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CAPÍTULO 2

No fim do nono, e último período do dia, sigo para o gabinete de psicologia para ter mais uma consulta com o psicólogo da escola – Doutor Mark Cooper, um homem licenciado em psicologia e psiquiatria, com 50 anos de idades, casado e com dois filhos já na universidade.

"Boa tarde, Miss Helen." Saúdo a sua assistente. "O Doutor Mark está disponível?"

"Olá Blair, sim está." Olha para mim por cima dos seus óculos. "Podes entrar."

Agradeço pela sua disponibilidade e sigo em direção à sala onde se encontra o psicólogo. Quando vou para abrir a porta do seu gabinete, esta é aberta para trás com força e um corpo embate no meu, fazendo-me cambalear um pouco para trás com o empurrão.

"Minchia!" Praguejo. "Desculpa, eu não sabia que tinha alguém."

Quando olho para cima, encarando a pessoa que embati, vejo-o a olhar já para mim com um olhar confuso. Eu fico de boca aberta a admirá-lo, o seu rosto definido, mas o que me contempla mais são os seus olhos vermelhos e inchados. Percebo que ele esteve a chorar por o seu rosto estar molhado.

Alec So-Young. Ele é um dos rapazes "populares", mas não no bom sentido. Há oito meses atrás, no final do verão, a sua namorada suicidou-se. Antes de perdê-la, Alec era um artista. Os seus quadros estavam espalhados pelos corredores das escolas, assim como as suas esculturas, e ele ganhara, no ano anterior, um dos melhores prémios de arte. Agora, Alec So-Young é reconhecido como o rapaz que namorou com uma rapariga suicida, deixou de pintar e esculpir e às vezes é apanhado a fumar os seus charutos atrás do pavilhão.

De vez em quando ele mete-se numa briga após alguém fazer um comentário racista acerca dele ou comentários mórbidos acerca da ex-namorada, como por exemplo, "A tua namorada matou-se por causa de ti." ou "Foi suicídio ou homicídio? Vocês japoneses são meios malucos.".

"Posso passar ou vais continuar a olhar assim para mim?" Pergunta com um tom seco.


"Oh scusi." Peço perdão em italiano até perceber que ele não entendeu o que quis dizer. "Quer dizer, desculpa."

Viro-me de lado para ele poder passar e olho uma última vez para ele antes de entrar no consultório.

"Desculpa, a sua rececionista disse que você estava disponível—eu não quer—"

"Não faz mal, Blair." Dr. Mark sorri amavelmente para mim e indica-me para sentar na cadeira à frente da sua secretária. "Então, como estás?"

"Estou bem." Curiosa, eu pergunto: "O que aconteceu com aquele rapaz?"

Dr. Mark encosta-se na sua cadeira e cruza os seus dedos. "Sabes que eu não te posso dizer, é confidencial."

"Mas ele está bem?"

"Irá ficar." Olha diretamente para mim, fazendo-me desviar o olhar embaraçada. "Assim como tu. Mas para isso, eu tenho que vos ajudar. E para vos ajudar, eu preciso de saber qual é o vosso problema."

Fico em silêncio.

Em dois anos, Dr. Mark tenta sempre arranjar uma maneira de fazer-me falar nem que seja um pouco. Ele sabe que os meus pesadelos são derivados do problema que eu tenho e sabe que tenho um pequeno trauma, não deixando, desde tal dia, pessoas aproximarem-se de mim.

Já não falo com os amigos que tinha antes. Eles tentaram ajudar-me até ficarem cansados de eu os expulsar da minha vida, até que, finalmente, eles desistiram.

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⏰ Última atualização: Oct 25, 2020 ⏰

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