Una...

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Com todo o tempo a disposição pra se entregar na escrita entretanto limitada no se viver.

Claramente um ano peculiar estamos a vivenciar, mas parece também que o tempo se acalmou, ao levar toda a demora em seus lentos minutos. Sem pressa, sem ânsia pelo querer, apenas aquietou-se. Nos exaurindo anteriormente pra nos anestesiar em lapelas do não saber, do desconhecido, da despreocupação.

Acho que o tempo quebrou

Parou?

Talvez.

Ou será apenas nozes que mudamos?

Dentre os humores de uma confinação, não creio ter vivenciado todos, mas alguns deu pra bater na latência da alma e causar euforia. Agora em clima de primavera que se transpassa para o verão, me acalento pelo meu próprio calor e me refresco ao me acalmar na singela brisa, brisa de lembranças, que se perfazem distante mas presente. Que me aperta o coração, numa angustia danada sem explicação. Sendo a mesma mas sem se encontrar, habituando-se a dualidades em busca do não saber... Da certeza da paz interior de meu bem querer.

Desse demasiado tempo, me restaram apenas imensos questionamentos quase que sem reflexões, que não me custam nada a compartilhar...

I

COMO SÃO OS SEUS RELACIONAMENTOS?


A vontade da primazia é de se dizer e eu vou lá saber?! Mas cá entre nós é impossível não se saber. É impossível se negar a ver. Somos mutantes de sentimentos, um novo dia, um novo sentir adestrado ou não, que exalamos mesmo que inconscientemente. EXALAMOS, ou talvez libertamos?


Relacionamento, possivelmente uma palavra assim como várias outras advindas de algum verbo do latim, que talvez com muita insegurança a se dizer tenha alguma mera relação mesmo que ilusoriamente com o relacionar-se? Não sei a vós dizer ao certo, mas sinto que seja algo assim.


Relacionar-se, um verbo com muitas possibilidades, sem limitações pelo menos de uma maneira figurativa de se dizer. Prefiro pensar e admitir com toda certeza que todo o real sentindo dele esteja na entrega, que fazemos sem ao menos notar, ao representarmos quem somos ao entregar-se.


A gente se finda e se molda com o tempo, se cria pra constantemente se reconstruir.


A gente se acostuma, se acostuma a gostar de uma maneira que torna a presença do outro insignificante porem faltante. Costume, costume quem eis de ser você? Que no final sempre entorna o caldo.


Avessa ao costume, essa eis de ser eu, esse eis de ser meus relacionamentos, mas que constantemente se perde no costume banalmente sufocante criado com certa propriedade por minha estranha pessoa, costume esse que elimina e jaz laços e vínculos que possam demonstrar claro sinal de fraquejo perante a si próprio.


E eu vou lá saber? Creio apenas não querer me perder.


Quero apenas adentrar multe universos variados, infinitos, extensos até mesmo limitados, mas sem me perder de mim.


2020Where stories live. Discover now