♡ Capítulo Um • O verdadeiro sentido da reforma protestante ♡

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— Cansada! Essa é a palavra que me define, Mary. 

— Todo ano é a mesma coisa.  — Revirando os olhos a jovem respondeu. — agora, é o momento em que você começará a reclamar sobre a falta de verba financeira, as condições precárias, desinteresse dos pais, falta de ensino pras crianças e todo o discurso conhecido. 

— Eu não faço isso. — Reclamou, Catarina, em defesa própria. 

— Faz sim, Cat. Cada evento é a mesma coisa, primeiro você reclama do cansaço, depois das condições diversas, que sempre te levam ao mesmo lugar, o choro. E para finalizar, você termina a noite agradecendo, feliz por tudo ter dado certo e dizendo que é seu último ano. Que todos já estão cansados de saber que nunca é. — Mary, concluiu sorrindo.

A jovem entendia as lutas da amiga, não era fácil estar naquela posição, mesmo que fosse gratificante, as provas eram muitas e necessitavam de muita graça para continuar. E era exatamente isso que o Senhor proporcionava, graça sobre graça, e diante disso, às moças ano após ano, continuavam a insistir, permaneciam lutando. 

Amigas desde a infância, onde uma estivesse envolvida a outra também estava. Mariane, apelidada de Mary, uma jovem de espírito alegre, que constantemente levava as pessoas ao seu redor a pensar na depravação dos próprios corações, não por falar diretamente, mas a jovem não tinha medo de contar suas lutas, tornando impossível que os outros ao redor não refletisse nas próprias lutas internas.

A outra jovem, Catarina, era a alegria por onde passava, mas também sabia ser tempestade. Sempre pronta a servir, não medindo esforços para ajudar o próximo; Entretanto, não se calava diante de algo que não a agradasse. Cat, como sempre, foi chamada desde a tenra idade, nunca conseguiu esconder sua personalidade, e isso tornava comum seus ataques de fúria e alegria, tristeza e felicidade, animação e desânimo. Como ela sempre dizia, o processo para ser conformada á imagem de Cristo, vinha sendo doloroso, todavia, os resultados do seu encontro com o Senhor dos senhores, era nítido a todos. 

As duas não compartilhavam apenas o amor a Deus, compartilhavam também o amor pela música, pela pedagogia e pelas crianças. Há cinco anos, as jovens assumiram o departamento infantil da igreja local, e agora, ambas com 23 anos, permaneciam lutando, sempre que uma estava cansada, pensando em desistir, a outra, com a graça de Deus, buscava trazer auxílio e esperança, lembrando que elas tinham um redentor e descanso seguro. 

Diante de toda pressão, Catarina, sentou-se no chão, não sendo capaz de ter controle sobre a desesperança e muito mesmo pelas lágrimas que escorriam por seu rosto. A moça amava as crianças e o ministério infantil. Mas era sempre a mesma luta. E isso a estava desgastando, por mais vezes do que ela podia contar. O pensamento que lhe aparecia era que estava lutando para perder, nadando e nadando, para ao final, morrer na praia.

— Oh, Mary. É tão difícil, gostaria que tivéssemos recursos suficientes para oferecer o melhor a elas. Que tivéssemos pessoas a nos ajudar, mais jovens empenhados em ser úteis ao Reino. — Catarina, deu uma pausa em sua fala, a jovem em meio ao turbilhão tentava deixar mais claro seus pensamentos a amiga. — Você sabe, muitas dessas crianças, nunca nem escutaram falar dessa data especial, os pais infelizmente vivem uma vida tão corrida que nem eles mesmo sabem como explicar sobre esse momento. Meu sonho, seria poder oferecer algo que elas não só aprendessem, mas também gostaria de vê-las alegres por esse dia, entendendo o que é realmente o dia 31 de Outubro.

— O verdadeiro sentido da reforma protestante. — concluiu, Mary, em resposta a amiga. — Cat, você sabe que eu não tenho idéias, nem recursos para ajudar, mas nós conhecemos aquele que tudo pôde. Vamos entregar esse dia, nas mãos dAquele que é Soberano sobre todas as coisas. Amiga, eu entendo sua luta, ela é a mesma que a minha, todavia, não é por nossas forças e méritos. Todos os nossos planos foram frustrados, tudo que planejamos foi por água abaixo, temos poucas horas até esse salão está cheio de crianças, e muito provavelmente alguns adultos. Mas Catarina, Deus pode prover todas as coisas para aqueles que confiam nEle. Não porque será feito de nossa maneira, mas conforme à vontade de Deus. Agora, querida amiga, o que você vai escolher, confiar em Deus, ou nas nossas forças? 

Um barulho alto rompeu no local, aquele era o choro de desespero de Catarina, a jovem sabia a teoria do que deveria fazer, mas entregar o controle nem sempre era fácil. Mary então, quebrou a distância que havia entre as jovens, e sentando ao lado da amiga, a abraçou e juntas, com Catarina entoando, as jovens oraram a Deus. 
 
— Senhor, nós te amamos e sabemos que até nossas aflições, estão servindo para um propósito maior. Peço a ti Deus, que nos perdoe por desanimar, até mesmo reclamar e porque não dizer, murmurar? Nos perdoe Pai. Nesta manhã, nós não temos recursos, ou idéias, aquilo que havíamos planejado foi frustrado, mas o Senhor, sabe de todas as coisas, que este dia seja para Tua Glória, pois assim, há esperança e bondade. Graças damos por tudo, em nome do teu amado filho Jesus, amém!

Minutos passaram desde aquele momento, uma paz que excede o entendimento humano pairou sobre as jovens, que já não mais choravam, mas tinham se voltado para a Cruz, para Cristo, tendo bom ânimo. 

— Acredito que seu, Martinho Lutero, acabou de chegar, Catarina. — brincou, Mary, olhando para Lucas, noivo da amiga.

— Olá meninas, me falaram que estavam precisando de ajuda. Minha mãe, pediu para trazer este baú velho, talvez tenha algo que possa servir para hoje a noite. 

Ambas as jovens, correram até o local onde Lucas havia acabado de colocar o baú marrom, velho pelo tempo de vida, mas que poderia conter algo, para as auxiliar. 

Catarina, foi a primeira a tirar uma peça de dentro, um vestido de época, volumoso, com tudo que poderia ter de direito, incluindo avental e manto. Enquanto a jovem observava aquele vestido, agarrada a ideia de que ali estava a resposta de Deus para aquele momento, Mary, que continuava vasculhando o baú, continuou a tirar roupas de lá de dentro. Eram fantasias, todas de épocas, femininas e masculinas, para diferentes faixa etária. 

As meninas, seguiam inspecionando as roupas, agora todas fora do caixote. Quando Lucas as chamou, aparentemente ainda tinha outros objetos dentro do baú.

— Perfeito! — Catarina exclamou, e olhando para cima, como que se pudesse estar vendo a Deus, a jovem declarou — Senhor, obrigada por ser Socorro na hora da angústia. Tu fez muito mais do que eu poderia imaginar. 

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