Prólogo

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— Alteza, como estão os preparativos para a Seleção? Dois meses passam muito rápido!

Eu ouvia essa pergunta diversas vezes entre flashs rápidos e microfones erguidos em minha direção todas as vezes que pisava em um tapete vermelho. Realmente, dois meses se passariam em um piscar de olhos, mas eu não estava assim tão preocupado, até porque, eles não sabiam, mas não haveria Seleção.

— Estão sendo bem preparados, isso eu posso garantir. — Respondi vagamente ao repórter com um sorriso simpático.

Ele usava um terno preto e sua gravata azul turquesa estava bem amarrada. No microfone, o símbolo de alguma emissora francesa estava estampado. Eu deveria reconhecê-la e provavelmente dar uma resposta melhor, mas com tantas luzes na minha cara ficava um pouco complicado.

— Vamos embora, Chato Real. Eles já tem fotos o bastante para estampar em todas as revistas e jornais da manhã. — Elisa disse em um sussurro entrelaçando seu braço ao meu e esboçando um sorriso largo aos repórteres.

Anota aí, melhores amigas são as melhores pessoas para te salvarem de tapetes vermelhos e da imprensa no seu pé e eu posso provar.

Saímos de fininho pela lateral do evento enquanto os flashes focavam nos meus irmãos e na probabilidade imaginativa dos meus futuros chifres com os dois solteirões reais e injustiçados no castelo. Enfim, a realidade.

Eu, Edgar e Olivier não nos diferenciávamos em nada do resto dos irmãos do mundo. Implicância em cima de implicância, mas ninguém podia mexer com um de nós.

Lisa me arrastou pra dentro da limusine que nos levaria de volta pra casa e solto um suspiro forte.

— Meu Deus, Carter! Não sei como você tem tanta paciência pra todas essas perguntas! Eu já teria mandado todos pra masmorra. — Reclamou impaciente enquanto pegava o celular, provavelmente pra avisar ao castelo que estávamos voltando.

— É só ter calma na alma. Simples. — Respondi dando com os ombros observando pela janela fosca do carro os repórteres desaparecerem quando viramos à esquina.

— Essa fala é minha, chérie. — Disse desviando o olhar e bloqueando o aparelho.
— Vai fazer o que agora? Duvido que seja rezar e agradecer aos céus por me ter, mas tudo bem.

— Eu faço isso todos os dias, Elisa. Ajoelhado inclusive. — Respondo ironicamente rindo.
— Combinei com a Chloe que iríamos jantar. Três anos hoje. — Chequei as horas no relógio só pra confirmar que eu já estava atrasado. E, bom, eu estava.

Eu odeio me atrasar, e um dos meus maiores problemas com a Chloe era isso, mas nem todos os horários dependem sempre de mim e ela precisava entender.

— Nossa...tudo isso? Lembro de mim e do Damien comemorando quando vocês deram o primeiro beijo. — Ela riu e empurrou meu ombro amigavelmente.
— Quando vai pedir ela em casamento? Eu preciso ver meu vestido de madrinha, sabe? —

Puxei o ar e enfiei a mão no bolso do paletó, tirando de lá uma caixinha vermelha aveludada. Abri e mostrei o diamante grande e brilhante firmado por um aro dourado. Cintilante e que chamava a atenção. A cara da Chloe.

Eu e a Chloe crescemos juntos, assim como eu, a Lisa e o Damien. Depois que ele herdou o ducado de Chambord, se mudou pra lá e nos distanciamos, mas continuamos bons amigos. A Elisa herdou os dotes de Dama Real da senhorita Celine, e tem a sorte mundial de ser minha alma gêmea e estar ao meu lado pra sempre. Como minha melhor amiga, nem comecem (!!!!). A Chloe simplesmente se adequou à vida de Princesa, mesmo que não oficialmente, ela era perfeita. Ela chegou à Paris junto com a família Chevallier (a da Lisa) há muitos anos e acabamos descobrindo algo além da amizade que só se fortalecia cada vez mais.

— Carter, que anel lindo! Tô orgulhosa, nem precisou da minha ajuda...— Ela brincou enquanto tocava a aliança admirando os detalhes.

— É, acho que já tava passando da hora. E ainda tem alguns dias pra tornar público e acabar de vez com os rumores da Seleção. — Falei quando ela me devolveu a caixinha e a coloquei de volta no bolso.

O motorista estacionou na entrada principal do castelo e me despedi brevemente da Lisa que mandou um "Boa sorte, Noivo Real!" modificando nosso apelido interno e contraditoriamente carinhoso de sempre.

Subi as escadas até o segundo andar apressado. Cheguei até a esbarrar em algumas criadas que andavam de um lado pro outro e parei em frente à porta do meu quarto. Me lembro de ter mandado uma mensagem falando para que ela me esperasse ali e depois sairíamos.

Fechei os olhos, respirei fundo e toquei a maçaneta. Eu tinha tudo planejado dentro da cabeça, desde o momento que deixaríamos o castelo até a hora do jantar. Repeti mentalmente o que eu já havia ensaiado e abri a porta.

E foi bem ali, com dois corpos suados na minha própria cama, que tudo se esvaiu da minha mente mais rápido do que os flashs de luz.

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