Página número um.

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Querido Draco Malfoy,

Primeiramente quero que saiba que provavelmente esta carta tenha umas boas páginas de leitura, sei como é impaciente com coisas longas e demoradas, entretanto tenho muitas coisas a dizer.

Não sei como iniciar essa carta, muito menos se a mesma chegará a você, talvez ela apenas fique esquecida e empoeirada, até um outro aluno de Hogwarts a encontre daqui alguns vários anos, visto que a escrevo em 1997. Portanto, caso seja outra pessoa a ler esse punhado de sentimentos, vou contextualizá-la.
Draco Malfoy foi uma das pessoas mais importantes para mim, que não mereceu o que passou, uma pessoa de coração bom, que foi criada em uma família fria e de sua maioria com corações ruins, entretanto, essa mesma maioria não tinha muita culpa de serem dessa forma, foram criados daquele jeito, criando seus filhos, netos e bisnetos da mesma forma, fiéis a linhagem puro sangue, desprezando trouxas ou metade-trouxas como se fossem a maior aberração do mundo. Mas você era diferente, no fundo era, e com anos se passando, tentava se tornar mesmo que minimamente, uma pessoa melhor.
Sabe, eu jamais imaginaria que hoje estaria te escrevendo uma longa carta, pois como ambos sabemos, nos detestávamos (mesmo sendo da mesma casa) até o segundo ano em Hogwarts, você era mesquinho, e eu era a única que te enfrentava diretamente, mas acabou que nos acostumamos cada vez mais com a presença um do outro, até não nos separarmos mais, como foi até o momento em que escrevo esta carta, e francamente, somos uma ótima dupla, convenhamos.
Não posso deixar de citar o momento em específico, que talvez até hoje você ache que apenas fazia parte de nossa época de "arqui-inimigos" entretanto, era algo bem diferente. O momento em que eu percebi que comecei a sentir sua falta, e me angústiar quando você faltava ás aulas, eu me preocupava com o seu bem estar e, quando percebi o fato, te procurei pela escola toda, e te dei um soco no nariz quando finalmente o encontrei, acredito que ainda se lembra disso, certo? (risos). Lembro que tomei advertência e tive que o acompanhar até a Senhora Pomfrey, enquanto você gritava jurando que seu cérebro estava saindo pelo nariz.


Lembro que a partir deste dia em específico, usávamos isso como argumento/castigo, como estudarmos para algumas atividades juntos, e usar como argumento "você quase quebrou o meu nariz, me deve essa!" ou "eu posso quebrar de verdade caso não estude comigo dessa vez". Tínhamos uma maneira extremamente bizarra de tentar nos aproximar não é? (risos). Mas no fim, deu tudo certo, e nos tornamos melhores amigos, ou talvez, até mais que isso.

Mesmo eu realmente não concordando com coisas que você fazia por influência de suas convivências familiares, eu não podia opinar sobre o que você fazia ou deixava de fazer, mesmo termos discutido várias e várias vezes na sala comunal sobre, você sempre acabava a discussão com um "ultimato", virando ás costas e indo embora. Se você fosse um trouxa, talvez devesse ser um advogado.

Você era a única pessoa que sabia do fato de que eu era órfã, meus pais me deixaram em um orfanato trouxa, e quando fui crescendo e revelando certos dons "diferenciados", o assunto chegou até o Professor Dumbledore, que me apresentou o mundo da magia, e se tem alguém que sou grata, é a ele. Por conta de ser órfã, nunca soube sequer o meu sobrenome real, vindo de meus pais, portanto sempre adotei o sobrenome "Bellini" que vi algumas vezes em algumas páginas aleatórias de jornais que tinham no orfanato, ou seja, como você já sabe quem está escrevendo a carta...

Prazer em vê-lo novamente, sou Gaia Bellini.
(Obviamente) desde o "Querido Draco" ou talvez no próprio envelope da carta, você já sabia que seria eu, você me conhece como a palma da mão, reconhecendo até mesmo minha caligrafia, e meus pingos nos í's, assim como, eu aprendi a reconhecer os seus.

-𝓓𝓮𝓪𝓻, 𝓓𝓻𝓪𝓬𝓸 𝓜𝓪𝓵𝓯𝓸𝔂-Onde histórias criam vida. Descubra agora