Floresta Mágica

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Em Iksan no norte da Coreia, um jovem procurava por respostas que apenas Yuta, o bruxo dos bruxos poderia lhe dar.

Ele não sabia o que o aguardava nas sombras da floresta mágica, mas o desespero nos leva a fazer coisas questionáveis, afinal.

Muitos boatos circulavam sobre aquela floresta, muitos nomes eram dados a ela e muito pouco eram os que retornavam para contar histórias aterrorizantes sobre suas aventuras.

Taeyong lembrara que a três anos atrás, quando ainda levava uma vida normal, um homem todo ensanguentado saiu de dentro da florestas e caiu as margens do caminho de cascalho.

"A fera nunca os deixará passar" foram suas últimas palavras.

Depois disso, outros acontecimentos vieram a ocorrer e cada vez com mais frequência.

Uma série de desaparecimentos, uma onda de assassinatos, rumores de que uma maldição recaíra sobre a pequena cidade.

A cidade ja não era mais a mesma, os vizinhos não sentavam mais nas varandas de suas casas para conversar. As lembranças dos assados na casa da Senhora Suh ficaram distantes.

A morte e a desconfiança sentaram-se a mesa.

A suspeita e o temor espreitavam as casas, trazendo consigo pesadelos e arrepios.

Muitos foram embora, fugindo de algo de que nem mesmo sabiam o que era.

Agora a cidadezinha pacata estava deserta. Suas ruas pareciam tiradas dos próprios filmes de terror.

Uma nuvem negra pairava sobre a cidade, como se fosse um aviso de que a qualquer hora, uma tempestade tão grande os varreria dali como o dilúvio da Bíblia.

Foi então que na noite do dia 31 de outubro a vida de Taeyong e dos poucos moradores que ficaram, mudou drasticamente.

O relógio da sala marcava meia noite e as doze badalados do sino da igreja soava distante nos ouvidos de taeyong.

A comida estava posta na mesa, intocada. Resquício de sangue pintava o chão da sala em espirais horrorosas.

Nos fundos da casa o vento assobiava fazendo a porta bater várias vezes.

Enquanto isso, alguns gritos vieram de fora da casa.

Taeyong estava escondido com seu marido em um fundo falso em baixo da mesa de jantar.

Ele viu a própria personificação do medo nos olhos de Doyoung.

Segurou forte as mãos do seu homem e fez um sinal de silêncio, pois a qualquer momento aquilo poderia voltar e não era isso que ele queria.

Então mais gritos foram ouvidos e arranhões na parede da sua casa.

Eles ouviram passos e os arranhões foram almentando, cada vez mais pesados, cada vez mais perto.

Aquilo entrou na sua casa, e trouxe uma carcaça humana consigo. Ele devorou fazendo grunidos feios e rasgava a carne fazendo o sangue pingar no chão e transpassar a madeira fina.

O líquido vermelho pingou no rosto de Doyoung e ele quis gritar.

Taeyong tapou sua boca e o abraçou. Ele o protegeria de tudo que tentasse os fazer mal.

Então os grunidos pararam e os passos foram se distanciando.

Tae tirou as mãos da boca de seu marido e ambos respiraram fundo. Doyoung queria passar a noite la em baixo, mas o espaço era muito pequeno e não podiam ficar ali por muito tempo.

Esperaram mais algumas horas e quando acharam o momento mais seguro, saíram devagar.

Primeiro Taeyong saiu e inspecionou a casa. Não havia ninguém nela, apenas pedaços de carne que ele não sabia se eram humanos ou não. O sangue manchava cada parte daquela casa e ele vomitou ali mesmo no chão da cozinha.

Quando Doyoung saiu para fora pode ver o estrago que aquelas coisas tinham feito.

Era uma vista deplorável. Nem os filmes mais sangrentos e nem as obras mais famosas de terror poderiam retrarar a cena que estavam diante dos seus olhos.

Seu marido o abraçou e disse para fazerem as malas. Ao amanhecer eles partiriam e nunca mais voltariam aquele lugar.

Agora Taeyong estava sozinho, parado no final da estrada de cascalho encarando a floresta. Ele olhou para sua aliança e a colocou na sua correntinha que usava antes de sair de casa.

Taeyong respirou fundo, fechou os olhos e imaginou Doyoung sorrindo. O sorriso que iluminava suas manhãs e alegrava a sua vida. Faria aquilo por ele.

"Até que a morte os separe" foram as palavras do padre.

- Nem a morte vai nos separar, estou ligado a você pela eternidade. - Taehyong disse baixinho apenas para si mesmo antes de apertar a aliança presa na corrente.

Reuniu toda a coragem que possuía e entrou na Floresta Mágica, disposto a fazer qualquer coisa pela vida do seu amado.





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