13 - Corno

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1985

Los Angeles

Izzy Stradlin

Caminho com um buquê de flores até a casa de Katy. Havíamos combinado de sair esta tarde.

Assim que cheguei na porta da sua casa, bati na porta, mas ninguém atendeu.

- Katy? - eu não fazia muita questão de chamar ela de amor ou algo do tipo.

Nada.

Giro a maçaneta e abro a porta, sentindo o cheiro de cocaína. Fecho a porta e deixei o buquê no balcão. Fui andando e cada vez ouvindo barulhos estranhos.

Parei em frente o quarto de Katy. Os barulhos se intensificaram. Não eram barulhos qualquer, eram gemidos. Abro a porta sem pensar duas vezes.

Assim que vi a cena, não tive reação. Apenas senti um nojo. Nojo de todo ser humano na face da terra.

Até de você.

- Bonito hein - digo batendo palmas.

Katy para o oral que estava fazendo e me olha numa mistura de surpresa e pavor.

Corno. Eu sou corno.

- Izzy? Você por aqui, cara? - só então percebi Nikki ali.

Sim, o porra do Nikki Sixx.

- Izzy, eu-

- Nem se atreva a tentar se justificar, Katy. Eu devia ter desconfiado das suas saídas no meio da madrugada. - digo. - E com o Nikki? O NIKKI?

- Ei, dude, também não é assim... - Nikki diz.

- Ah, e o que é então? - pergunto.

- Ela disse que tava solteira. - ele diz. - No dia em que vocês começaram a namorar, eu não tava lá. Ela disse que tava solteira e que queria transar. Eu tô aqui pra isso.

- Acabou... - digo jogando a aliança no chão.

(Desculpem a autora aqui é péssima quanto a flagras)

- Izzy, espera - Katy grita, mas eu já estava bem longe.

Pego o buquê de flores e saí de sua casa, eu continuava sem reação, o vento batia em meu rosto e eu não estava nem aí.

Vi uma senhora de uns 70 anos na rua e fui até ela.

- Com licença, minha senhora - falo me aproximando dela. - Isto é pra ti.

Lhe entrego o buquê.

- Porque, meu filho? - ela pergunta.

- Porque a minha vida é uma merda. - digo e ouço ela sussurrar um obrigado.

Saío correndo pela rua.

De alguma forma, eu estava sorrindo. Eu me sentia livre.

Os poetas de 2020 já diziam: tem coisa que a gente não perde, se livra.

Chego no apartamento e já fui logo pegando o telefone.

- Miley - digo assim que ela atende.

- Oi, albino. - ela diz.

- Katy me traiu.

Silêncio. Passou dois minutos e silêncio.

- Miley? - pergunto.

Ouvi sua gargalhada exagerada.

- EU TE FALEI QUE AQUELA VAGABUNDA NÃO PRESTAVA! - exclama ela ainda gargalhando.

- Nossa, Miley, era tudo que eu prestava depois de ser traído. - digo.

- Relaxa, man, chifre não existe, isso é coisa que colocaram na sua cabeça. - ela diz.

- Obrigado, de verdade, Miley.

- Não se preocupe, cara, você é forte, como um touro.

- Tá piorando...

First Mistakes ~ Izzy Stradlin Onde histórias criam vida. Descubra agora