Capítulo Quatro

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Palavras: 713

~☆~


Como sempre, é a ruiva que me faz correr. Ela foi mais agradável, não me bateu e muito menos ameaçou a me deixar sozinho para que os monstros me peguem. Ela simplesmente segurou minha mão e me forçou a correr quando me puxou e eu quase caí.

- Só corre. – diz.

É aterrorizante você correr e escutar o som da coisa atrás de você. Principalmente se essa coisa for BRAÇOS TREMENDOS SIMPLESMENTE BROTANDO DO CHÃO! 

- Porta! - ela exclama e sinto uma onda de alívio. Meu coração até se acalma.

Corremos mais rápido, contudo, antes de atravessarmos, um jato gigante de teia passa pela a gente e cobre toda a porta. Não conseguimos desviar. Fomos pegos como insetos. 

Escuto o soluço e depois o choro. E então, de repente, estou abraçado com a ruiva Loreal e juntos observamos os braços se aproximarem e a aranha vir em nossa direção. Por três segundos, escuto o som que suas patas fazem sobre o teto e o som do meu coração retumbando forte em meu peito. Escuto nossas respirações aceleradas e sinto Lorena esconder seu rosto em meu peitoral.

Fecho os olhos. Sinto algo morno tocar minha pele e posso imaginar perfeitamente a dona aranha nos enrolando com suas pavorosas teias para depois nos transformar em líquido e nos ingerir.

Posso imaginar os braços se erguendo do chão e envolvendo nossas pernas, nossos troncos e então o nosso pescoço, onde vão apertá-los e nós dois iremos morrer sufocados para depois nos servirem no jantar para a aranha e todas as suas horripilantes filhas aracnídeas.

- Seus cincos minutos acabaram. - a voz da Samara surge de novo. 

Não abro os olhos. É provável que seja agora a nossa morte e eu prefiro não ver como ela será.

- Oh céus. - a ruiva sussurra. Acho que a mesma está com medo, então, para tentar ajudá-la, (e para eu não morrer sozinho) abraço seu corpo com mais força.

Sinto um ar fresco na minha cara e ele não parece nada com o bafo fedorento da Samara. O corpo da menina estremece.

- Oh céus. - repete novamente, mas dessa vez com um humor agradável. 

Abro somente um olho e, caramba, não vejo nenhuma assombração em minha frente. Solto o ar, mas não o puxo de novo para o meu pulmão. Abro o outro olho e observo o local; estamos em uma estrada iluminada de frente ao que antes era o novo parque temático de halloween da cidade. Olho para trás e não há rastro de que um dia ele esteve aqui.

- Nós vivemos… tudo isso mesmo? - ela pergunta ainda grudada em mim.

- Sim - respondo tonto.

Ouço ela rir e a observo na luz da lua. Só agora noto o quão linda ela é.

Seu riso me contagia, mas acho que o meu soa com uma mistura de felicidade, alívio e descrença.

- Que loucura.

- Muita.

Nos observamos e então nos afastamos envergonhados. Ela me fita e dá um sorriso; acabo sorrindo também, mas sai mais para uma careta. Acho que ainda estou aterrorizado.

- Eu tenho… que ir gatinho assustado. - diz desviando os olhos. Franzo o cenho e concordo.

Ela dá um sorriso de meia tigela e assente, gira os calcanhares e se distancia. A observo ir e controlo a minha vontade de ir com a mesma. Meu coração acelera enquanto observo sua silhueta se afastar de mim, e me vem de repente a sensação de tê-la em meus braços.

- Cinco minutos... - alguém cantarola. Arregalo os olhos.

Não olho para trás, corro que nem o papaléguas até a Lorena e caminho ao seu lado enquanto dou um sorriso amarelo, sentindo meu bile querer ser livre.

- Me chamo Steve. - solto de repente e a vejo sorrir levemente.

Olho rapidamente para trás e felizmente não encontro ninguém. Suspiro aliviado e amaldiçoo a minha imaginação.

Ficamos em silêncio e eu me pego a observando.

- Que tal sairmos em um encontro? - pergunto, sentindo meu coração acelerar e já escutando um "não" ecoar em minha cabeça.

- Quem sabe, gatinho assustado. - diz e rir. 

Balanço a cabeça negativamente.

- Ruiva Loreal. - a empurro de leve.

- Gatinho assustado. - me empurra também e eu dou um sorriso.

Nesta noite, descobri duas coisas:

Primeiro, eu acho que realmente me borrei - que constrangedor.

E segundo, nunca, nunquinha, nem que o mundo acabe, eu ponho meus pés em um parque de terror de novo.

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