Capítulo 2 - "E lá vamos nós de novo"

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Fazia um bom tempo que eu e Atena não saíamos sozinhas, passar um tempo juntas jogando conversa fora foi terapêutico para nós duas. Ultimamente meus dias estavam sendo turbulentos já que eu estava tendo que lidar com a rotina cansativa de meu trabalho, com meu pai ficando doente e como se já não fosse o bastante, Victor fazia questão de piorar tudo pegando no meu pé. E com Atena os problemas também eram existentes, seu namorado Crusher não estava presente e seu irmão não fazia questão nenhuma de lhe passar qualquer informação sobre ele, mesmo sendo uma das únicas pessoas que sabem sobre a vida dele já que são como irmãos; além de claro, querer impedi-la de ter qualquer contato comigo. Eu e Atena nos conhecemos na infância e criamos uma amizade muito forte, porém, Victor parece me odiar desde aquela época; os pais deles morreram há três anos e desde então ele se arriscou de infinitas maneiras para protegê-la de qualquer coisa que coloque sua vida em risco, e para ele, isso inclui me deixar de fora da vida dela. Victor se tornou o comandante da favela da Rocinha fazem mais ou menos dois anos e desde então, conseguiu um respeito enorme de todos os moradores que são quase que obrigados a o chamarem de Joker e nunca, repito, nunca por seu nome real, ou seja, Victor Augusto dos Santos. Mas como já deve ter percebido, isso não se refere muito a mim já que não concordo com praticamente nada do que ele impõe; ele quer controlar tudo mas comigo a história é outra, não costumo acatar ordens de terceiros e talvez essa seja uma das razões de nos odiarmos tanto. Mas nas poucas horas que passamos juntas, foi como se nossos problemas pessoais não existissem.

Assim que adentramos a favela percebemos que o movimento estava diferente, os vapores - que são chamados assim pois são eles que com permissão vendem drogas dentro da própria favela - nos observavam avisando aos outros que tínhamos chegado, eu odiava aquilo, aquela sensação de estar sendo controlada por alguém. Sempre que saíamos eu acompanhava Atena até sua casa e depois descia uma parcela do caminho até chegar em minha casa, não porque devo fazer isso, mas porque me importo com a segurança dela e, dessa vez não seria diferente. Mas quando estávamos à três ou quatro casas da dela, avistamos Juninho, o principal e mais confiante aliado de Victor. Ele estava sentado na calçada nos esperando e ao nos ver, puxou o rádio.

Juninho: Chegaram aqui, mando subir? - pergunta me encarando como se avisasse que o pior estava por vir.

"Agora!" - uma voz gritou do outro lado do rádio, pelo tom de voz e brutalidade imagino que seja Victor tendo outro surto, haja paciência.

Juninho: Ouviram né? - pergunta ao se levantar, Atena assente saindo em nossa frente. 

Babi: Ai ai - resmungo antes de começarmos a acompanhá-la.

Continuamos o caminho e quando chegamos no portão escutamos um barulho de vidro quebrando. 

Babi: Que maravilha - suspiro começando a subir as escadas, Juninho solta uma risada baixa ao parar no portão da casa.

Ao ouvir, Atena sobe as escadas para chegar até a casa o mais rápido que pode e abre a porta desesperada.

Atena: Ai meu Deus! - grita correndo para dentro da casa.

Joker: Onde você estava? - questiona com a voz alterada - Fui na lanchonete te buscar e me disseram que você tinha saído já faziam horas. - termino de subir as escadas e me escoro na porta. - O que foi que eu te disse? - ele grita com ela que estremesse enquanto tenta pegar sua mão mas ele desvia.

Nesse momento me dei conta de que a mesma sangrava, varri a casa com meus olhos e notei que uma das janelas estava quebrada assim como a mesa de centro, fazendo com que houvesse cacos de vidro e gotas de sangue por toda parte. Não me surpreendi, é bem a cara dele fazer esse tipo de coisa, se algo sai de seu controle, ele desconta sua "raiva" quebrando tudo o que vê pela frente.

The JokerOnde histórias criam vida. Descubra agora