10 Coisas que Odeio em Você

Everything I Hate About You

Estressado. Talvez essa seja a melhor palavra para representar como me sinto por todos esses meses. Não pensei que preparar um casamento fosse fácil, mas com toda a certeza está além do que sequer imaginei sobre o assunto. Sasuke e eu dividimos os afazeres, no entanto, ainda assim, parece muito para somente duas pessoas fazerem. Pedi ajuda para a dona Kushina, pensando que algumas coisas não pessoais poderiam ser feitas por ela. Porém, a ruiva me ligava tanto para confirmar os pedidos que acabei desistindo da ideia. Se era para sempre pedir a minha opinião, nada parecia impessoal se olhasse de perto.

Se passaram quase dois anos desde o dia em que Sasuke me pediu em noivado. Mas já completamos uma década de relacionamento, e foi o ano em que decidimos que seria bom. Uma marca para nossos dez anos. Parece bom para mim.

A família Uchiha, mesmo que não seja muito próxima de nossa relação, não está medindo qualquer esforço para desembolsar quantias para que tudo saia do modo como estamos planejando. Sempre que paramos e colocamos na ponta do lápis, mais e mais valores aparecem no papel. E quando penso em simplesmente riscar algum mimo do momento, Sasuke aparece para dizer que será uma única vez em nossas vidas, que devemos fazer do jeito que queremos. No entanto, em alguns momentos acabo me sentindo estranho por estar gastando um dinheiro que não me pertence. Mesmo que eu consiga ver que eles estão felizes em fazê-lo. Foi a mesma coisa no casamento do Itachi. Tudo estava na mais perfeita ordem.

Flores e decorações em geral: rosas brancas, amarelas ou vermelhas? Tulipas? Margaridas? Girassóis?; Igreja ou espaço para cerimônia: praia? Campo? Uma casa? Um pequeno castelo? A catedral?; Juiz de paz; Buffet e espaço para a recepção; Ternos para nós e as roupas das crianças que irão acompanhar, e os padrinhos? Quais as cores de suas roupas?; Fotografia, filmagem e som: algum de vocês irá cantar? Orquestra? Pianista? Violinista?; Convites e lembrancinhas: irão entregar pessoalmente os convites? Por correio?; Lua de Mel: Europa? Ásia? Oceania? África? Alguma das Américas? Uma semana? Quinze dias? Um mês? Passaporte? Parece que quanto mais fazemos, mais temos para fazer. Além do trabalho, claro, não podemos parar de fazer nossos ofícios apenas porque estamos preparando nosso casório. Esse tanto de afazeres acumulado já resultou em algumas pequenas discussões entre nós, porque quase não consigo me desvincular e relaxar. E ele acaba sendo sempre tão compreensivo.

Odeio o modo como é sempre tão doce comigo, mesmo quando não mereço.

Hoje é um desses dias. Um dos que não aguento mais encarar essa papelada em cima da mesa. Soltei suspiro pesado, contendo pitadas de fúria, empurrei a cadeira com as costas dos joelhos, saindo da minha sala para ir até a cafeteria mais próxima, talvez isso me ajude a colocar os nervos no lugar. Pela graça divina não encontrei ninguém no corredor até a máquina, preparei um cappuccino e voltei para o meu lugar de trabalho. Sinto o pescoço tenso, assim como não consigo me concentrar direito. Rolei os olhos, encarando a tela do computador tentando fazer todos aqueles números se resolverem sozinhos. No final das contas, desisti. Joguei a cabeça para trás, apoiando a nuca no encosto da cadeira, busquei no bolso meu celular para colocar alguma coisa para tocar, depois de dar o play fechei os olhos. Preciso de férias, mas só de lembrar que elas estão um pouquinho longe de acontecer, já me deixa chateado.

Sasuke hoje não está na empresa, foi para uma reunião em um prédio do outro lado da cidade. À essa hora já deve estar em casa, nem mesmo parei para conferir se havia alguma mensagem; quando meu horário de dispensa bateu no relógio, minhas coisas já estavam arrumadas e não passei mais um segundo sequer dentro da empresa. Praticamente corri para o estacionamento, desejando poder afundar o pé no acelerador, mas mesmo que eu tentasse ir mais rápido dentro do limite de velocidade fui impedido pelo engarrafamento. Soquei o volante em frustração, ouvindo o soar da buzina. Não perdoando com filtros os diversos palavrões que circulavam minha mente.