Capítulo I - A Vizinha

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Rosalind saiu às pressas da escola, pois estava atrasada para seu encontro à tarde com Noah. Tinha tido um trabalho em grupo e devido alguns desentendimentos entre duas garotas, não havia entendido direito, mas aparentemente uma delas havia ficado com o namorado da outra, enfim... Baboseiras pelas quais a acastanhada não se interessava.

Sentiu seu celular vibrar e o pegou. Era sua mãe.

—Oi querida, tudo bem? Então, eu sei que está indo para a casa do Noah, mas não esqueça de estar casa às sete! Temos um jantar de negócios e não se preocupe, terá um rapaz da sua idade! E nem venha com os seus papos de anti-social, existem outras pessoas no mundo além do Noah, sabia?! -A mais velha falou e logo desligou. Ela sempre fazia isso, para Rose não retrucar seus argumentos, nunca dava certos ambas conversarem, eram diferentes demais.

Rosalind olhou o horário e suspirou, estava ao menos uma hora atrasada. Guardou o telefone e apressou os passos, demorando meia hora para chegar. Logo entrou no casarão e deu boa tarde para sua madrinha, indo ao jardim.

Estranhou ao escutar uma voz feminina e fina, ao qual não conhecia. Apressou os passos e ficou estática ao ver uma garota conversando com Noah. Próxima demais.

—Rose! -Noah falou sorrindo, ao ver a garota. -Essa é a Isabel! -Apontou para a garota ao lado.

Isabel continha cabelos loiros que pareciam fios de ouro. Seus olhos eram verde esmeralda e sua pele bronzeada, quase como a de Noah. Em seu cabelo tinha um laço rosa, prendendo as madeixas lisas para trás.

A jovem era bonita, tinha um aspecto delicado e feminino, com certeza era mais atraente que si, ao menos era isso que Rose achou. Isabel parecia a primavera e esta estação combinava mais com o verão, do que o inverno.

—É um prazer lhe conhecer, Isabel... E peço desculpas pelo meu atraso, Noah, tive um trabalho da escola para fazer... -Mordeu levemente o lábio apreensiva. Ter a loira ali lhe deixava insegura.

—Ah! Tudo bem. -Ele sorriu. -Eu estava conversando um pouco com a Bel, enquanto esperava você chegar!

—E eu estava dizendo para o Noah que ele deveria se divertir, não deveria deixar um problema cardíaco lhe atrapalhar! -Isabel sorriu.

—Claro, é um problema cardíaco. -Murmurou.

—O que disse? -A primavera perguntou e a outra deu de ombros.

—Nada, apenas pensei alto...

—Crianças! Vamos para o parque? -A mãe do rapaz chegou, já arrumada e os três assentiram. Noah saiu andando e Isabel grudou em seu braço, saindo junto a ele. -Está tudo bem? -A mais velha perguntou ao ver sua afilhada com uma cara de poucos amigos.

—Eu não gostei dela, dinda... -inflou as bochechas, olhando para a madrinha.

—E porquê não?

—Ela tratou a doença do Noah como se não fosse nada! O Noah é importante, madrinha! Ela não deveria dizer isso assim! -Saiu andando, batendo os pés.

Os quatro não demoraram para entrar no carro e durante o trajeto, Isabel insistiu em conversar com Rosalind, já que ela estava sentada no banco de trás junto a acastanhada, o que não deu muito certo, pois a mesma estava certamente incomodada.

—Aish! Você é tão chata, nem conversa! -A loira resmungou.

—Que bom que você percebeu, agora por gentileza me deixe em paz.. -Sussurrou para apenas Isabel escutar e se virou para a janela. Estava cansada daquela garota.

Rose não entendia bem o que estava sentindo, apenas sabia que era um grande incômodo, algo sufocante ao qual tinha uma vontade inexplicável de cessar e o único jeito era fazer aquela garota ficar longe de Noah.

Suspirou com o tolo pensamento e mordeu o lábio. Não queria agir ou pensar daquela forma, pois a achava inapropriada.

[...]

Campbell chegou em sua casa às seis e meia da noite. O passeio fora mais rápido do que imaginava, pois Isabel havia caído e ralado o joelho. Um machucado de nada, que a jovem fez um imenso drama. Rose procurou por sua mãe e a encontrou falando ao telefone na sala, enquanto andava de um lado para o outro. Sorriu com a mania da mais velha e saiu andando para seu quarto. Subiu para o cômodo e o adentrou, colocando sua bolsa em um gancho na parede. Tirou as roupas e seus sapatos, colocando as roupas no cesto apropriado, os sapatos em um canto e entrou no banheiro. No cômodo fez todas as suas higienes. Abriu a porta e voltou para o quarto, enrolada em uma toalha e separou as roupas.

A jovem escolheu um vestido azul turquesa de mangas compridas, rodado em sua saia. O vestido era simples, sem muitos detalhes, apenas um pequeno babado na região de seus seios, que ainda estavam em desenvolvimento e uma uma fita de cetim preta, na gola. Colocou brincos pequenos em formato de uma rosa negra e em seus pés, vestiu uma bota curta, com estilo mais vitoriano. Fez uma trança escama de peixe e então passou um gloss labial rosa claro. Se olhou no espelho e suspirou, frustrada por ter que estar tão arrumada para um jantar chique, ao qual não tinha interesse.

Rosalind pegou uma bolsa simples preta e saiu de seu quarto, descendo para o andar de baixo, encontrando sua mãe que colocava um brinco em uma de suas orelhas.

—Querida! Você está tão linda! -Sorriu ao ver a filha e se aproximou da mais nova, dando um beijo em sua testa.

A mulher continha os cabelos castanhos, assim como os de Rosalind e seus olhos eram azuis claros. Seu corpo bem volumoso, ainda mais para sua altura, que chegava a um e setenta e oito. Os traços de Ava, não mostravam sua idade de forma clara, ao qual beirava aos quarenta, no entanto, a mesma não parecia ter mais do que trinta e dois. A mulher vestia um vestido preto justo, que realçava suas curvas e um par de sapatos de salto alto da mesma cor. De maquiagem, usava apenas rímel e um batom vermelho.

—A senhora também está. -Sorriu singela.

—Eu sei, mas agradeço o elogio. -Retribuiu o sorriso. -Bem, vamos! O senhor Yoon é impaciente.

—Senhor quem? -A garota franziu o cenho. Pela forma que sua mãe havia falado, imaginava ser coreano, afinal, sua voz soava engraçada quando era pronunciado por ela qualquer palavra neste idioma, mas a jovem nunca entendia nada que a mais velha falava.

—Senhor Yoon, filha, Y.O.O.N. -Falou de forma pausada, rindo levemente.

—Youn... -Pronunciou de forma engraçada e logo balançou a cabeça. -Definitivamente coreano não é para mim...

—Então torça para nunca precisar deste idioma em sua vida. -Sorriu e saiu da casa junto a mais nova. Elas entraram no carro e Ava ligou o automóvel, logo começando a dirigir.

[...]

Ava apressou os passos para dentro do restaurante e Rose apenas a seguiu. Elas chegaram em uma mesa em que estava um homem e um rapaz.

—Boa noite. -O homem, muito elegante falou, com um leve sorriso.

—Boa noite! -Ava se sentou em uma das cadeiras dispostas na mesa retangular, sendo acompanhada da filha, que sentou ao seu lado.

Os mais novos nada disseram, apenas acenaram, enquanto trocavam olhares entre si, de maneira curiosa.

Eram dois jovens semelhantes em inúmeras coisas, inclusive na pouca vontade de ali estar e talvez, aquela troca de olhar, dizia muito mais do que aparentava.

Entre Invernos e VerõesOnde histórias criam vida. Descubra agora