Sarada instintivamente pegou no celular enquanto tomava seu café da manhã e o largou na mesa com força o suficiente para que isso chamasse a atenção do homem logo a sua frente, seu pai. Ele envergou as sobrancelhas e terminou de engolir a torrada que comia antes de iniciar uma conversa.
"Sarada, tem algo lhe incomodando?" Sasuke perguntou em um tom mais baixo que o habitual. Sarada apoiava a cabeça no punho fechado, enquanto observava da janela descompromissadamente alguns carros passando na rua. O homem precisou cutucá-la no braço para obter uma reação, e como se saindo de um transe, Sarada acordou e o encarou meio surpresa, tentando assimilar o que é que seu pai havia lhe perguntado.
"Eu tô... Quer dizer, não, não. Não tem nada me incomodando." Ela respondeu e voltou ao café, ignorando-o. Sasuke não comprou a resposta e continuou a fitá-la, observar mínimos movimentos.
"É um homem?" Ele questionou sem pestanejar, o olhar muito direto e sério. Sarada congelou por meio segundo, ter um pai ciumento e com o ofício policial era a pior mistura possível, ele literalmente saberia se ela estivesse mentindo, então ela precisava de uma estratégia diferente pra sair dessa enrascada.
"Pai, eu nunca nem namorei. Tudo pra você é homem." Ela testou, falando da forma mais contraída possível. Sasuke pareceu ficar menos tenso e se aconchegou na cadeira, tinha dado certo.
"É que uma hora vai acontecer, e eu quero poder poder matar o infeliz que mexer com você, querida."
"Pai, eu não tenho mais quatro anos, sabe? Além do mais, como que você quer ter netos se nem aprova eu namorar?"
"Bem, isso aí é um problema que você vai ter que resolver sozinha." Ele terminou o café e se levantou.
"Isso não faz o menor sentido."
"Estou de saída, ainda quer carona até o trabalho?" Sasuke abotoava o sobretudo enquanto falava. Sarada se apressou e levou a louça para a cozinha, depois ela dava um jeito nisso. Não era sempre que tinha a regalia de evitar condução pública no conforto e na companhia do pai e seu carro.
Ao chegar no prédio, Sarada deu um beijo de despedida no pai e desconfiou do olhar que ele lançou ao local.
" Você trabalha lá em cima, não?"
"Sim, quer conhecer?"
"Não hoje, tenho compromisso... Tem alguém que conheço nesse prédio, além de você, é claro..."
"Sério? Quem?"
"Isso é..." Ele começou a dizer até ser interrompido por Sarada que estalou o dedo e apontou.
"Já sei, secreto, não é?"
"Boa garota. Quem sabe outro dia. Tenha um bom dia de trabalho."
"Você também, papa!" E sorriu. Sua irritação de não ter recebido notícias de Boruto desde a noite anterior depois do mesmo ter desligado na sua cara por um momento se desfez. Sarada pegou o elevador se concentrando em anotar no celular os afazeres do dia, por a agenda do CEO em ordem, organizar emails. Em um dos andares uma pessoa entrou cheia de caixas e ela não pode ignorar. Cobrindo até mesmo o rosto, Sarada precisou se encolher no canto para que o homem pudesse se encaixar melhor no compartimento. Ela voltou ao celular depois e com o canto dos olhos tentou ver como era a pessoa, mas só conseguiu visualizar um pequeno tufo amarelo do cabelo saindo por cima da última caixa empilhada. Ela lembrou de Boruto na hora e rangeu os dentes de raiva. A pessoa acabou saindo antes dela, mantendo sempre as caixas na frente do rosto. Isso instigou um pouco a curiosidade de Sarada, mas ela não tinha tempo pra brincadeiras, o senhor Uzumaki com certeza precisava da ajuda dela.
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