O problemático Faolan - Merle

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   Eu e Ywa estivemos livres, por algum tempo.

   Já estávamos vivendo nossas "aventuras" há dois anos, nesse tempo tive uma filha. Com isso aprendi que Bruxos são a raça que mais atrai azar que existe, não é atoa que os Feéricos abriram mão da escravidão Bruxa. Me meti em diversas brigas, deixei o meu nome mais famoso, descobri que as Fadas, ou melhor, um grupo nômade delas, tinham uma suposta dívida de vida comigo, por conta de uma garota chamada Aurélia. Aparentemente salvei a vida dela em Epione.

   Como não queria uma criança atrapalhando no meu trabalho, e a Loba também acreditava que, um guarda Bruxo, jamais aceitaria uma filha mestiça, não duvidava também, minha relação com Alastair sempre foi estranha, feita de idas e vindas de minha parte, nunca passou de diversão, tínhamos diferenças de mais para sermos pais ou qualquer coisa do tipo. Achamos melhor deixar a menina com as Fadas, elas cuidariam dela muito melhor que eu, Ywa e Alastair.

   Uma assassina e um guarda nunca daria certo, o que era verdade, já que deu bem errado, nossa relação de alívio acabou me fazendo gerar uma criança. Infelizmente nós dois não seríamos a exceção. Quebrar tabus nunca foi à cara de alguém como ele. O que importava era seguir as regras e chegar ao topo, não baboseiras de descriminação.

   Minha companheira ainda não havia ido à melhor cidade do Norte. Ariella... Era pequena e rica, segura e bem bonita. Moraria ali, mas se ficasse muito tempo em um lugar, acabava me tornando um alvo fácil e isso era tudo o que não pretendia ser.

   No caminho íamos contando nossas histórias, invejava a infância de Ywa, não por ter tido pais presentes, amigos e... Ter possuído uma infância descente, para sua cultura, mas por ela ter andado sem roupa a durante todos aqueles anos e sem ninguém a julgando por isso. Era algo absurdamente invejável.

   Estávamos em uma estrada de terra, a caminho da pequena cidade. O sol brilhava, não queimava e nem estava quente, o Norte era um lugar de clima temperado.

   – Um dia um homem ofereceu uma galinha pelos meus serviços.

   – Uma galinha? – A Loba aproximou o cavalo do meu. – E você aceitou?

   – Claro que não. – Dei um sorriso debochado. – Roubei a galinha. Ele disse que aquela era a preferida dele.

   – Pelos Deuses, Ker...

   – Depois que ele disse aquilo aquela galinha era a coisa que mais queria em toda Avyanna! Era especial.

   – Você só pode estar de brincadeira com a minha cara. Keres, a assassina mais perigosa e temida do Norte, é uma ladra de galinhas! – Disse ela rindo.

   – Seria estranho se não fosse, né? No fim roubei a galinha e fiz uma sopa com ela. O que mais faria com aquilo?

   – Coitada da galinha!

   – Sério? Estou escutando isso de alguém que, come outras pessoas em noite de lua cheia. Está com dó de uma galinha? Tenho que dormir em árvores... Melhor, nem dormir dá, já que não posso te perder de vista...

   – Posso ter dó da galinha em paz?

   – Mas é claro que não!

   – Certo, admito que errei em todas as vezes que tentei te devorar, mas você sabe que não tenho controle sobre minha maldição... Me desculpa, por tentar te comer.

   – Está desculpada. Sei que sou uma delícia.

   Chegamos a Ariella rindo iguais duas idiotas, mas toda a nossa felicidade foi sugada no momento em que passamos pela entrada dos grandes muros da cidade. Estava tudo um caos, coberta de corpos podres, completamente drenados. Totalmente devastada.

A assassina do NorteOnde histórias criam vida. Descubra agora