Capítulo Três

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Palavras: 781

~☆~


Eu acho que gritei, mas não tenho certeza.

Pelo menos sei que fechei os olhos, já que não vejo nada enquanto sinto meu corpo ser sacudido. 

- Sai dessa, cara! - a voz cruel dela soa novamente, mas estou aterrorizado demais. Acho que estou em um estado de choque. - Nós não temos tempo para isso! - diz nervosa.

Sinto sua mão pequena e extremamente pesada se chocando na minha bochecha. Isso me faz abrir os olhos.

- Hey! Isso dói, menina. - digo a olhando ofendido. Ela me encara com um olhar feio. – Oh, está viva. 

Ela assente e passa a mão em seu rosto, tirando algumas lágrimas que ainda escorre por sua bochecha; se afasta de mim e se encosta na parede, deixando seu corpo deslizar pela mesma. Seus cabelos crespos estão bagunçados e sua blusa vermelha e a calça jeans está completamente amarrotada. Meu estado com certeza está pior.

- Eu não entendo. É apenas um brinquedo de um parque temático, não é? - pergunta, mas acho que não é para mim - Como isso está acontecendo? É tão real. - ela põe as mãos no pescoço e a imagem dela com a areia cobrindo todo o seu corpo atormenta a minha mente.

- A Samara falou que a gente cinco minutos. - digo me sentando ao seu lado. Me olha e crispa os lábios.

- Será que vai ser igual filmes de terror? - pergunta. Faço uma careta - e se depois de cinco minutos todos vierem nos matar? - seu corpo estremece e o meu também.

- Cê tá doida. Não vai acontecer nada. - me recuso a acreditar. Ela olha para mim e vejo que ela não acredita em minhas palavras. Se eu mesmo não estou acreditando, quem dirá ela.

Ela volta seu olhar para qualquer canto escuro do pequeno quarto. Aproveito o silêncio para tentar ver alguma saída dentro do mesmo, mas se tiver, as sombras provavelmente engoliram. Observo o chão de terra cinza.

E se ela estiver certa? E se depois de cinco minutos eles vierem nos matar? Eu não quero morrer. Ainda tenho que ter uma namorada e tenho certeza de que se eu não chegar até à meia-noite, minha mãe não me deixa mais entrar.

A ideia de morrer para alguma assombração é aterrorizante. Suas mãos asquerosas me tocando, o bafo do cão sendo exalado para o meu rosto, seus olhos apavorantes me deixando paralisado e quase borrado de medo...

- Qual o seu nome? - pergunto em um sussurro, tentando dissipar a linha do meu pensamento. Ela me olha e parece estar atordoada.

- Lorena. - responde em um fio de voz. 

Ruiva Loreal, ruiva Lorena.

Espero ela dizer algo, mas nada sai.

- Não vai perguntar meu nome? - Indago, ela me olha e solta um sorrisinho, o que de fato me surpreende.

- Não, gosto de chamar você de gatinho assustado. - diz e me empurra de lado.

O clima está tenso, mas fico feliz por ela fazer graça agora. 

- Aqui é a casa dos medos… - digo de repente enquanto franzo o venho. - Eu tenho medo da Samara e do… Jason. - digo e sinto um suor frio descer por minha testa - isso faz sentindo? - pergunto me virando para ela.

Seus olhos estão arregalados e isso me preocupa.

- Eu tenho medo de areia movediça. - Sussurra.

- Você já viu antes?

- Não.

- Então por que diaxos você tem medo?!

- Você nunca viu a Samara antes e desmaiou de medo. - defende-se.

- É diferente.

- Não é não. - fico calado - Você acha que essa casa irá nos mostrar nossos medos? – pergunta. Sinto um suor frio descer por meu pescoço.

- Oh, tomara que não.

Observo a parede e vejo algo se mexer na escuridão. Paraliso.

- Você está pensando no seu medo? - pergunta em um fio de voz.

- Acho que estou. - respondo no mesmo tom.

- Por favor, para de pensar.

- Não dá mais, oh merda! - me sobressalto ao ver algo preto e gigante descer pelo teto - Olha o tamanho desse demônio! - esganiço apontando para a aranha gigantesca. - Oh meu pai, misericórdia.

- Droga, droga, droga! - Lorena diz pulando em cima de mim. Sua respiração está acelerada e quando suas mãos pesadas agarram meu braço, eu percebo o quão suadas estão.

- Também tem medo de aranhas? - meu corpo estremece para caramba quando os olhos florescentes e amarelos cravam em mim.

- Não. – sussurra.

- Qual é o seu… - Eu quero mesmo perguntar isso? Aqui já está assustador o suficiente.

- Gatinha assustado… - sua voz treme. Não consigo e nem quero tirar os olhos da aranha gigante, mas ainda assim fito os olhos amedrontados dela. - Eu tenho medo… disso. - aponta para o chão atrás de mim.

Fecho meus olhos e acho que vou chorar. Lentamente, me viro e vejo inúmeros braços de areia cinza se formando e se aproximando macabramente da gente. 

Ô merda.

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