Palavras: 781
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Eu acho que gritei, mas não tenho certeza.Pelo menos sei que fechei os olhos, já que não vejo nada enquanto sinto meu corpo ser sacudido.
- Sai dessa, cara! - a voz cruel dela soa novamente, mas estou aterrorizado demais. Acho que estou em um estado de choque. - Nós não temos tempo para isso! - diz nervosa.
Sinto sua mão pequena e extremamente pesada se chocando na minha bochecha. Isso me faz abrir os olhos.
- Hey! Isso dói, menina. - digo a olhando ofendido. Ela me encara com um olhar feio. – Oh, está viva.
Ela assente e passa a mão em seu rosto, tirando algumas lágrimas que ainda escorre por sua bochecha; se afasta de mim e se encosta na parede, deixando seu corpo deslizar pela mesma. Seus cabelos crespos estão bagunçados e sua blusa vermelha e a calça jeans está completamente amarrotada. Meu estado com certeza está pior.
- Eu não entendo. É apenas um brinquedo de um parque temático, não é? - pergunta, mas acho que não é para mim - Como isso está acontecendo? É tão real. - ela põe as mãos no pescoço e a imagem dela com a areia cobrindo todo o seu corpo atormenta a minha mente.
- A Samara falou que a gente cinco minutos. - digo me sentando ao seu lado. Me olha e crispa os lábios.
- Será que vai ser igual filmes de terror? - pergunta. Faço uma careta - e se depois de cinco minutos todos vierem nos matar? - seu corpo estremece e o meu também.
- Cê tá doida. Não vai acontecer nada. - me recuso a acreditar. Ela olha para mim e vejo que ela não acredita em minhas palavras. Se eu mesmo não estou acreditando, quem dirá ela.
Ela volta seu olhar para qualquer canto escuro do pequeno quarto. Aproveito o silêncio para tentar ver alguma saída dentro do mesmo, mas se tiver, as sombras provavelmente engoliram. Observo o chão de terra cinza.
E se ela estiver certa? E se depois de cinco minutos eles vierem nos matar? Eu não quero morrer. Ainda tenho que ter uma namorada e tenho certeza de que se eu não chegar até à meia-noite, minha mãe não me deixa mais entrar.
A ideia de morrer para alguma assombração é aterrorizante. Suas mãos asquerosas me tocando, o bafo do cão sendo exalado para o meu rosto, seus olhos apavorantes me deixando paralisado e quase borrado de medo...
- Qual o seu nome? - pergunto em um sussurro, tentando dissipar a linha do meu pensamento. Ela me olha e parece estar atordoada.
- Lorena. - responde em um fio de voz.
Ruiva Loreal, ruiva Lorena.
Espero ela dizer algo, mas nada sai.
- Não vai perguntar meu nome? - Indago, ela me olha e solta um sorrisinho, o que de fato me surpreende.
- Não, gosto de chamar você de gatinho assustado. - diz e me empurra de lado.
O clima está tenso, mas fico feliz por ela fazer graça agora.
- Aqui é a casa dos medos… - digo de repente enquanto franzo o venho. - Eu tenho medo da Samara e do… Jason. - digo e sinto um suor frio descer por minha testa - isso faz sentindo? - pergunto me virando para ela.
Seus olhos estão arregalados e isso me preocupa.
- Eu tenho medo de areia movediça. - Sussurra.
- Você já viu antes?
- Não.
- Então por que diaxos você tem medo?!
- Você nunca viu a Samara antes e desmaiou de medo. - defende-se.
- É diferente.
- Não é não. - fico calado - Você acha que essa casa irá nos mostrar nossos medos? – pergunta. Sinto um suor frio descer por meu pescoço.
- Oh, tomara que não.
Observo a parede e vejo algo se mexer na escuridão. Paraliso.
- Você está pensando no seu medo? - pergunta em um fio de voz.
- Acho que estou. - respondo no mesmo tom.
- Por favor, para de pensar.
- Não dá mais, oh merda! - me sobressalto ao ver algo preto e gigante descer pelo teto - Olha o tamanho desse demônio! - esganiço apontando para a aranha gigantesca. - Oh meu pai, misericórdia.
- Droga, droga, droga! - Lorena diz pulando em cima de mim. Sua respiração está acelerada e quando suas mãos pesadas agarram meu braço, eu percebo o quão suadas estão.
- Também tem medo de aranhas? - meu corpo estremece para caramba quando os olhos florescentes e amarelos cravam em mim.
- Não. – sussurra.
- Qual é o seu… - Eu quero mesmo perguntar isso? Aqui já está assustador o suficiente.
- Gatinha assustado… - sua voz treme. Não consigo e nem quero tirar os olhos da aranha gigante, mas ainda assim fito os olhos amedrontados dela. - Eu tenho medo… disso. - aponta para o chão atrás de mim.
Fecho meus olhos e acho que vou chorar. Lentamente, me viro e vejo inúmeros braços de areia cinza se formando e se aproximando macabramente da gente.
Ô merda.
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A Casa Dos Seus Maiores Medos
Fantasy- Vocês tem cinco minutos. Ela sussurrou para mim antes de tudo acontecer.