Alex & Daniel [Em andamento]

18. Alex

18 dias se passaram voando, e quando menos percebo já é meu aniversário, mas calma, algumas coisas aconteceram antes de eu completar 18 anos.

Na segunda-feira depois do almoço em família, Dave apareceu com o cabelo e a barba pintadas de rosa-bebê na escola. Achei ridículo, mais ridículo ainda o fato de um cara afeminado ter mais barba que eu, mas tirando isso, ficou até que legal. No entanto, isso acarretou em vários xingamentos para o mesmo, proferidos principalmente por Jeremy.

Nunca me senti no dever ou na vontade de proteger Dave de alguma forma toda vez que ele sofria homofobia camuflada de bullying, mas desde aquela noite no monte, esse sentimento se aflorou em mim, apesar dele não precisar na verdade, Dave sempre consegue se defender e não tem medo de retrucar, o que pode ser uma benção ou maldição.

Nesse mesmo dia, Kayla apareceu com um corte masculino e estava realmente linda. Também tive um trabalho de física no qual eu fiz com Dan, meu amigo explicava tão bem que não precisei mais que duas explicações para entender o que o exercício pedia, sem contar que eu poderia ficar perto dele durante o trabalho, Dan tem um cheiro tão bom que não consigo explicar, provavelmente porque não sei distinguir fragrâncias.

Na terça eu saí novamente com Kayla para a Ruby's Burger, a garçonete que nos serviu foi a mesma da última vez. Obviamente falamos sobre minha investida sutil e falha de conquistar Daniel, entretanto a conversa deu lugar a mais nova decepção amorosa de minha amiga.

- Sabe quando eu disse na semana passada que eu não estava com ninguém e tal? Era mentira. Na verdade eu estava saindo com uma garota. — disse Kayla com um olhar longe. — Tava indo tudo bem, sabe? Eu estava me apaixonando por ela... — ela sorriu triste. — Mas ontem à noite a vagabunda me ligou, pensei que seria algum convite para nós sairmos, só que era algo totalmente diferente... Ela me disse que o que teve comigo era só para experimentar e que na verdade é hétero e até voltou com o ex-namorado.  — Nesse momento Kay começou a chorar, como já tínhamos comido, eu a levei para fora assim que paguei a conta e depois fomos parque onde nos sentamos e ela chorou no meu ombro.

A garota de cabelo curtinho ficou se lamentanto por uns 15 minutos, mas logo limpou as lágrimas e quis voltar ao assunto inicial e que, mesmo que o caso dela não tivesse dado certo, o nosso (meu e de Dan) tinha tudo para progredir. Não acreditei completamente nessas palavras.

Na quinta e na sexta-feira, passei as tardes na casa de Daniel com a desculpa de pedir ajuda nos assuntos pendentes. Como sempre, prestei mais atenção às mãos e ao antebraço de Dan do que na explicação sobre plantas e reprodução. Mas como não sou tão bobo, terminei os exercícios o mais rápido que podia só para ficar à toa com meu melhor amigo.

No sábado saímos com Andrew, Marie, Paul e Kayla para a festa na casa de uma lider de torcida. Não fiquei com ninguém, não iria cometer o mesmo erro duas vezes, apesar de eu ficar meio indeciso toda vez que alguma garota se aproximava com aquele olhar malicioso.

O mais "legal" foi ver que não era só comigo que aquilo estava acontecendo, mas com Daniel também, mas no seu caso, ele parecia não entender a real intenção da garota, apenas conversava simpático e tímido ao mesmo tempo, como se aquela menina não quisesse beijar os lábios que eu deveria estar beijando. Enfim, festa vai e festa vem, eu como sempre bebi até ficar um tanto quanto alterado e Paul já estava completamente bêbado.

- Vamos embora, Alex. — Daniel ordenou me puxando pelo braço.

- Para seu quarto? — Lembro de ter dito isso aos risos e me agarrando ao pescoço de meu melhor amigo. Toda vez que lembro dessa cena dá vontade de enfiar minha cara no chão.

No final das contas, Kay foi embora mais cedo devido a um compromisso com a mãe, Andrew e Marie ficaram na festa tomando conta de Paul e eu fui embora com Dan no carro de Josh. Eu fiquei cantarolando umas músicas do Nirvana que aprendi durante a semana e o garoto ao meu lado acompanhava rindo de mim, mas eu tão pouco me importava, pois ele estava sorrindo, e tudo bem se aquelas risadas era por causa de um Alex idiota e bêbado.