Dezembro/2019

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Ele

As coisas mudaram muito desde o fim do RBD. A carreira musical, definitivamente, nunca foi algo que sonhei ou planejei. Eu não nasci pra isso. Me sinto vivo quando estou em cima do palco, é verdade, mas atuando, dando vida a pessoas que, em sua maioria, não existem mas que se encaixam em histórias verdadeiras.
Porém, eu não podia negar que o RBD me fez voar mais alto, conhecer lugares, histórias e pessoas. Pessoas com outras culturas, pensamentos, modos de ser, personalidades. E principalmente me aproximou de uma em questão: Anahi. Minha colega de banda, ela que tinha uma voz que por várias vezes me fez parar no palco e só admira-lá. Simplesmente por ser ela.
É verdade que nas frentes das câmeras sempre fomos como irmãos, tínhamos que passar a imagem de uma amizade forte entre todo o grupo e ao mesmo tempo vender a ideia de um romance, mas nunca admito-lo de verdade. Era inimaginável para os produtores, principalmente Pedro que casais se formassem, o medo do fim desses casais e da desilusão dos fãs com isso, fez com que eles nunca pudessem saber a verdade: Nós tentamos e fomos um casal. Não uma só vez, mais de uma. Varias. Inúmeras.
Eu lutei, ela lutou. Nos queríamos isso como precisávamos do ar pra respirar: era essencial.
Com o fim da banda houve uma tentativa maior de deixar isso claro. Saímos várias vezes, indiretas eram postadas em redes sociais e os fãs já sabiam, não era necessário que a gente falasse.. Bom, eu achei que não era. Até que ela apareceu na chamada de uma nova novela da Televisa: Dos Hogares. E daí pra frente, foi o fim. Veio Velasco. De minha parte, veio Perla, depois Diana. E com isso os filhos.
Ela até tentou algum contato depois, mas eu não consegui. Ainda havia muita mágoa dentro de mim, não era possível ela se vender por um jogo sujo de política, ou pelo menos eu achava que não era possível.
Os anos se passaram e acho que chegou a hora, era esse o momento e nada mais fácil do que tentar um contato que não fosse o assunto que nos uniu: RBD

Ela

Whatsapp - nova mensagem
"Hey Any, tudo bem?"

Não era possível, eu olhei pro celular umas 3 vezes no meio de um almoço em família pra ter certeza que estava lendo uma mensagem desse remetente: Alfonso Herrera. Depois de anos e tentativas frustradas de contato, o que ele queria? Jogar novamente na minha cara que me envolvi em um jogo sujo de política? Dizer o quanto sente desgosto? Não era possível. Eu finalmente havia seguido em frente. Tinha meu filho, estava grávida, a vida estava caminhando e aí estava ele. Novamente!
É verdade que o que tivemos foi importante e nunca saiu de mim, era visível em meus olhos quando alguém falava dele o quanto eu ainda o amava. Mac estava ao meu lado quando recebi a mensagem e foi a primeira pessoa a notar minha cara de espanto e meu nervosismo.

- Any, está tudo bem?
- Sim, tudo ótimo. - Respondi rapidamente sem olhá-la para não entregar o que estava acontecendo.
- Está nítido na sua cara que não está bem, te conheço desde pequena. O que você recebeu no celular? Alguma coisa relacionada a Velasco?
- Velasco? Não, não. Definitivamente não - eu ri - Olhe quem acaba de me enviar mensagem

Mostrei a ela a mensagem de Poncho e ela fez a mesma cara de surpresa e espanto que eu fiz todas as vezes que vi a notificação na tela do meu celular.

- Any!!! Como assim??? Ponchito te mandando mensagens? Depois de todos esses anos te ignorando? Ele está tentando te provocar? E você não vai responder?
- Calma Mac, calma! Eu ainda estou processando o que ele deve querer comigo.

A verdade era uma só: eu não tinha coragem de abrir a mensagem. O meu medo me paralisava. Era inegável que ele ainda mexia comigo de formas inimagináveis e com os hormônios a flor da pele por causa de uma segunda gravidez tudo foi elevado. O sentimento de surpresa, as borboletas na barriga, o medo, tudo! Absolutamente tudo estava triplicado agora.
Mas isso só acabaria quando eu fizesse uma coisa: respondesse.

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