma dança do nascimento? Como isso funciona?

MIRANDA - As mulheres usaram ao dar à luz. Em algumas partes do mundo, eles ainda fazem isso. A parturiente entra em uma tenda e as mulheres de sua tribo a rodeiam e dançam com seus torsos e pélvis, e estimulam a parturiente a dançar com elas para tornar o parto menos doloroso. E depois que o bebê nasce, todos dançam em comemoração.

ANDREA - Uau. Minha mãe nunca teria
aceitado isso.

MIRANDA - Mas é uma dança realmente
primitiva. Eles acham que as mulheres geralmente fazem isso principalmente por outras mulheres como uma espécie de ritual de fertilidade.

ANDREA - Isso é legal.

MIRANDA - É uma coisa linda. Gosto da ideia da dança como uma função comum da vida, algo da qual todos participam.

ANDREA - Eu sei. Eu ouvi sobre um velho
assistindo um bando de jovens dançando. Ele disse: “Que lindo. Eles estão tentando se livrar de seus órgãos genitais e se tornarem anjos. ” Mas, uh, só uma pergunta lá atrás. Quando as mulheres estão sendo todas espirituais e dançando para os deuses e para si mesmas e outras coisas, onde estão os homens? Coletando comida? Só não é permitido? As mulheres não precisam do homem no parto?

MIRANDA - Os homens têm sorte de não arrancarmos suas cabeças após o acasalamento. Certos insetos fazem isso, você sabe - aranhas e outras coisas. Nós, pelo menos, deixamos eles viver. Do que eles vão reclamar?

ANDREA - Talvez nós tivéssemos um problema a menos se fizéssemos isso. Já imaginou se a cura para a misoginia é matar os homens depois da cópula?

MIRANDA - Seria interessante. As vezes eu tenho esses pensamentos de que certos problemas sociais só podem ser realmente resolvidos com muitas mortes e sangue. Se as vítimas matassem seus agressores, teríamos cada vez menos agressores. Se o povo se reunisse para arrancar as cabeças dos políticos, ao invés de protestar? Tipo, eu sempre acho que as lutas sociais conquistam em uma velocidade muito lenta, quase negativa, e se o caos fosse instalado a ordem viria mais rápido. É só você observar a França antes da revolução e depois da revolução. Houve muito sangue e cabeças na guilhotina para as coisas começarem a mudar.

ANDREA - É um pensamento um tanto anarquista, não? Do caos se faz ordem, quem foi que disse isso mesmo?

MIRANDA - Eu não me recordo, mas sei que Jung diz algo como "em todo o caos há um cosmos, em toda a desordem há uma ordem secreta". De certa forma isso é reconfortante, mas não deixo de pensar que estamos fazendo as coisas do jeito errado.

ANDREA - Às vezes eu tenho pensamentos radicais também, como desejar que um vírus mortal e inevitável que só seja fatal nos homens seja liberado e todos os homens do planeta Terra morram. A humanidade iria acabar com um tempo, mas eu acho que as últimas mulheres da Terra seriam mais felizes do que em qualquer época até que isso acontecesse.

Antes Do Amanhecer (Mirandy - Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora