capítulo único

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— E-eu não acho q-que seja uma b-boa ideia.

— Não me diga que sua bunda mole vai dar para trás agora? Já estamos indo longe demais nessa merda. Muito tarde para desistir.

— Taylor...

— O que foi?

— Deve ser a sexta vez que eu digo que não é uma boa ideia. Já dei para trás há tanto tempo e você nem percebeu.

Ela o encara com mais um de seus olhares fuzilantes que com certeza o matariam em qualquer outra situação. Porém, a personalidade pacífica de Joseph Alwyn sempre esteve ali; não é algo que a surpreende mais.

A princípio, achou que isso seria algo bom para ela — estar com uma pessoa cuja vida não fosse um furacão emocional como a dela tem sido desde que se tornou uma pré-adolescente e a vida decidiu que iria brincar com seu coração. Entretanto, agora, sem dinheiro, apenas com um carro de quinta qualidade e prestes a roubar uma loja de conveniência para se manter pelas próximas duas ou três semanas, Taylor Alison Swift já não sabe mais se ele é tudo o que precisa.

Entretanto, Joe é tudo o que ela quer. E algo dentro de si grita que isso é o bastante.

— Não podemos simplesmente voltar para casa e fingir que nada aconteceu, Joe.

— Eu sei.

— Tem alguma ideia melhor de como podemos sobreviver a partir de agora?

— Não.

— Então vamos prosseguir com o plano. Acabamos de fazer algo muito pior do que roubar uma lojinha de posto.

A estrada relativamente deserta indica o quão longe eles estão de toda a metrópole dos sonhos na qual cresceram em tamanho e em maturidade nos últimos anos. New York City se tornou pequena demais para Joe, que sempre soube que seus sonhos de se tornar um piloto de corridas jamais seriam realizados no meio de tantos prédios e conglomerados de mídia rondando seu caminho; também se tornou quase um playground para Taylor, cujos anseios de subir na vida eram sempre recusados em todas as ofertas de emprego que tentava conseguir.

É ela quem está dirigindo o carro — roubado de seu próprio pai —, encarando a cidade cada vez mais distante pelos espelhos retrovisores. Joseph acaricia os cabelos de sua amada, puxando-os para atrás das orelhas sempre que o vento os bagunça. Taylor não diz nada sobre o ato de carinho. Primeiro, porque é sempre inútil brigar com um homem que a ama tanto quanto ama a si próprio. Segundo, porque não há tempo para discussões fúteis como essa.

Wake Me, música da banda The Bleachers, toca pelos alto-falantes do veículo. Ambos sorriem quando os primeiros acordes começam a ressoar por seus ouvidos. O vocalista principal da banda é ninguém menos que Jack Antonoff, amigo de ensino médio dos dois e, talvez, a única pessoa que poderia ter feito algo para que os dois permanecessem em New York.

Jack foi o único a apoiá-los no plano, ironicamente. Segundo suas próprias palavras, "um casal feliz e longe de tudo e de todos é melhor do que dois estranhos em sua própria cidade".

— Ele vai ficar bem sem nós por perto? — Indaga o jovem de sobrenome Alwyn, com seus olhos ainda fixos nos fios de cabelo de Taylor.

— Jack irá saber onde nos encontrar, caso ele queira isso algum dia. — Ela o responde, reduzindo a velocidade do carro para ultrapassar uma lombada sem grandes dificuldades. — Só importa o agora.


— Taylor! — Ela ouve a voz de Tom, que corre sem medir a própria velocidade rumo ao carro do pai de sua até então noiva. — Para onde você vai?

Não Prometo Nada [CONTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora