Prólogo

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      Meu nome é Julie, muito prazer! Eu vim aqui contar minha história para vocês, minhas experiências de vida, e contar como eu atingi uma sensação pura e genuína de felicidade, que hoje permanece comigo diariamente.

      Aos quatorze anos minha visão começou a deixar meu corpo, eu comecei a notar manchas que não estavam lá antes, e que ninguém mais as via. Aos quinze anos as pessoas e as paisagens começaram a ficar um tanto embaçadas, e meus pais decidiram me levar ao oftalmologista, foi quando eu descobri que minha situação era irreversível. O médico explicou que essa condição era rara, e por isso a ciência não tinha feito experimentos o suficiente para revertê-la. Ele disse que eu iria continuar perdendo minha visão aos poucos, e que chegaria um momento, dentro de três anos para frente, que eu não seria capaz de ver mais nada. Não consigo explicar em palavras o desespero que eu senti, meu corpo inteiro ficou gélido e minha cabeça queimava sem parar, me dando uma sensação horrível de tontura. Meus pais ficaram arrasados, e tudo o que o médico pôde fazer por nós foi me dar um colírio para tentar retardar a situação, mas nem ele acreditava que isso poderia funcionar.

     Eu continuei indo para a escola, em condições diferentes claro, mas continuei. Eu tinha algumas amigas, mas também havia pessoas que não aprovavam o jeito que eu era tratada pela escola e pelos professores, essas pessoas achavam que eu tinha que ir para outro lugar, e não ficar e receber privilégios que elas não tinham. Não foi fácil, mas eu agradeço por ter continuado estudando no mesmo lugar, a escola era enorme e cheia de natureza, havia aulas que eram na grama, e tinha um grande espaço para esportes também. Antes da minha condição piorar eu ainda jogava vôlei com as meninas, mas aos dezessete anos eu tinha apenas uma pequena porcentagem de visão nos olhos, o que quebrou meu coração, me impedindo de fazer praticamente tudo o que eu gostava de fazer. Não conseguia ver direito quando uma amiga minha estava com um novo corte de cabelo, não praticava mais vôlei, me perdia para andar na escola quando estava sozinha, não conseguia mais ver filmes como antes... Mas mal sabia eu que, no último ano do ensino médio, descobriria um presente que todos nós podemos receber, o poder que temos, mas que quase nunca é despertado por nós. 



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